Comunicação como arma no combate à violência contra a mulher
O Paraná, por exemplo, estado considerado desenvolvido, com oportunidades razoáveis de escolarização e emprego, registrou um crescimento no número de feminicídios da ordem de 15,1%
A violência contra a mulher está presente, de modo significativo e quase sempre velado, na sociedade brasileira e sua ocorrência não está ligada à classe social, à faixa de renda, tampouco à escolaridade. Não são poucos os lares e famílias que experimentam a agressão que pode ser, segundo a Lei Maria da Penha, física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.
O Paraná, por exemplo, estado considerado desenvolvido, com oportunidades razoáveis de escolarização e emprego, registrou um crescimento no número de feminicídios, isto é, o assassinato de mulheres pelo simples fatos de serem mulheres, da ordem de 15,1% entre os anos de 2003 e 2013, segundo o Mapa da Violência 2015, produzido pelo Instituto Sangari.
Em Guarapuava, no ano de 2013 foram registrados 511 boletins de ocorrência de violência contra a mulher pela Polícia Militar. No ano seguinte, esse número caiu para 479 e voltou a aumentar em 2015, quando foram registrados 526 BOs. Em 2016 foram 536 atendimentos e 472 no ano passado.
Já a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava, criada em março de 2013, atendeu 389 mulheres vítimas de violência em naquele ano, 608 casos em 2014 e 363 no ano de 2015 e 329 em 2016.
Dados que, segundo a professora Ariane Pereira, do Departamento de Comunicação Social da Unicentro, evidenciam a necessidade de trabalho continuado no combate à violência contra a mulher. Diante desse cenário de brutalidades, onde a mulher não é respeitada, e mais que isso, é tratada com violência, é evidente que vivemos em uma sociedade desigual, onde há sobreposição e dominação de um gênero sobre o outro, onde a relação entre homem e mulher – por centenas ou milhares de vezes em Guarapuava, no Paraná e no Brasil – foi mediada pela violência, gerando o assassinato de muitas vítimas do sexo feminino, afirma a docente que é coordenadora do projeto de extensão Florescer: a Comunicação na efetivação de políticas públicas para mulheres.
AÇÃO
Segundo a professora, a ação extensionista do Florescer pretende consolidar-se como um instrumento de sensibilização social para o problema da violência contra a mulher.
Para o desenvolvimento das atividades iniciadas em 2017, o projeto Florescer: a Comunicação na efetivação de políticas públicas para mulheres vai receber um aporte financeiro de 82 mil reais da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), por meio do programa Universidade Sem Fronteiras (USF).
Dinheiro, que de acordo com a professora Ariane, será empregado no pagamento de bolsas, pelo período de 12 meses para dois recém-graduados em Jornalismo ou Publicidade e Propaganda e um estudante de graduação nas mesmas áreas. Além disso, nós também vamos adquirir alguns equipamentos que nos possibilitarão produzir os produtos seguindo as necessidades da Secretaria e da Rede, salienta a coordenadora do projeto.