Hospital São Vicente de Paulo promove campanha sobre doação de órgãos

Em entrevista ao CORREIO, Jessyca da Silva Braga, coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), explica como funciona o procedimento

Entre várias ações, o mês de setembro, com a cor verde, também joga luz à conscientização para a doação de órgãos. A nível estadual, trata-se de uma campanha encabeçada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e o Sistema Estadual de Transplantes (SET-PR).

Em Guarapuava, no Hospital São Vicente de Paulo, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) atua desde 2013 e faz atendimento às famílias de possíveis doadores de órgãos e tecidos.

“Quando os familiares chegam aqui para conversar com a gente, nós vemos que a decisão deles é muito difícil de tomar quando o paciente não conta qual é a sua vontade. A nossa campanha é para que independentemente se você for doador ou não, que você conte à sua família”, salienta a coordenadora da Cihdott, Jessyca da Silva Braga.

A conscientização da comunidade é feita através de capacitações para as unidades mantenedoras de pacientes doadores e para os colaboradores da instituição.

Outras ações realizadas são visitas aos cursos de saúde de instituições de ensino superior, cursos técnicos e escolas. Durante o “Dia D” da campanha Setembro Verde será realizada uma live, no dia 27, com sorteio e venda de ecobags da Cihdott.

No total, a equipe do Cihdott conta com seis enfermeiros, três psicólogos e um assistente social. Toda a equipe visa fornecer apoio aos familiares em luto durante o processo da doação de órgãos, que ocorre no momento do falecimento de um ente.

NÚMEROS
O Paraná é um estado que se destaca nos números de doação de órgãos, se mantendo como líder nacional com 33 por milhão de população (pmp). A média do Brasil é de 13,7 pmp. O estado fechou 2020 com 41,6 pmp e garantiu a liderança desde então.

No Hospital São Vicente de Paulo não é feito o transplante de órgãos, apenas a captação. No ano passado, foram realizadas 25 captações. Em 2021, o número está em 11. Segundo a coordenadora da Cihdott, a pandemia afeta as doações.

(Foto: Reprodução/Hospital São Vicente de Paulo)

DOAÇÃO
No Brasil, a doação de órgãos é feita após a autorização familiar. Contudo, alguns órgãos podem ser doados em vida, caso de parte do fígado, parte de pulmão, rins e medula para tratamento de leucemia.

O preconceito muitas vezes é o motivo para que os familiares não aceitam a doação de órgãos. De acordo com a coordenadora da Cihdott, a recomendação é que quem queira ser doador, procure se informar sobre o assunto e passe esse conhecimento aos seus familiares. Também é importante deixar clara a sua vontade.

“O que nós falamos para a família é que a doação é um ato de amor. A doação se torna um pouco menos dolorida porque você entende que a morte não foi em vão, que mesmo a pessoa morrendo, ele ajudou alguém”, elucida a coordenadora.

FAMÍLIA
Em entrevista ao CORREIO, a contadora Merielly Ribeiro (35 anos), que é filha de um doador de órgãos, conta como foi o processo de doação.

“Eles fazem vários testes. Tem um preparo muito grande com a família. Eles respeitam muito a nossa opinião como família, sabem que a nossa decisão pode ser um ‘sim’ ou um ‘não’”, explica Merielly.

No Paraná, ainda são muitas as pessoas que estão na lista de espera aguardando um doador. Apenas de rim, que é a maior fila de espera, são 1.404 pessoas.

“A gente sabe que a lista é bem extensa e imagine quantos que estão ali orando por um órgão. Às vezes você está ali chorando e se lamentando e a gente acaba esquecendo de ver o outro lado das pessoas que estão precisando disso”, salienta Merielly.

************Reportagem e foto: Carlitos Marinho, especial para CORREIO

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