Mental Coach para o Futebol: ‘O mental coach não deve se promover por meio dos atletas atendidos’

Partes técnica, tática, fisiológica e médica. Todos pilares de construção no meio de uma equipe de futebol profissional. Cada vez mais, atletas vem buscando auxílio com coachs mentais na intenção de melhorarem as suas atuações dentro das quatro linhas, num verdadeiro exercício de conduta para os treinos e a vida.

Um destes coachs é Marcelo Pereira Rodrigues, 48. Filósofo e educador por formação, escritor, palestrante, agente literário, editor da Revista Conhece-te, também é goleiro no futebol amador. Mesmo na várzea, sente na prática o que significa pressão, cobrança por resultados, críticas e tudo o mais. Enfrentando às vezes adversários de 20, o goleiro filósofo tem credenciais para atender e saber o que atletas passam na cobrança dos profissionais. Marcelo afirma: “Como se propor a fazer algo com o qual não conhecemos absolutamente nada? O futebol corre em minhas veias e se trata de paixão absoluta. No meio desta paixão, nada mais gratificante que atender atletas de alta performance e ajudá-lo a desenvolver o melhor de seu potencial”.

Por falar em potencial, o filósofo se esmera em lições de Aristóteles, o grande filósofo grego, no tocante à dicotomia entre potência e ato. Remete também a Platão, outro pilar do mundo Ocidental, na sua dialética entre aparência e essência. Tudo isso traduzido e apontado para os atletas num linguajar simples e de fácil entendimento. Linguagem boleira mesmo, afinal, o coach tem os ombros e cotovelos ralados de tanto saltar nos campos de várzeas.

Propondo-se a atender a grupos ou individualizar os atletas, Marcelo sente que a sua missão na vida é ajudar. A guisa de exemplo do que fez revelando talentos da literatura praticando mentoria, à frente de uma agência literária, se propõe a ajudar no desenvolvimento humano de atletas que buscam este aprimoramento. Do Norte ao Sul do país, estendendo seus vínculos também com Portugal, ele acredita piamente no que faz. Participante de vários Footecons (o evento oferecido pelo técnico tetracampeão do mundo Carlos Alberto Parreira), tendo palestrado no SITREFESP (Sindicato dos Treinadores do Estado de São Paulo) e participado de vários cursos no futebol, pois entende a parte sistêmica e o conceito interdisciplinar, ele esclarece os seus princípios éticos e que o guiam nesta jornada:

“Da mesma maneira que alguns técnicos descem para os vestiários após a conquista de um título, subliminarmente querendo dizer que os méritos são para os seus atletas, da mesma forma quando atendo um agenciado e quando ele é publicado por uma grande casa editorial, sutilmente sempre saio de cena. Assim é a minha conduta no futebol: não quero me aproveitar da imagem de um atleta, isso seria arrivismo demais. O que é bem feito sempre é comentado, sem a necessidade de autopromoção. Não pretendo galgar as minhas escadas assim. Meu propósito é ajudar e só conseguimos isso com discrição.”

Bem formado e com técnicas mentais aprofundadas, com o exemplo da poeira que sobe dos campos varzeanos, Marcelo tem galgado seus sonhos acreditando que a motivação é o combustível de uma vida feliz. Sabiamente, proclama: “Um homem sem motivação e foco é um homem morto”.

Fica a dica para contratarem este profissional, pois seguindo o conselho do compositor mineiro Milton Nascimento de que “o artista tem que ir aonde o povo está”, assim Marcelo entende que a mensagem é ajudar independentemente de série, condições ou regiões. Afinal, no fundo, tratamos todos com seres humanos.