Departamento de Medicina firma convênio para atendimento na PIG
Todos os detentos serão atendidos para identificar possíveis problemas de saúde e depois será feito o acompanhamento
Acadêmicos, residentes e docentes do Departamento de Medicina da Unicentro passarão a prestar atendimento médico-ambulatorial na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG). A iniciativa faz parte de um convênio firmado entre o Departamento Penitenciário e a universidade. O atendimento terá início em agosto e será realizado semanalmente. “A gente sabe, historicamente, do grande problema que eles têm com o atendimento ao encarcerado e, para o curso de Medicina, a gente está em busca do campo de estágio e isso é muito importante”, explica o chefe do Departamento de Medicina da Unicentro, professor David Livingstone Alves Figueiredo.
Os acadêmicos terão aulas práticas de atendimento clínico, com a supervisão docente e de médicos residentes, em um espaço adequado e já existente na penitenciária. “Existem algumas disciplinas, que são aquelas iniciais da parte clínica, que tem tudo a ver com isso – atender paciente saudável, avaliar os pacientes com cuidado, com calma. Quando nós visitamos lá, a gente ficou surpreso com a estrutura, eles têm duas salas prontas, consultório, enfermeiro, uma farmácia. Então, a gente achou que seria o ideal. A gente consegue fazer ensino, extensão e pesquisa”, avalia David.
A ideia, segundo o chefe do Departamento de Medicina, é atender todos os mais de quatrocentos detentos. “A gente não vai atender, apenas, a necessidade aguda, emergente. A gente vai atender todos os detentos, cadastrar todos, definir quais têm patologias e, depois, fazer um segmento direcionado. Então, provavelmente começa como um grande ambulatório geral e depois a gente cria ambulatórios específicos de acordo com os diagnósticos feitos”.
A direção da penitenciária vai disponibilizar o espaço ambulatorial adequado, fornecer os materiais necessários para os atendimentos e gerenciar a agenda de consultas e assistências. “A PIG vai disponibilizar, para que isso ocorra, o material humano, que são os seus sentenciados e também a estrutura física – salas, cadeiras, mesas -, tudo que for necessário para que esse atendimento se realiza”, complementa o vice-diretor da PIG, Luiz Gustavo Geraldo.
Para Luiz Gustavo, a parceria será responsável por suprir uma demanda de atendimento médico dentro da unidade, o que também contribui na logística da penitenciária. “Para nós, isso é muito importante, uma vez que a PIG não tem um médico no seu quadro de servidores e todos os atendimentos são realizados na UPA Primavera ou em outro órgão de saúde do município. Esse modelo de atendimento fora da unidade gera bastante transtorno, porque você tem que deslocar o preso e servidores para que esse atendimento ocorra. Dessa [nova] forma, o preso, no primeiro momento para consultas eletivas, que é o que vai ser feito aqui na unidade, ele não vai mais precisar sair. Então, vai ter uma economia de recursos, vai ter mais segurança para os servidores da unidade e para a cidade de Guarapuava. É uma necessidade muito grande do sistema penal de Guarapuava a presença de médicos no interior da nossa unidade”, disse Luiz Gustavo.
Para o professor David Livingstone, a importância desta ação está não só na formação profissional dos acadêmicos, mas principalmente na formação humanística deles. “Esse é um papel da universidade, fazer a assistência à comunidade. Para os alunos, têm uma formação muito mais ampla do que só a formação médica, uma formação humanística como um todo. Essa formação humanística de entender que é uma população que precisa de apoio. O papel do médico é ir onde o paciente precisa”, finaliza.
*Assessoria com edição