Com a gasolina mais cara, vale a pena abastecer com etanol? Economista explica

Economista Eduardo Lopes Marques aponta que, dependendo da diferença de preço entre os dois, é uma boa troca. E mecânico explica o impacto do combustível na funcionalidade do veículo

Com mais um aumento no preço dos combustíveis, anunciado no último dia 10 pela Petrobras, os motoristas já começam a procurar alternativas para economizar na hora de abastecer o carro. O reajuste no preço da gasolina nas refinarias foi de 18,8% e passou a valer no dia 11, quando impactou diretamente nos postos de combustíveis.

Motoristas com carro flex têm a possibilidade de optar pelo etanol, que apesar de também ter sofrido um aumento, ainda é mais barato. No entanto, nem sempre vale a pena a troca, já que com o etanol o veículo faz menos quilômetros.

Em uma consulta ao aplicativo Menor Preço (do Nota Paraná), realizada na tarde desta terça-feira (15 mar 2022), encontramos o litro de gasolina comum mais caro a R$ 7,20 e o mais barato a R$ 6,84. O etanol, consultado no mesmo dia, tinha o preço máximo de R$ 5,09 e o mínimo de R$ 4,89. Apresentamos estes valores para o professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Eduardo Lopes Marques, para saber se vale a pena a troca.

“Durante muitos anos, a decisão em usar o etanol ou a gasolina baseava-se na comparação entre os preços que deveria dar uma diferença de 0.7 ou 70% entre os preços. Com base nos valores acima apresentados, verifica-se que ao compararmos o preço mais caro da gasolina com o preço mais barato do etanol essa proporção está em 0,679, ou seja, 67,90%, o que seria considerada uma decisão viável a substituição da gasolina pelo etanol. Contudo, com a evolução dos motores flex nos dias atuais essa relação entre etanol e gasolina pode chegar a até 75% dependendo também do condutor do veículo”, explica.

PROBLEMAS
Apesar de economizar em um primeiro momento, a substituição pode gerar prejuízos a longo prazo.

Para o mecânico Edson José de Oliveira, que tem mais de 40 anos de experiência, deixar de usar a gasolina não é uma boa para a questão mecânica, segundo ele, são vários os problemas. “O álcool vai ter mais dano para o motor, principalmente no frio. Ele vai falhar, perder o desempenho e vai forçar mais. Então vai ter um desgaste prematuro do motor estando com álcool. Também, se não for de boa qualidade, ele vai começar a dar superaquecimento na câmara de combustão do motor, ele vai começar a ter danos sérios, ficar ruim para pegar, afogando”, afirma.

O profissional também comenta que apesar do carro ter uma potência maior com o álcool, ele gasta muito mais. “Na gasolina ele tem mais economia [do combustível], não prejudica o motor, e é mais fácil para funcionar no frio, sem forçar nada. O álcool vai trazer prejuízos na parte de pistões, anéis, cabeçotes, vai ter um desgaste bem maior”, destaca Edson.

(Foto: Ilustrativa/Redação)

MAIS AUMENTO
De acordo com o economista Eduardo Lopes, o aumento nos preços dos combustíveis pode gerar o desencadeamento de uma alta generalizada de preços nas próximas semanas, principalmente pela questão dos fretes. “É importante frisar que já estamos passando por um período inflacionário, então as análises na elevação dos preços desses produtos devem ser vistas levando-se em consideração não somente como em decorrência da elevação do barril do petróleo, mas também de outras variáveis que estão presentes no mercado atualmente”, pontua.

Ele também explica que a definição de preços está vinculada a uma política vigente desde 2016 na Petrobras, que passou a acompanhar as oscilações internacionais. Ao listar outras variáveis, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e o ano eleitoral, ele não acredita que os preços caiam, muito pelo contrário. “Nessa perspectiva, acredito que nos próximos meses, com a manutenção da definição dos preços com base nas oscilações internacionais do preço do barril do petróleo é bem provável que tenhamos novos aumentos, mas sem perspectivas de redução do mesmo”.

DICAS
Se o gasto no abastecimento afeta a renda familiar, há outras formas de fazer economia. Eduardo destaca algumas delas, como evitar o desperdício de água e luz, levar ao supermercado uma lista com os itens essenciais, e quando necessário, substituir por marcas mais baratas, além de fazer pesquisas entre os estabelecimentos.

“Como dica de economia, e em decorrência da alta constante no preço dos combustíveis, a possibilidade do proprietário de um veículo em fazer um levantamento se não compensa, de repente, deixar de usar o veículo no dia a dia passando a usar o transporte público ou os serviços de aplicativos ou mesmo vendê-lo, livrando – se assim de despesas como IPVA e seguros. Outra opção é procurar realizar viagens compartilhadas com divisão de despesas, sem falar na manutenção da revisão do carro em dia para evitar gastos com manutenção”, finaliza.

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