Sessenta anos de ‘Hulk esmaga’

Criado em 1962 pela dupla Stan Lee/Jack Kirby, o personagem Hulk é uma mistura de Frankenstein e Mr. Jekyll/Mr. Hyde da literatura universal. Ao longo de seis décadas, o Gigante Esmeralda viveu todo tipo de aventuras, extrapolando as páginas das HQs para marcar terreno na TV e no cinema

Não fique verde de raiva com este texto. Ou melhor, cinza. Afinal, em sua edição de estreia, o personagem Hulk tinha uma cor de pele acinzentada, como queria o roteirista e cocriador Stan Lee.

Isso ocorreu em maio de 1962, quando a revista em quadrinhos “The Incredible Hulk”#1 chegou às bancas dos Estados Unidos.

Portanto, há mais de 60 anos, nascia o Hulk, personagem criado por Lee e Jack Kirby (desenhos), numa safra de personagens que mudaria a história dos quadrinhos norte-americanos. Vale lembrar que, nessa mesma época, apareceram o Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Vingadores, Homem de Ferro, Doutor Estranho etc.

Aliás, o sucesso da revistinha do Quarteto, em 1961, levou a Marvel a investir pesado no mundo dos heróis. Até aquele momento, era uma editora especializada em histórias de monstros.

Não por sinal, o Gigante Esmeralda é um… monstro. Mistura de personagens da literatura universal, como é caso de Frankenstein (criado por Mary Shelley) e Mr. Jekyll/Mr. Hyde (de Robert Louis Stevenson), o Hulk é a persona descomunal e descontrolada do Dr. Robert Bruce Banner, um cientista que foi atingido por raios gama enquanto salvava um adolescente durante o teste militar de uma bomba.

Na estreia do personagem, o monstro aparece na cor cinza, pois Stan Lee achava que daria um aspecto mais assustador ao personagem. Mas, com a revista impressa, o roteirista percebeu que o tom não funcionou bem. Assim, Lee optou pelo verde já na edição seguinte.

Por isso, o alter-ego do Dr. Banner entrou para a história “verde de raiva”. Ao longo de seis décadas, o monstrão marvete viveu todo tipo de aventura, indo de “Hulk burro esmaga” ao senhor Tira-Teima (mais malandro), passando por fases de controle da versão humana, inteligente, poderoso, menos poderoso, cinza, verde e até mesmo em outro planeta ou dimensão.

Mas sempre com essa dualidade inspirada no livro “O médico e o monstro”: depois de realizar inúmeras experiências em seu laboratório, usando uma substância misteriosa, Dr. Jekyll passa a se transformar no horrendo e assustador Mr. Hyde.

Em estreia nos quadrinhos, Hulk era ‘cinza de raiva’ (Foto: Reprodução/Marvel)

REVISTA
No Brasil, a fase mais duradoura do personagem ocorreu na editora Abril, no período de 1983 a 1997. A revista “O Incrível Hulk” (que também se chamou “O Novo Incrível Hulk”) durou 165 números.

Atualmente, a Panini, detentora dos direitos de publicação, publicou o título “O Imortal Hulk” entre 2019 e 2022 ao longo de 11 edições, uma fase aclamada com roteiro de Al Ewing e desenhos do brasileiro Joe Bennett (o Bené Nascimento).

E a história de origem do personagem (dos anos de 1960) foi republicada pela Panini em 2021, na “Coleção Clássica Marvel Vol. 5 – Hulk Vol. 1”.

SÉRIE
O Golias Verde também fez sucesso em outras mídias. Para os fãs mais antigos, marcou época a série de TV “O Incrível Hulk”, que foi ao ar entre 1977 e 1982, totalizando 82 episódios. O programa era estrelado por Bill Bixby (Dr. Banner) e Lou Ferrigno (a versão Hulk).

A série costumava ser encerrada de maneira melancólica ao som da trilha sonora “The Lonely Man”, de Joe Harnell. E uma curiosidade: o nome do protagonista foi alterado para David Banner.

Seis anos após o fim do programa, os atores voltaram a encenar seus personagens em três telefilmes: “A volta do incrível Hulk” (1988), “O julgamento do incrível Hulk” (1989) e “A morte do incrível Hulk” (1990).

No Paraná, a editora Estronho publicou o volume “O Incrível Hulk”, de Saulo Adami, contando sobre os bastidores dessa série de TV. O livro está fora de catálogo.

Mas outra casa editorial paranaense, a Estrada de Papel, lança a obra “Na sala dos roteiristas”, de Saulo Adami e Carlos Gomes. A proposta é revelar o processo de produção de quatro séries de TV: “Perdidos no Espaço”, “O Vigilante Rodoviário”, “O Incrível Hulk” e “Korg e o Mundo Misterioso”.

Série de TV tinha Bill Bixby e Lou Ferrigno nos papéis (Foto: Reprodução)

ANIMAÇÃO
No entanto, a primeira aparição do personagem marvete na TV foi em um desenho animado, em 1966, na série “The Marvel Super Heroes”, do estúdio Grantray-Lawrence Animation.

Segundo a revista “Mundo dos Super-Heróis”#52, foram 13 episódios de 21 minutos cada com cenas reproduzidas direto dos gibis, “geralmente copiando a arte de Jack Kirby”, diz o texto da publicação. “Como os roteiros eram adaptados das histórias de Stan Lee, o Hulk era bem fiel às HQs”.

No Brasil, o programa foi exibido pela Bandeirantes, Tupi e Globo. E ficou conhecido como “desenhos desanimados”, por conta da falta de dinamismo na movimentação de cenas.

FILMES
Além da TV, o personagem criado por Lee/Kirby também estrelou dois filmes para o cinema, que não deixaram saudade. Um foi dirigido por Ang Lee em 2003, com Eric Bana no papel principal (o gigante era feito em computação gráfica); outro em 2008, com direção de Louis Leterrier, produção da Marvel Studios e Edward Norton como Banner.

O sucesso mesmo foi como coadjuvante nos longas-metragens dos Vingadores. Desta vez, Mark Ruffalo ficou com a incumbência de viver o cientista.

****Texto/Pesquisa: Cristiano Martinez, especial para correiodocidadao.com.br

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