Primeira Bienal de Arte da Unicentro tem como meta valorização das mulheres

A mostra reúne produções de 50 artistas e mais de 100 obras. “Mulheres: percursos de desobediência e resistência” é o tema deste ano

A desobediência feminina como meio para romper barreiras e conquistar objetivos de equidade. É nessa perspectiva que a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) realiza, neste mês de março, a I Mostra Bienal de Arte com a temática “Mulheres: percursos de desobediência e resistência”.

O evento, explica a diretora de cultura da Unicentro, professora Níncia Cecília Borges Teixeira, agrega atividades científicas, artísticas e culturais. “A Bienal tem como objetivo dar visibilidade aos artistas da nossa região, reunindo várias artistas, mas também homens que tenham a temática voltada para as mulheres. São mulheres e homens juntos pela equidade de gênero”, diz.

A mostra reúne produções de 50 artistas e mais de 100 obras. Além da exposição, também faz parte da Bienal a II Jornada de Científico Cultural do Laboratório de Estudos Culturais, Identidade e Representação. “Nós tivemos mais de 20 banners de participação de pesquisas de alunos aqui da universidade, de iniciação científica chegando até o doutorado. Todos eles com a temática mulheres”, detalha Níncia.

A realização da Mostra Bienal de Arte da Unicentro conta com a parceria das secretarias municipais de Políticas Públicas para Mulheres e de Educação e Cultura.

“É simplesmente extraordinário a gente poder contar com duas instituições muito fortes, de posicionamento firme pela promoção da equidade e pelo fim da violência, seja por meio da Prefeitura de Guarapuava ou pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. Hoje, a gente lança uma bienal que tem como primeiro tema os percursos de resistência e desobediência das mulheres, então, é um alinhamento de que estamos avançando para construir uma cidade com equidade”, diz a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Priscila Schran.

“A Unicentro não podia ficar distante dessa discussão para mostrar as dificuldades e os avanços também, e unido a arte como resistência, como forma de expressão, de comunicação, de grito de alerta”, completa a diretora de Cultura de Guarapuava, Rita Felchak.

O vice-diretor do campus Santa Cruz, professor Carlos Kuhl, também falou sobre a relevância do tema escolhido para a primeira edição. “É extremamente importante, depois de tanto tempo, nós podermos receber um evento, reabrir as portas da universidade para a arte, para ciência e abordar um tema extremamente importante. Demonstra também a importância da universidade para disseminar o conhecimento científico oriundo desse tema e, também, a parte artística que representa a luta das mulheres para a busca de uma igualdade na sociedade”, afirma.

As apresentações da abertura da Bienal e a exposição das obras de arte também chamaram a atenção do acadêmico Gabriel Rodrigues dos Santos pela temática abordada. Para ele, é uma forma de usar a arte como instrumento para levantar discussões sobre feminicídio e equidade de gênero. “Eu acho muito importante discutir isso dentro da universidade, para influenciar nós estudantes e a comunidade a se indagar sobre isso”, avalia.

Michele Lima é egressa do curso de Arte e Educação da Unicentro. Além de conferir as atividades, também colaborou enviando uma obra para ser exposta na Mostra. Na instalação intitulada “Sangria Desatada”, a artista trabalhou com esculturas em argila. “A ideia é de como nós, mulheres, só por sermos mulheres, já nascemos com algumas questões – tem que ter família, tem que ter filho, tem que casar. E não. A gente pode ser diferente. Quem quer, quer. Quem não quer, não quer. Mas isso não tem que ser uma regra. Então, eu trago um pouco na minha obra essa questão de que nós podemos ser livres com os nossos úteros também”, explica.

Bruna Caroline Cybulski também conferiu a Mostra Bienal e ressalta o evento como uma oportunidade para expor e integrar o debate sobre a questão das mulheres em diferentes aspectos – desde o científico até o artístico-cultural. “Eu acho de extrema importância a gente trazer cada vez mais obras artísticas que conversem com pesquisas produzidas por mulheres, que falem sobre mulheres porque, mesmo dentro da universidade, mulheres estão sendo mortas ou atacadas. A gente quer mostrar que estamos vivas e nós agimos, nós existimos”.

SERVIÇO

A primeira Mostra Bienal de Arte “Mulheres: percursos de desobediência e resistência” segue aberta para visitação, gratuitamente, em Guarapuava, ao longo de todo esse mês de março.

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