Projetos propõem ideias para revitalizar espaço no Xarquinho
Em evento organizado no Centro Universitário Campo Real, acadêmicos do curso de graduação em Engenharia Civil apresentaram suas propostas de intervenção que foram apreciadas por mais de 100 moradores desse bairro de Guarapuava
“Rabiscaram a nossa alma”. Com essas palavras, o morador Everaldo Fogaça resumiu os projetos desenvolvidos pelos alunos de Engenharia Civil do Centro Universitário Campo Real.
Os acadêmicos criaram ideias e vislumbraram a revitalização de uma praça do Xarquinho, bairro localizado na periferia de Guarapuava.
Na noite desta segunda-feira (19), sete projetos foram apresentados a mais de 100 moradores que se deslocaram das margens para o Santa Cruz, a fim de conhecer e escolher os projetos desenvolvidos nessa instituição de ensino superior.
“A periferia não quer só comida, a gente quer diversão, quer arte, cultura, poesia”, diz Fogaça, em entrevista ao CORREIO. Ele conta que não é de hoje que o Xarquinho busca uma iniciativa assim, valorizando as pessoas que moram na periferia. Por exemplo, nesse bairro já funciona a Biblioteca Comunitária Moacir Gonçalves.
Fogaça destaca que os moradores existem, fazem parte de Guarapuava e são protagonistas. “Por que o Xarquinho não pode uma coisa bonita?”, indaga.
Assim, ele procurou o escritório de arquitetura e engenharia de Taci Dill e Samantha Delonzek (o Duall), que foram o canal de conexão para o projeto acontecer, dando sugestões. “Ele procurou a gente para uma reunião”, contam as duas, acrescentando que ambas foram até o Xarquinho e conheceram o espaço. “Na hora, eu me identifiquei, porque eu sou egressa da Campo Real”, conta Samantha, que teve a ideia de procurar a instituição.
CURSO
Em seguida, foi feito o contato com a coordenadora do curso de Engenharia Civil da Campo Real, Bárbara Pergher Dala Costa, que abraçou a ideia e levou para os alunos da graduação. Eles desenvolveram os projetos no Desafio Integrador, que aglutina diferentes turmas (5º e 7º períodos) e disciplinas do curso para que seja posto em prática o que foi aprendido até o momento.
A coordenadora recorda que a conversa com Fogaça, que é também diretor de Cultura da Associação de Moradores do Bairro Industrial Xarquinho (Ambix), foi há cerca de um mês. Mas os acadêmicos tiveram menos tempo para criar as ideias, em meio a outras atividades.
“A gente unia o projeto que os alunos já iam executar com o projeto que a sociedade precisava”, conta Dala Costa, explicando que os participantes foram até o Xarquinho, conversaram com os moradores para saber das necessidades e entender a realidade do bairro.
“Foi num tempo curtíssimo o resultado final e acho que ficou bem interessante”, dizendo-se orgulhosa com o desempenho dos alunos, que demonstraram dedicação.
Em resumo, a proposta é revitalizar uma quadra do Xarquinho, transformando-a numa praça, com espaço esportivo, auditório, biblioteca etc. “A gente integrou o playground da Prefeitura, que já vai ser executado”.
Segundo uma das alunas envolvidas, Mylena B. Floriani, que participou do Grupo 3, a produção do projeto levou em consideração a sustentabilidade, ou seja, aproveitou ao máximo o desenho do terreno, para não agredir o meio ambiente, investindo em arborização e arquibancadas sustentáveis. Além de atender às necessidades do bairro: cozinha comunitária, teatro, entre outros.
Tudo isso para levar a melhor ideia para o Xarquinho. “A gente entende que não é só um projeto, é uma história”, diz a acadêmica do 7º período, reforçando que era uma busca por agregar à trajetória daquela comunidade.
BÁSICO
A coordenadora do curso de Engenharia Civil alerta que, nessa fase, trata-se de um projeto básico. No segundo semestre de 2023, o Desafio Integrador terá nova etapa para o projeto executivo, prevendo o orçamento, por exemplo.
Em outubro, a proposta deve ser concluída para, em novembro, encaminhar à Câmara de Vereadores, que fará a apreciação de sua viabilidade. “Talvez não seja possível executar o projeto numa etapa só, em função de todas as intervenções que são necessárias fazer. Mas pelo menos a gente consegue fazer em duas etapas”, explica a professora.
Segundo ela, é difícil definir o custo para executar uma obra dessa envergadura. Mas estima em torno de R$ 3 milhões.
Fogaça acrescenta ainda que haverá mobilização no Xarquinho para tirar o projeto do papel. “A comunidade está muito organizada para essa ideia em si”, explicando que será montado um calendário de ações, dando transparência ao processo.
Inclusive, o bairro vem articulando com deputados para emendas parlamentares. E a ideia é garantir na Lei Orçamentária Anual (LOA) os recursos para que as obras sejam feitas em 2024.
AVALIAÇÃO
Presente ao evento junto com os alunos, o diretor do Colégio Estadual Dulce Maschio, Cesar Zimny, diz que essa revitalização era um anseio antigo da comunidade do Xarquinho, carente de espaços públicos integradores.
“Esse projeto vem bem a calhar, porque vai reunir a associação de moradores, a comunidade como um todo e a comunidade escolar que vai poder utilizar desse espaço para realizar eventos”.
Segundo o vereador Joel Barbosa, que já foi presidente da Ambix, o projeto começou em 2017. Mas houve interrupção durante a pandemia de Covid-19 e voltou agora a todo vapor. “Eu fico muito feliz de ser um dos incentivadores”, destacando que o grande mérito é da equipe envolvida, citando Everaldo Fogaça como um deles.