Aumenta que é rock and roll!

Hoje, celebra-se o Dia Mundial do Rock. Como é uma data comemorada apenas no Brasil, a reportagem selecionou uma lista de canções nacionais que têm como tema o ritmo roqueiro. É um verdadeiro festival metalinguístico, em alto e bom som

Como todos sabem, o Dia Mundial do Rock é comemorado apenas no Brasil.

É verdade. Trata-se de uma data sugerida pelo músico gringo Phil Collins nos anos de 1980, por causa do megashow Live Aid de 13 de julho de 1985, mas que só pegou mesmo em terras tupiniquins graças à iniciativa de duas rádios paulistas em 1990.

Desse modo, todo dia 13 de julho, que cai nesta quinta-feira em 2023, ocorre movimentação em várias cidades do Brasil para comemorar o rock and roll. Seja com festivais, shows, programação sonora (rádios, TVs, stremaing etc.), edições especiais de jornais, revistas, sites…

Inclusive, em Guarapuava, vai rolar o Rock Celebration no dia 23, com quatro grupos; e Curitiba, o Festival Crossroads – Dia Mundial do Rock, sábado (15), 40 atrações musicais.

Já que é uma data importante apenas em solo brasileiro, a reportagem preparou uma lista de canções nacionais cujo tema é, adivinha, rock. Metalinguagem pura. Então, aumenta o volume de seu tocador de áudio ou aparelho de som para o que vem a seguir:

RITA LEE
Claro que o ranking não poderia deixar de fora a “Padroeira da Liberdade”, Rita Lee. Infelizmente, a cantora e compositora faleceu em 8 de maio deste ano. Mas deixou um legado fundamental para entender a história da música e de “corações e mentes”.

Gravado e lançado em 1975, “Fruto Proibido” (gravadora Som Livre) é o quarto álbum de estúdio de Rita – e o segundo com a famosa banda Tutti Frutti (que tinha o mito Luis Sérgio Carlini na guitarra). No Lado A do vinil, está a quinta faixa “Esse Tal de Roque Enrow”, uma composição da Padroeira da Liberdade com Paulo Coelho.

Resumidamente, a letra dessa canção toca no tema da diferença de gerações, em que um pai relata ao doutor que a filha se perdeu com esse tal de “Roque Enrow”, um trocadilho sonoro com o termo “rock and roll”. Confira um trecho: “Minha filha é um caso sério, doutor/Ela agora está vivendo com esse tal de Roque Enrow/Roque Enrow”.

CELSO
Figura importante para a consolidação do blues no Brasil, o carioca Celso Blues Boy (1956-2012) fundiu rock, pop e soul à sua linha bluseira para compor e cantar na língua portuguesa, remando contra a maré de anglicismos de bandas e artistas nacionais.

Logo de cara, o Mago da Guitarra (apelido dado pelo jornalista Jamari França) estreou com “Som na Guitarra” (gravadora Polygram), álbum lançado em 1984 e que botou fogo na cena roqueira (apesar de Celso ser vascaíno).

A faixa de abertura é “Aumenta que isso aí é Rock And Roll” (Celso Blues Boy), música que passaria a ser obrigatória em todos os shows do Mago e peça integrante do cancioneiro roqueiro.

Trata-se de um rock/blues sobre um cara que “dormia acordado” sem ter o que fazer. Até que ele ligou o rádio e veio um som pesado. O vizinho não achou ruim e gritou “aumenta que isso aí é Rock and Roll”. Uma vizinhança dessas é só alegria.

Ao longo do tempo, Celso regravou essa canção em versões ao vivo, sempre com mais energia e peso da guitarra. Aliás, o músico era conhecido pela virtuosidade e solos únicos.

LOBÃO
Por sua vez, o cantor, instrumentista e compositor Lobão tem uma visão mais ácida do rock. Ao longo de sua carreira, ele nunca se encaixou no molde clássico do ritmo. E isso, apesar de ser um dos nomes seminais da chamada geração RockBR, com baladas famosas e… rocks.

Em seu segundo álbum de estúdio, lançado em 1986, Lobão provoca já no título (e capa) com uma afirmação: “O Rock Errou” (gravadora RCA Victor), com trocadilho sonoro.

Composta por Lobão e Bernardo Vilhena, a faixa-título começa assim: “Dizem que o Rock andou errando/Não valia nada, alienado/E eu aqui na maior das inocências/O que fazer da minha santa inteligência”. Depois, referências a ditadura, Papa, Casa Branca, Planalto Central.

IRA
Outro nome importante dos anos de 1980 é o Ira!, conjunto paulistano famoso pelos hits “Envelheço na cidade” e “Flores”. Mas o grupo fundado por Nasi e Edgard Scandurra também arriscou experimentações e gravou em 1988 o conceitual disco “Psicoacústica” (gravadora Warner Music).

Em ritmo pesado com riff clássico, “Farto do Rock’n Roll” (Edgard Scandurra/Ricardo Gaspa) também segue a linha da provocação, tentando achar um sentido na rotina de shows. Confira: “Fico tentando me satisfazer/Com outros sons, outras batidas, outras pulsações/O planeta é grande e eu vou descobrir”.

Coautor da faixa, Scandurra (outro exímio guitarrista) empresta seu vocal, numa atitude de contrassenso até ao próprio Ira!, cujo vocalista sempre foi e será Nasi.

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