Penitenciária de Guarapuava reinaugura grande área industrial

Após a rebelião de 2014, grande área de trabalho de apenados voltou às atividades na manhã desta sexta-feira (18)

Quase três anos após o episódio da rebelião de presos, a Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) renasceu na manhã desta sexta-feira (18), quando foi reinaugurada a grande área de trabalho dos apenados, durante cerimônia que envolveu autoridades das áreas de segurança e judicial, lideranças políticas (incluindo o prefeito Cesar Silvestri Filho) e o diretor do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Luiz Alberto Cartaxo Moura.

Nesse tempo todo, os presos da PIG deixaram de prestar serviços em uma grande área industrial, destruída durante a rebelião. Mas, após um período de treinamentos, 53 presos já estão trabalhando em uma das etapas de produção de botinas industrializadas, que são utilizadas como equipamentos de proteção individual (EPI). Os apenados fazem toda a parte superior do calçado. A colocação da sola é feita em outro lugar, explica o diretor da penitenciária, Renato Silvestre.

Segundo ele, até o final do ano o novo espaço deve aumentar sua força de trabalho, batendo entre 120 a 130 presos. Mas o potencial é de 200 operários, no futuro.

A empresa de calçados que opera atualmente na PIG é uma velha conhecida da unidade, pois já explorava o espaço antes da rebelião de 2014. É admirável o voto de confiança dos empresários que acreditaram de novo no sistema, mesmo tendo um grande prejuízo na rebelião. Mas eles retornaram, ocupando a mão de obra do encarcerado.

O espaço reinaugurado não comporta novos produtos e empresas. Mas o diretor garante que a PIG tem canteiros de trabalho menores que interessam a outros empreendedores. Em breve, teremos novidades positivas nesse sentido.

Apenados passaram por treinamento (Cristiano Martinez/Correio)

BENEFÍCIOS

Os presos que participam do canteiro de trabalho recebem das empresas, mensalmente, a remuneração correspondente a três quartos do salário mínimo vigente. Parte do salário pago ao preso – cerca de 20% – fica retida todo mês em uma poupança para que ele possa retirar a quantia quando sair em liberdade definitiva. Os 80% restantes podem ser retirados durante o cumprimento de pena pela família do detento, caso ele escolha.

Além do trabalho remunerado, outra bonificação para os presos que atuam em canteiros de trabalho é a redução da pena: a cada três dias de trabalho, um é descontado da pena total a cumprir.

RESSOCIALIZAÇÃO

Mas o resultado mais importante dos apenados é a sua ressocialização. Além do salário e da comutação de pena, eles se qualificam profissionalmente, pois é um tipo de trabalho que exige conhecimento técnico para operar máquinas.

Se você não der trabalho, educação e lazer ao preso, você vai criar um animal, diz Silvestre, destacando que o ambiente da fábrica propicia a retomada dos conceitos e dos princípios do próprio preso. Sem contar a renda gerada no trabalho, que pode ajudar seus familiares.

INVESTIMENTOS

Segundo fontes oficiais, o Estado investiu R$ 875 mil na recuperação da PIG.

 

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