Há mais de sete décadas começava a história de Pitanga

Grande conhecedor da história de Pitanga, Clemente Gaioski conta detalhes da formação e do desenvolvimento do município

O primeiro título de terra registrado data de 1889, no nome de Elias do Nascimento, um dos primeiros povoadores da região. É o que conta o pesquisador Clemente Gaioski, servidor aposentado da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE).

Foi em 1847 que chegaram os primeiros moradores. “Vieram alguns franceses, os Caillot, se instalaram onde hoje é Boa Ventura de São Roque, mas Pitanga, a formação, mais comumente falada, veio em 1897 com a fixação de pessoas na localidade de Rio Batista”, conta.

Nos anos seguintes, foram muitas as famílias que chegaram na comunidade. Conforme Clemente, eram da região de Prudentópolis, Imbituva, a maioria deles de Rio dos Patos e estavam em busca de terras novas, baratas e produtivas. O pesquisador aponta que, em 1925, ocorreu a instalação do território, ou seja, o distrito judiciário. “Pitanga teve muitos problemas, principalmente porque aquelas demarcações eram terras em grande quantidade de terreno, porém, a titulação era difícil de se estabelecer”.

Outro grande problema do início da formação foi o conflito com os índios caingangues. No ano de 1924, os índios se revoltaram por acreditarem que os migrantes estavam invadindo suas terras, e atacaram a comunidade. Houve morte de moradores e de indígenas. Na opinião de Gaioski, a culpa pelo conflito não é de nenhum dos lados. “O Instituto de Terras, naquela época, transpôs os índios para o lado de cá, deram-lhes uma da terra onde os migrantes já tinham as suas propriedades. Então, o culpado de tudo isso foi a pessoa que estava comandando o Instituto de Terras naquela época”, comenta.

Em 28 de janeiro de 1944, ocorreu a instalação do município de Pitanga e, conforme Clemente, com um território muito grande. “Ele começava no Rio Bonito, divisa com Guarapuava, hoje Turvo. Vinha pelo rio Ivaí e até mais ou menos por Goioerê e subia pelo Rio Piquiri”. Manoel Ribas e Campo Mourão foram distritos de Pitanga antes de se tornarem municípios. “Hoje nós podemos dizer que Pitanga, a base territorial é pequena, mas muito valiosa”.

A formação teve contribuição de muitas famílias de origem eslava, como poloneses, ucranianos, alemães e italianos. Muito católicos foram os responsáveis pela construção das primeiras igrejas e por diversos costumes que ainda são mantidos.

ORIGEM DO NOME

São duas as explicações para a origem do nome Pitanga. O pesquisador Clemente Gaioski destaca que o local era conhecido como Serra da Pitanga devido a uma carreira de pitangueiras existente no morro que hoje é conhecido como Serra do Ouro. A origem do nome vem do Tupi: “‘pi’ significa fruta e ‘tanga’, vermelha”, explica.

“O interessante é que também tem uma origem do nome que diz o seguinte: onde hoje é o cemitério municipal existia uma pitangueira onde os tropeiros acampavam.  Acampavam embaixo daquela árvore que era frondosa e faziam o seu pãozinho ali. Então, também a origem gerou dos tropeiros dizerem, ‘vamos lá na pitanga, vamos pousar na pitanga’ e assim ficou o nome do município”, conta.

Primeiro aniversário do município com a presença do interventor Manoel Ribas. – Foto: Arquivo Clemente Gaioski

CICLOS ECONÔMICOS

O pesquisador aponta que Pitanga passou por quatro ciclos econômicos. O primeiro foi a criação de porcos. “Temos registro em jornais e revistas que Pitanga foi o maior produtor de porco do país. Eram levadas porcadas a pé para Ponta Grossa, levava-se de 18 a 23 dias de ida”, explica.

O segundo, Clemente afirma que foi o da erva-mate, também com destaque na produção no Sul do Brasil. Depois, o da madeira, que seguiu até 1965. Inclusive, foram utilizadas na construção de Brasília.

“A gente tem conhecimento que eram filas de caminhões. Existiam 17 serrarias grandes dentro onde hoje é o quadro urbano e no município todo eram 114 naquela época. Então, teve um ciclo bastante grande”.

Clemente vê este ciclo com um resultado negativo para Pitanga, já que, segundo ele, todos aqueles industriais ganhavam o seu dinheiro ali e investiram fora. “Acabaram-se as matas e os pinheirais e não foi investido nada em Pitanga, sempre nas cidades maiores”, lamenta. O quarto ciclo é o que Pitanga vive atualmente, o da agricultura e a pecuária. (Foto: Reprodução).

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