‘Loser’ é coisa do passado

Para os fãs brasileiros das antigas, é a volta da Turma do Minduim (ou Snoopy); já para aqueles da nova geração, mais familiarizados com os nomes originais em inglês, trata-se de Peanuts, com destaque para o cachorrinho Snoopy. De certa forma, esse é o desafio de Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, O Filme (2016): agradar a diferentes públicos de uma clássica tira de jornal criada pelo cartunista norte-americano Charles Schulz (1922- 2000) nos anos de 1950.

A animação tem estreia nacional nesta quinta-feira (14), em todo o circuito exibidor do país. Em Guarapuava, os ingressos já estavam sendo vendidos antecipadamente no Cine XV, que tem sessões às 15h30, 17h30 e 19h30, com cópia dublada.

Dirigido por Steve Martino, o filme traz os famosos personagens da série: Charlie Brown, Snoopy, Lucy, Linus, Patty, Schroeder, entre outros. Snoopy, o beagle mais amado do mundo – e claro, o melhor piloto – embarca em sua maior missão até hoje, alcançando o céu atrás de seu arqui-inimigo, o Barão Vermelho, enquanto seu melhor amigo, Charlie Brown, inicia a sua própria jornada épica.

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Eterno loser (perdedor) nas tirinhas, o Minduim (como Charlie ficou consagrado na dublagem brasileira do clássico desenho animado dos anos de 1980) sempre está suspirando pela sua inabilidade no beisebol e na falta de sorte com as garotas. Mas, no novo filme, ele está disposto a virar o jogo e mudar sua trajetória morna.

Tudo porque se mudou para a casa ao lado da de Charlie Brown, uma nova menina. Esta é a oportunidade para que Charlie pudesse demonstrar que ele não é tão fracassado assim. Ao mesmo tempo, Snoopy, o ás da aviação, terá que enfrentar o seu principal inimigo nos ares, Barão Vermelho. Mas Snoopy não deixará de estar ao lado do seu dono nas diferentes empreitadas nas quais Charlie irá se meter para fazer com que a nova garota o perceba.

TIRINHAS
Quando em 2 de outubro de 1950 o cartunista norte-americano Charles M. Schulz lançou uma tirinha em quadrinhos denominada Peanuts, inicialmente em sete jornais dos Estados Unidos, não deve ter imaginado que ela acabaria se tornando a mais influente tirinha em quadrinhos do mundo todo e uma das mais duradouras. No auge do seu sucesso, Peanuts era impressa por 2.600 publicações de 75 países, traduzida para 21 línguas e lida por aproximadamente 355 milhões de pessoas.

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Porém, a tirinha deixou de ser publicada definitivamente em 13 de fevereiro de 2000. Charles acabou morrendo em 12 de fevereiro do mesmo ano. Ele já não conseguia mais desenhar, porque estava com Mal de Parkinson. Em conjunto com a família, o autor resolveu que a tirinha não deveria ser continuada por outro cartunista.

LIGAÇÕES BRASILEIRAS
Além da famosa série televisiva e, claro das tirinhas em jornais, Minduim e Snoopy estão em toda a parte, graças às ações bem sucedidas de merchandising – nos quadrinhos brasileiros, Mauricio de Sousa fez o mesmo com a Turma da Mônica.

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Mas não é só de dinheiro e negócios que vive o ser humano. No Brasil, pelo menos, a criação imortal de Charles Schulz tem ramificações culturais.

Benito di Paula

Nos anos de 1970, o cantor/compositor Benito di Paula, um dos grandes nomes do samba-joia, ajudou a popularizar o loser de Schulz com a canção Charlie Brown (aquela dos versos “Eh! Meu amigo Charlie/Eh! Meu amigo/Charlie Brown, Charlie Brown”). Em entrevista ao site Ego, o músico conta que a canção foi feita na época em que morava em uma pensão de italianos. Eles liam a revistinha em quadrinho e riam à beca. Um dia, pedi para traduzirem para mim, eles traduziram e aquilo me deu a ideia de montar uma historia como se o Charlie Brown estivesse chegando ao Brasil e eu tivesse que apresentar o país a ele.

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Charlie Brown Jr.
Ao contrário do Jota Quest (que teve de abandonar o J. Quest para não ter problemas com a Hanna-Barbera, que criou o desenho Jonny Quest), os santistas liderados pelo vocalista Chorão não tiveram problemas em utilizar o nome do dono do Snoopy como nome de banda. Fundei e batizei a banda com esse nome em 1992. Foi uma coisa inusitada. Trombei (loucamente) com uma barraca de água de coco que tinha o desenho do Charlie Brown, explica o cantor, que morreu de maneira trágica em 2013.

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Carlinhos Brown
Só que não. Ao contrário do que possa parecer, o nome artístico do percussionista baiano (e jurado do The Voice Brasil) não tem nada a ver com o desenho de Schultz. O Brown é uma homenagem a James Brown e H. Rap Brown, líderes da música negra da década de 1970, ídolos do funk e da soul music.

Texto: Cristiano Martinez, com informações de assessoria
Fotos: Divulgação