Quase setentona, marca nacional Tonante retorna ao mercado de instrumentos musicais em nova linha de produtos

A história do mercado de instrumentos musicais no Brasil não é feita apenas de marcas estrangeiras e cobiçadas pelos praticantes.

Houve um tempo em que a madeira nacional estalava primeiro no coração do músico. No passado, marcas como Giannini, Phelpa, Tonante e Tagima abriam portas para guitarristas e violonistas. De tão importantes, ficaram na memória afetiva.

Por isso, tem causado frisson nas redes sociais o retorno da Tonante em 2021. Fundada em 1954 como “Ao Rei dos Violões Ltda.” por dois irmãos portugueses (Abel e Samuel Tonante), essa fabricante começou em agosto deste ano a comercializar a nova linha de violões e guitarras, com produção no mercado asiático; além de acessórios como capotrastes, afinadores e encordoamentos.

E o mais incrível de tudo isso é que uma empresa paranaense está por trás da volta da marca. Trata-se do Grupo Oderço, cuja sede fica em Maringá, na região Noroeste. É uma empreendimento familiar do ramo de informática e eletrônicos, fundada por Oderço Matos, com 8 mil clientes ativos em todo o Brasil e faturamento milionário.

Em entrevista ao CORREIO, o gerente de produtos da nova Tonante, Uilian Santos, conta que o grupo maringaense tinha planos de ampliar seu leque de produtos. “A gente já tentou outras vezes entrar no ramo musical com marca própria”. Mas, segundo ele, é uma seara mais complicada, pois demanda muito investimento.

Até que, durante conversa com um dos diretores da empresa, Mateus Matos, o gerente comentou sobre a ideia de adquirir uma marca que estivesse disponível. Passaram-se quatro meses e, coincidência ou destino, Mateus foi contatado por uma pessoa querendo vender os direitos da clássica Tonante.

Depois de um período de negociações, a compra foi sacramentada em 2019 junto à Dylan, marca de microfones que detinha o registro. Mais dois anos se passaram e Santos deixou algumas linhas de informática do Grupo Oderço para se dedicar integralmente ao novo projeto.

Ao final de agosto de 2021, o mercado e a base de fãs se surpreenderam com a chegada de violões e guitarras com a nova logo e o detalhe “Desde 1954” na madeira.

Em escala industrial, é a primeira empresa de Maringá com marca de instrumento musical. “Orgulho e ao mesmo tempo preocupação”, diz Santos, explicando que a preocupação é com a legião de fãs da marca. “Conseguir entregar aquilo que as pessoas esperam da gente. Este é o ponto principal hoje da marca”.

PROJETO
O gerente de produtos explica que o projeto de marketing, pesquisa e desenvolvimento de produtos da Tonante vem desde 2020. Até chegar às mãos do consumidor final, uma guitarra ou violão levou de oito a 12 meses de trabalho. “Começamos com uma linha bem custo/benefício, não deixando de olhar pela qualidade”, explicando que os produtos foram feitos na China.

Aliás, Santos explica que um violão Tonante estava na mesma linha de produção de um Martin ou Gibson, que são marcas estrangeiras de primeira linha. Mas, claro, cada um com suas especificações. “Não importa o lugar onde é feito, o que importa é o padrão de qualidade que você aplica a seus produtos”, destacando que essa marca brasileira tem um padrão de desenvolvimento.

Não por sinal, a Oderço tem um escritório na China, onde uma equipe de colaboradores acompanha todo o processo de inspeção dos instrumentos na fábrica. “É muito difícil um produto vir com um problema. A gente mantém um padrão de qualidade alto”, afirma o gerente.

Inclusive, hoje o padrão chinês é superior ao brasileiro. Mas o problema maior de fabricar em solo nacional é a questão da liberação ambiental, autorização para uso de madeiras e falta de mão de obra especializada.

NOVA LINHA
Hoje, os músicos têm à disposição a guitarra stratocaster Tonante Muriel’s (apenas 1,5 mil unidades produzidas); e os violões Ametista, Topázio, Ágata e Jade, que são as pedras preciosas da família.

E um detalhe: a próxima leva de guitarras será com um headstock desenvolvido especialmente para a marca, criando uma identidade própria.

MADE IN BRAZIL
Mesmo com as vantagens de fabricação na China, a nova Tonante quer lançar edições comemorativas de antigos modelos, caso da famosa Finder, produzidas em solo brasileiro.

Será uma linha especial prevista para 2022/2023, com unidades numeradas, possivelmente captadores Malagoli (que fizeram a história da Tonante), com preço acessível, verdadeiro item de colecionador.

No entanto, antes de tudo isso, Santos conta que a ideia da marca é lançar, na virada dos anos de 2021 e 2022, pelo menos 25 modelos de violão, desde instrumentos de entrada até mesmo com tampo sólido; mais seis tipos de guitarras; dois contrabaixos; e uma bateria. Tudo com nome de batismo (Valentine, por exemplo), como reza a tradição no meio musical.

Sem contar também encordoamentos, suportes, afinadores, capotrastes e palhetas (estas para o ano que vem). Mas sem amplificadores, pedais, cases ou capas.

VÍDEO
Para marcar a volta oficial da Tonante, a empresa lança nesta sexta-feira (10 setembro), às 10h, uma produção audiovisual nas redes sociais.

Trata-se de um filme que liga presente e passado da marca, contando histórias. Inclusive, o público poderá ver instrumentos da fase clássica e da nova linha de produção. Segundo Uilian Santos, a ideia do vídeo é aproximar o consumidor da marca. “Saber que ele [músico] faz parte da história”.

Com o slogan “Feito de histórias”, o vídeo produzido nas cidades de Maringá e Ourizona, região norte do Paraná, traz como mote principal o vínculo afetivo que as pessoas criam com a música, explorando assim sua enorme capacidade de nos ajudar a construir boas histórias, eternizar lembranças e resgatar relações, como pais e filhos por exemplo, que hoje vivem um grande distanciamento causado por conta de toda tecnologia.

SERVIÇO
Para saber mais informações sobre a Tonante, acesse seu site (https://tonantebrasil.com.br/) ou perfil no Instagram (www.instagram.com/tonantebr/). Os instrumentos e acessórios podem ser adquiridos em lojas online.

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