Obra de Drummond retorna à editora Record

Em 2022, comemoram-se os 120 anos do mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), o maior poeta do século 20 na literatura brasileira. Ele nasceu em 31 de outubro de 1902, uma data que se transformou no “Dia D” da poesia.

A efeméride também coincide com a volta de sua obra para a editora Record, casa que completa 80 anos de história.

Segundo informações de divulgação, “Alguma poesia”, “Sentimento do mundo”, “Claro enigma” e “Antologia poética” são os primeiros lançamentos, em novas edições que ecoam aspectos modernistas da obra do poeta.

“O uso de cores diversas, fotografias, pinturas, ilustrações, recursos gráficos e tipologias tradicionais cria uma linguagem viva, mais livre, voltada não só aos conhecedores da grandiosidade poética de Drummond, como àqueles que não necessariamente são leitores de poesia. Afinal, propagar as palavras de Drummond – torná-las lidas, conhecidas, sentidas – é o nosso objetivo”, diz a Record, em suas redes sociais.

O novo projeto é assinado pelo designer Leonardo Iaccarino.

Além disso, as edições passam por cotejamento com os textos originais de Drummond – um trabalho de fixação que foi realizado por Edmílson Caminha e Alexei Bueno, dois grandes conhecedores da obra do poeta.

Ainda, as edições contarão com conteúdo extra: índice de primeiros versos, duas bibliografias, de e sobre Carlos Drummond de Andrade, e cronologia que abarca os três anos imediatamente anteriores e posteriores à primeira publicação de cada um dos livros, em pequena amostra dos contextos histórico e cultural em que foram lançados.

Os livros terão posfácios de leitores ilustres. O escritor Mia Couto assina o texto de “Claro enigma”; a cantora Zélia Duncan, o de “Antologia poética”; o ativista e escritor Ailton Krenak, o de “Sentimento do mundo”; e o estilista Ronaldo Fraga, o de “Alguma poesia”. Os autores compartilham suas experiências pessoais, trazendo um olhar mais próximo do leitor que busca uma identificação com as poesias de Drummond.

CRONOGRAMA
Segundo o site da editora Record, o lançamento das novas edições do poeta mineiro está prevista para 4 de abril. E o preço sugerido dos exemplares varia de R$ 44,9 a R$ 64,9.

Um dos destaques da fornada é o seu debute no mercado editorial. “No meio do caminho”, “Poema de sete faces” e “Quadrilha” estão entre os poemas mais conhecidos de Carlos Drummond de Andrade, e todos fazem parte de “Alguma poesia”, seu livro de estreia, publicado em 1930, quando o poeta tinha 28 anos. Aqui, mais inequivocamente do que em qualquer outra de suas obras, transparece a influência da Semana de Arte Moderna de 1922 e, sobretudo, de Mário de Andrade, com quem Drummond manteve uma farta correspondência literária.

O ideário e a estética modernistas estão presentes na maneira como o poeta se coloca no mundo – recusando antigas idealizações e inserindo-se no cotidiano, “como qualquer homem da Terra”. Estão também no delicioso senso de humor que caracteriza muitos dos poemas aqui reunidos – “Cidadezinha qualquer”, “Papai Noel às avessas”, “Cota zero” e “Balada do amor através das idades” são bons exemplos. E, por fim, estão no enfrentamento do nacionalismo como tema, caso de “Europa, França, Bahia” e “Fuga”, entre outros.

A rebeldia alegre da modernidade surge acompanhada de uma lucidez inquieta, que traz questionamentos éticos, políticos e existenciais, pondo em dúvida o avanço técnico e o progresso – “Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples”, escreve o poeta. Em meio a poemas marcados pela juventude e o frescor, já se revelava, com traços firmes, a típica inteligência drummondiana.

DIA D
Desde 2011, o Instituto Moreira Salles (IMS) organiza o Dia D – Dia Drummond, com o objetivo de fazer com que a data do nascimento do grande poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade (31 de outubro de 1902), passasse a integrar o calendário cultural do país.

Fique de olho no site do evento (diadrummond.ims.com.br).

E também existe outro site dedicado à sua obra: https://www.carlosdrummond.com.br/