Mãe que matou filhos dentro de apartamento pode ser indiciada por cinco crimes

A delegada Ana Hass revelou as novidades sobre o caso e afirmou que o inquérito será concluído tendo como uma das linhas de investigação a premeditação da autora

A Polícia Civil de Guarapuava apresentou na tarde desta sexta-feira (2) mais uma atualização do caso dos dois irmãos, um menino (3 anos) e uma menina (10 anos), que foram mortos pela mãe em um apartamento no Centro da Cidade. O caso foi descoberto pela polícia após um advogado, amigo da autora, acionar a PC no dia 27 de agosto.

Em entrevista coletiva, a delegada responsável pelas investigações, Ana Hass, afirmou que mais de 15 testemunhas foram ouvidas nos últimos dias e que o inquérito está avançado e deve ser finalizado na próxima segunda-feira (5). “Durante esse prazo que nós viemos realizando essas diligências, nós chegamos a uma tese, uma linha de investigação seguida pela Polícia Civil que se trata sim de um duplo homicídio doloso e qualificado. Nós estamos tratando com uma suspeita que é confessa, mas essa confissão dessa autora nós estamos considerando como uma confissão parcial”.

Segundo a delegada, a mãe das crianças não revelou em depoimento alguns detalhes sobre a dinâmica do que ocorreu dentro do apartamento, o que pode deixar o inquérito sem uma conclusão do que realmente ocorreu no imóvel onde os três moravam.

Conforme a polícia, a mulher alega que teria matado os filhos no dia 14 de agosto, por volta das 20h, asfixiando inicialmente o filho menor com um travesseiro e depois, na virada para o dia 15 ela teria matado a filha usando um cachecol para enforcar a menina. “Ainda com a melhor das perícias a gente vai ter uma dificuldade para chegar no que de fato ocorreu nesse período do dia 12 e entre o dia 27 que foi quando ela realmente optou por se entregar de certa forma às autoridades”.

PREMEDITADO
A linha de investigação da Polícia Civil também é de que o crime foi premeditado pela mulher, excluindo a possibilidade de que a autora estivesse em surto, como alegou no primeiro contato após ser descoberta. “Essa suspeita desde que veio para a cidade de Guarapuava, veio com a intenção de se livrar dos filhos, ela quis desde sempre ter uma nova vida e é por isso que ela escolheu outra cidade, isolando essas crianças de qualquer membro de família, não criou na cidade de Guarapuava nem um vínculo próximo com ninguém, de forma já a não fazer que a falta dessas crianças fosse sentida”, explica.

Ana Hass revela ainda que a autora disse ter antecipado o aniversário das crianças no dia 1º e 6 de agosto porque, segundo ela, não estaria viva para comemorar os aniversários de crianças. “Não tem a menor possibilidade de ser levado em consideração, posto que as crianças vivas, com ou sem ela, poderiam comemorar seu aniversário com qualquer outra pessoa. Não era porque ela não estaria aqui, mas sim porque as crianças não estariam aqui”, afirma.

Sede da Delegacia de Guarapuava (Foto: Redação/Correio)

Os trabalhos dos investigadores revelam que ela matou os filhos entre os dias 13 e 15 de agosto e saiu do apartamento no dia 18, 19, 20 e 21. “Após o dia 21 ela novamente some, possivelmente ganhou mais um tempo para verificar o que fazia com aquelas crianças. Em algum momento a suspeita deve ter se dado conta de que não conseguiria sair com os cadáveres. Ela vai e faz um estudo das câmeras do prédio, tanto que ela ‘printa’ o aplicativo onde aparece todas as câmeras de monitoramento”. A delegada afirma que ao perceber que não conseguiria se livrar dos corpos, ela teve como tentativa a confissão com o argumento de que estava em surto quando cometeu os crimes.

De acordo com a autoridade policial, ela será indiciada por homicídio qualificado contra as duas vítimas, ocultação de cadáver, fraude processual, tortura e cárcere privado. “A Alice [10 anos] teria passado por intenso sofrimento mental, psicológico, enquanto seu irmão estava morto, ela, sim, tinha conhecimento disso. Existe um áudio gravado pela própria suspeita, existe a voz da Alice”.

ABUSO
Uma das novidades sobre o caso é sobre um possível estupro que a menina [14 anos] pode ter sofrido por um familiar e revelado pela autora. Mas, apesar de confirmar que a informação chegou à Polícia Civil, a delegada se negou a dar detalhes sobre essa denúncia, afirmando que se trata de um assunto sigiloso. “Existem duas vertentes, considerando que é uma notícia grave, isso pode ser apurado, lembrando que não seria uma apuração feita pela Polícia Civil do Paraná, uma vez que, segundo a notícia dessa versão, esse crime teria ocorrido em Santa Catarina”, finalizou Ana Hass.

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