Economia de Guarapuava ganha reforço com injeção do 13º salário
Dados do Dieese apontam que município pode ter mais de R$ 140 milhões inseridos; economistas ouvidos pelo CORREIO comentam e dão dicas de como usar o dinheiro do 13º
A grande maioria dos trabalhadores formais já tem um destino certo para o 13º salário muito antes de recebê-lo. Alguns esperam pelo valor para alguma compra especial, outros preferem guardar ou pagar contas atrasadas.
O dinheiro não faz bem apenas para quem recebe, mas também para a economia. Em Guarapuava, por exemplo, a estimativa de injeção na economia é de R$ 144.216.172. O dado é do Escritório Regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Paraná, e aponta ainda que o valor médio pago em 13º no município é de R$ 2.951,20. A nível de estado a estimativa é R$ 8,892 bilhões apenas nos principais municípios paranaense. Para o estudo, o Escritório Regional do Diesse considerou os quarenta maiores municípios do Paraná.
A pesquisa mostra ainda que há uma concentração dos valores que podem ser injetados na economia paranaense em poucos municípios. Três deles se destacam: Curitiba (39,1%), Londrina (5,2%) e Maringá (4,7%). Juntos, eles respondem por quase metade do total (48,9%). Guarapuava tem apenas 1,35% de participação.
ANÁLISE
O CORREIO apresentou os números de Guarapuava para dois economistas e professores do Departamento de Economia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) para que avaliassem o real impacto desses mais de R$ 140 milhões na economia local.
Para Felipe Orsolin Teixeira, o 13º salário aumenta o poder de consumo da população e terá algum impacto positivo no comércio da cidade. No entanto, ele aponta que não há certeza sobre a quantia que irá circular. “Não se pode dizer que todo o valor de aproximadamente R$ 144 milhões será gasto no comércio, visto que parte da população se encontra endividada. Por outro lado, o gasto no comércio local tem efeitos multiplicadores”, afirma.
Ele explica que apesar do 13º salário ser pago apenas aos trabalhadores do mercado formal, é esperado que os autônomos e trabalhadores sem carteira assinada se beneficiem indiretamente desses recursos. “Por exemplo, o aumento do 13º pode impulsionar a demanda e os lucros dos proprietários das barracas de lanche e esses, por sua vez, gastam esse lucro extra em outros bens e serviços na cidade de Guarapuava. Cenário parecido pode ocorrer com os motoristas de aplicativo, com o aumento das viagens para festas e visitas de final de ano. Também é importante salientar que Guarapuava é um polo regional, sendo um centro comercial para muitos municípios vizinhos. Dessa forma, também é esperado que o impacto seja ainda mais elevado visto que parte do 13º salário das cidades limítrofes tende a ser consumido na cidade de Guarapuava e, portanto, beneficie o comércio local”, comenta o professor.
O apontamento sobre o valor que será inserido na economia guarapuavana é compartilhado pelo professor Eduardo Lopes Marques, também da Unicentro. “Dá para ver que o impacto não é sentido sobre o valor total visto que parte da população já está endividada. Então, muito desse valor serve para cobrir dívidas já assumidas”, destaca.

DICAS
Segundo Eduardo, uma das principais dicas para um uso consciente do 13º é pagar contas que já estão com juros mais elevados, caso do cartão de crédito. “Também pensar que o início do ano tem-se o aumento de despesas com IPVA, IPTU, renovação de matrícula escolar, compra de materiais etc. sem deixar é claro, de destinar uma parte para alguma compra em especial de final de ano, afinal de contas, não se pode esquecer que o décimo terceiro serve como uma compensação pelos 12 meses anteriormente trabalhados”.
Felipe Orsolin lembra que o uso ideal do 13º salário depende dos objetivos e da situação financeira individual de cada trabalhador e compactua com a orientação do professor Eduardo. “A grande parte do recurso do 13º salário entra nos meses de novembro e dezembro. Uma dica seria utilizar a primeira parte, creditada em novembro, para pagar as dívidas, principalmente as de juros elevados e a outra parte, creditada em dezembro, para as festas de final de ano.
O economista aponta que caso o trabalhador esteja com os débitos em dia, é indicado utilizar uma parte para compor uma reserva financeira. “Para cobrir gastos com emergência e não previstos no orçamento do próximo ano ou até para aproveitar a alta rentabilidade oferecida atualmente pelos títulos do Tesouro Direto”, específica Felipe.
Por fim, mas não menos importante, salienta-se também que o início do ano subsequente (2023) é marcado por um conjunto de despesas, tais como IPVA, IPTU, renovação de matrículas escolares, entre outras. Dessa forma, é importante incluir essas despesas no planejamento para tentar escapar do endividamento a juros altos.