Roger Waters resiste em Curitiba
O músico-fundador da banda inglesa Pink Floyd se apresentou em Curitiba no último sábado (27). Show relembrou clássicos, criticou Jair Bolsonaro e animou um público dividido
Obrigado. Muito obrigado, disse Roger Waters em português após uma salva de palmas e um coro de vaias no Estádio Couto Pereira. Durante a música Another Brick in the Wall, jovens subiram ao palco com a mensagem Resist (“resista”, em tradução livre), e mexeram com o público que já estava dividido.
Entre gritos de Fora, PT e Ele Não, o músico seguiu o que vinha fazendo em outras apresentações e criticou a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). A música Welcome to the Machine foi interrompida próxima do fim para o protesto do músico, às 21h58.
Temos 30 segundos. Essa é a última chance de resistir do fascismo antes de domingo. Ele, não!, projetou às 22h, horário-limite para manifestações políticas antes das restrições colocadas pela Legislação Eleitoral.
Em outro momento, quando estampou a sua lista de neofascistas, Waters censurou o nome do capitão reformado do Exército, mantendo uma tarja preta sobre a tela.
O músico se apresentou em Curitiba no último sábado (27/outubro) para mais de 40 mil pessoas. Esse foi o penúltimo show da turnê Us + Them, que termina nesta terça-feira (30), em Porto Alegre (RS).
CLÁSSICOS
Pontual, Roger Waters e a sua banda subiram ao palco exatamente às 21h30 – e a apresentação durou aproximadamente três horas. A primeira música foi Speak to Me, do álbum The Dark Side of the Moon (1973). Outros clássicos do disco foram Money, com uma forte crítica aos líderes políticos europeus, e Time.
Mas, o ponto alto de Us + Them foi trecho correspondente ao álbum Animals (1977). Com uma fábrica (a mesma da capa do disco) subindo no telão e com a música Dogs, Waters criou um grande espetáculo para o público. As chaminés saíram pelos fundos do palco – com direito a fumaça.
Durante a música Pigs um enorme porco inflável foi jogado sobre o público com os dizeres Stay Human (seja humano, em tradução livre). Waters ainda criticou fortemente o presidente norte-americano Donald Trump, do qual é um ferrenho opositor.
O animal inflável foi derrubado e perfurado por um grupo de fãs, que acompanhava o show em frente ao palco.
Já nos últimos momentos da apresentação, uma pirâmide (igual à capa do The Dark Side) foi projetada sobre o público, que foi à loucura. Uma lua também voou no Couto Pereira, completando a apresentação visual de Waters.
SOLO
Roger Waters também apresentou algumas de suas músicas de seus últimos trabalhos solos. The Last Refugee, Picture That e Wait For Her.
Nessas músicas a principal mensagem deixada pelo músico é o pacifismo e a crítica aos inúmeros conflitos que vêm ocorrendo no mundo moderno.
Imagine-se nas ruas de Laredo. Imagine o Casbah, imagine o Japão. Imagine o seu filho com a mão no gatilho. Imagine usuários de próteses no Afeganistão, diz a música The Last Refugee.
TURNÊ
O membro-fundador do Pink Floyd encerra a sua polêmica turnê em terras brasileiras nesta terça-feira (30/outubro). Waters passou por capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e Belo Horizonte.
Após o último show no Brasil, ele segue para o Uruguai. Depois, se apresentará na Argentina, Chile, Peru, Colômbia e na Costa Rica.