Lançada no Brasil em 2017, HQ conta história de Dahmer, serial killer que virou série da Netflix

Em “Meu amigo Dahmer”, o quadrinista norte-americano Derf Backderf rememora o tempo em que era amigo e colega de escola de Jeff Dahmer, que viria a se tornar um dos mais famosos serial killers do século 20, o “canibal de Milwaukee”

Em 1º lugar no “Brasil: Top 10” de séries da Netflix (até 4 de outubro/2022), “Dahmer: um canibal americano” (2022) viralizou entre os espectadores da famosa plataforma de streaming.

Tudo isso graças à atuação de Evan Peters no papel de Jeffrey Dahmer, um dos serial killers mais famosos da história dos Estados Unidos.

Mas antes do sucesso no universo multitela, a trajetória desse assassino foi vista na graphic novel “Meu amigo Dahmer” (trad. Érico Assis, 288 páginas), lançada no Brasil em 2017 pela DarkSide Books, editora especializada em literatura e quadrinhos de terror e fantasia.

O mais incrível é que o autor do quadrinho, Derf Backderf, foi colega de escola do Dahmer, fazendo parte de seu círculo de amizades. Mas, claro, naquela época ele nem imaginava que o rapaz se tornaria um serial killer.

Em 1991, o ilustrador e jornalista norte-americano Backderf descobriu que o antigo colega Jeff havia se tornado um temível psicopata, que matou, esquartejou e canibalizou 17 vítimas. O criminoso ficou conhecido como o “canibal de Milwaukee”.

Para tentar entender o modo como Dahmer se tornou esse “monstro”, Backderf produziu a premiada graphic novel “Meu amigo Dahmer”.

Gestada durante 20 anos, a HQ é um trabalho de fôlego do quadrinista norte-americano. Backderf utiliza uma narrativa em primeira pessoa para rememorar o tempo em que ele conheceu Dahmer na escola nos anos de 1970, em uma cidadezinha rural dos Estados Unidos. É uma espécie de “gênese do mal”, em que o narrador mergulha no íntimo do jovem protagonista, para entender a trajetória trágica que o levou a matar 17 pessoas na vida adulta.

Como personagem da história, Backderf revela a sua relação de amizade com Dahmer, um cara solitário que sofria bullying na escola, tinha carência afetiva dos pais e utilizava a bebida alcoólica para aplacar os pensamentos sombrios. Naquela época, a versão em papel do quadrinista tinha uma relação de coleguismo com o perturbado protagonista da história, mas sem grandes intimidades ou amizade sincera.

Capa da edição brasileira da HQ (Foto: Divulgação/DarkSide Books)

PESQUISA
Mas o material de “Meu amigo Dahmer” não fica apenas nas impressões do autor. Durante 20 anos, Derf Backderf fez entrevistas com colegas e amigos dos tempos de escola, pesquisou nos arquivos de jornais e do FBI, além de cotejar o depoimento público dos pais de Jeff Dahmer.

Muitos tinham histórias do garoto que costumava fingir surtos epilépticos, que exagerava na bebida antes mesmo de ir para a aula e que parecia ter uma fixação em dissecar os animais atropelados que encontrava perto de casa.

Em seu conteúdo extraliterário, a graphic novel conta com um farto material de apoio para o leitor. Na apresentação, nas notas finais e nas cenas deletadas, o autor desnuda as informações obtidas em material de arquivo e nas entrevistas, reforçando a preocupação com a veracidade dos fatos.

SIMPATIA
Logo na introdução do livro, Derf Backderf deixa claro ao leitor que a graphic novel não tem o objetivo de glamorizar ou espetacularizar a trajetória de um serial killer. Por isso, a história termina quando Jeff Dahmer comete o primeiro assassinato.

Até esse momento, o leitor, segundo o autor, poderia sentir “simpatia” pela vida trágica de Dahmer. Mas apenas isto e nada mais, pois o protagonista poderia ter se matado ou se entregado à polícia para não cometer outros crimes. No entanto, ele continuou anos depois com sua espiral de assassinatos e canibalismo, até ser preso e morrer na cadeia.

PRÊMIO
A HQ “Meu amigo Dahmer” foi premiada no Festival de Angoulême, França, em 2014, e incluída pela revista Time como um dos cinco melhores livros de não ficção de 2012.

AUTOR
Derf Backderf vendeu seu primeiro cartum, um retrato nu de sua professora da sexta série, por dois dólares a um colega de classe que o utilizou para propósitos indescritíveis. Hoje ele é um dos mais lidos criadores de quadrinhos independentes. O artista e escritor, que trabalha em um estúdio não aquecido no sótão de sua casa em Cleveland, cresceu em uma pequena cidade rural em Ohio, experiência que inspirou o best-seller internacional “Meu amigo Dahmer”, que foi adaptado para o cinema em 2017 pelo diretor Marc Meyers.

Série é a mais assistida pelos brasileiros na Netflix (Foto: Reprodução)

SERVIÇO
O livro “Meu amigo Dahmer” está disponível para aquisição no site da editora, a R$ R$ 74,90.

Deixe um comentário