Peça apresenta histórias de benzedeiros de Guarapuava

“Reza” é um trabalho do Grupo de Teatro da Unicentro, com direção de Luan Sales e elenco formado por Jurandir Junior, Rebeca Mendes e Bruna Cybulski. Por meio da representação no palco, o grupo conta histórias de benzedeiros

O público do 36ª Encontro da Arte Folclórica: Semeando Cultura, Cultivando Tradição teve a oportunidade de conhecer uma peça teatral em processo, na noite desta segunda-feira (7), no auditório Francisco Contini do campus Santa Cruz da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), durante a abertura do evento.

“Reza” é um trabalho do Grupo de Teatro da Unicentro, com direção de Luan Sales e elenco formado por Jurandir Junior, Rebeca Mendes e Bruna Cybulski.

Por meio da representação no palco, o grupo conta histórias de benzedeiros de Guarapuava. “É um tema delicado, mas que é trazido com muito respeito, com muito carinho, respeito a cada religião”, diz Sales, em entrevista ao CORREIO.

Segundo ele, cada religião dos atores foi aproveitada na peça, facilitando o lugar de fala e dando legitimidade. “Porque nada melhor do que você falar daquilo que vivencia”, acrescentando que se buscou na vivência do ator aquilo que o personagem vai utilizar. “É claro que não somos nós que somos o personagem”.

O diretor conta ainda que “Reza” estuda a biografia das “benzedeiras” de Guarapuava, a partir de depoimentos. “O texto deles é construído por depoimentos”, envolvendo cultura popular, tradição da oralidade. Assim, a construção das personagens foi feita a partir de histórias e fotos pinçadas nos depoimentos e pelas situações apresentadas pelo diretor.

Cada ator pesquisou a sua personagem. “A ideia que esse espetáculo possa ser tanto para o palco italiano quanto para uma arena, escola… para fazer também em lugares abertos”, diz Sales.

Foto: Cristiano Martinez

MONTAGEM
Com cinco meses de trabalho, ensaiando de duas a quatro horas por semana na Unicentro, o grupo de teatro ainda está em processo de montagem de “Reza”. Geralmente, um espetáculo demora cerca de um ano para ficar pronto antes de estrear nos palcos.

Mas surgiram duas oportunidades de apresentar uma prévia da montagem ao público. Uma delas foi durante a mostra Arte² e outra agora, na Semana da Arte Folclórica. “Pra gente mostrar pelo menos um fragmento do que a gente está estudando”, diz Luan Sales, explicando que se trata de algumas cenas prontas e fechadas na direção.

No caso do primeiro teste, no Arte², o grupo avaliou o que deu certo e voltou para os ensaios com esse termômetro. “Porque esse é o processo. Como é teatro, a gente apresenta e sabe a resposta do público”, por isso são apresentações, neste momento, fragmentadas.

Por sua vez, no Encontro da Arte Folclórica, a convite da diretora de Cultura Níncia Teixeira, o grupo apresentou mais uma parte pronta.

Em outubro, no Festival de Teatro da Unicentro (Feteco), o público terá a oportunidade de apreciar a peça inteira, com duração de 60 a 70 minutos.

ATORES
Os atores da peça são oriundos da Unicentro: Junior é formado em Enfermagem; já Rebeca e Bruna são egressas do curso de Artes.

“São atores que fazem teatro também fora do grupo”, diz Sales, acrescentando que o trio tem uma rotina teatral que é aproveitada no grupo.

Inclusive, o projeto na Unicentro tem cinco meses de existência, tendo surgido justamente por conta de “Reza”. O diretor recorda que, quando foi convidado para dirigir o grupo, ele já tinha um elenco em mente e faltava definir o que estudar. “Daí um fui para o meu repertório e joguei a ideia de fazer a peça das ‘benzedeiras’, que eu sempre quis fazer; e alguns outros textos clássicos”, explicando que o grupo achou melhor fazer algo original e que pudesse passar a verdade do projeto.

Foto: Cristiano Martinez

DIRETOR
Formado em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Luan Sales trabalha há 22 anos com teatro.

Aliás, o palco do auditório Francisco Contini foi a estreia de Sales como ator aos 12 anos de idade. Ele é natural do interior do Estado de São Paulo, mas cresceu em Guarapuava.

O interesse pelas artes cênicas começou na escola, depois se tornou o “alimento” e a profissão de Sales, tendo viajado pelo país para apresentar suas peças. “Amo o que eu faço”, acrescentando que, no momento, tem trabalhado mais como diretor.

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