Kaio Miotti comemora dez anos de ‘Vira Lata Hoje’ com shows em Guarapuava

Apresentações serão nesta sexta-feira (8) e sábado (9) no Zucca Bar e na Cervejaria Jordana Bier. Primeiro EP autoral da carreira do músico e jornalista foi gravado e lançado na chamada Capital da Cevada e do Malte em 2013, com produção de Fábio Brum, famoso guitarrista de blues/rock

Há dez anos, Kaio Miotti cantava “Vira lata/Sujeito sujo/Olhos acesos pela madrugada/Vira lata/Sujeito sujo/Olhos acesos coração em brasa”. Era “Um Vira Lata”, faixa-título do primeiro EP de estúdio do hoje músico e jornalista.

Produzido pelo guitarrista Fábio Brum (de bandas como Bêbados Habilidosos e Saco de Ratos), o disco foi gravado durante cinco dias alucinantes em Guarapuava, no estúdio dos irmãos Alessandro e Leandro Küster, dois nomes de peso do rock da chamada Capital da Cevada e do Malte.

Para comemorar a década de lançamento do autoral “Vira Lata Hoje”, Miotti, que é compositor, cantor e guitarrista, volta a Guarapuava para dois shows, quebrando um hiato de oito anos. Nesta sexta-feira (8), sobe ao palco do Bar Zucca; e no sábado (9), na Cervejaria Jordana Bier.

Num passado nem tão distante, Miotti morou na “terra do lobo bravo” durante cinco anos, para estudar jornalismo, trabalhar na comunicação e agitar a cena cultural, com participações em festivais musicais; além de mergulhar na leitura de poetas beatniks e autores marginais, como João do Rio. O underground sempre fez parte da trilha desse jornalista formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).

Essa trajetória culminou com a gravação do EP “Vira Lata Hoje” em 2013, cuja capa ganhou o traço do artista Lauri Eduardo dos Santos em caricatura com o próprio Miotti, na cena noturna da cidade, sintetizando o espírito do vira lata errante. Ou melhor, do blues marginal e esfumaçado das seis faixas.

À época, o disco teve lançamento na retomada do “Guarapuava Rock City”, um festival que abriga bandas e artistas autorais do maior município do terceiro planalto paranaense. Essa apresentação gerou um clipe com imagens de estúdio e ruas, onde aparece a atriz Jéssika Oliveira em cena, sob edição de João de Barba.

“Guarapuava é uma cidade que está no meu coração”, resume Miotti.

Capa do EP tem desenho do artista Lauri Eduardo dos Santos (Foto: Reprodução)

ORIGENS
Para chegar ao “Vira Lata Hoje” de 2013, Kaio Miotti viveu uma experiência única dois anos antes.

Em Umuarama, em 2012, ele se apresentava no então Magnólia Pub, tocando músicas do Bêbados Habilidosos, melhor banda brasileira de todos os tempos na opinião desse músico. Até que um sujeito se aproximou do palco e tomou seu violão, pedindo para Miotti tocar gaita.

“Quando olhei, era o Fábio Brum, um cara que eu ouvia desde os 15 anos de idade. Nessa altura, estava com meus 23, 24”, recorda o jovem guitarrista, destacando que a experiência foi um choque, no bom sentido. A dupla tocou várias músicas. Nem é preciso dizer que rolou uma afinidade.

À época, Brum faria seu último show pela Made in Brazil, histórica banda de rock do bairro da Pompeia (SP), liderada pelos irmãos Vecchione.

Naquele mesmo ano de 2012, o agora ex-integrante da Made seria levado por Miotti para Guarapuava, participando de um evento com cinema e música. Aliás, Brum ministrou uma oficina de guitarra, tocando no encerramento do festival, ao lado das bandas Kingargoolas e Pedregulho, ambas guarapuavanas.

“E nesses dias que o Brum ficou por aí, ficou em casa, mostrei minhas músicas para ele que eu nunca havia gravado”, conta Miotti, explicando que o convidado se interessou em produzir seu material, sem cobrar cachê.

Assim, pela internet trocaram ideias sobre as músicas. Quando foi o período de gravação do EP, o Brum veio antes e tocou em algumas casas noturnas de Guarapuava.

Nos cinco dias de estúdio, Leandro Küster fez a bateria, Brum guitarra e baixo e, na última faixa, violão junto de Miotti. Por sua, Alessandro Küster trabalhou na mesa de som, mixagem e produção dentro do estúdio. “Foi muito louco gravar assim, porque foi muito rápido. A gente entrava no estúdio 10h da noite, saía de madrugada e uma semana de vivência intensa em cima das músicas. Aprendendo muito com o Fábio Brum”, diz Miotti, destacando que foi um cara que demonstrou carinho imenso pelo seu trabalho.

Para financiar o disco, o jornalista contou com aporte da família e o salário de estagiário na função de operador de câmera na antiga TV Cidade de Guarapuava.

DÉCADA
Kaio Miotti conta que nem tinha se tocado da data redonda de “Vira Lata Hoje”. Até que viu um vídeo do músico João Felipe Horchak, que cantou “Um Vira Lata” nas redes sociais. “Eu fiquei super feliz. Nem me dei conta que fazia dez anos. Aí tive a ideia de comemorar em Guarapuava, onde gravei o disco”, diz Miotti.

“Imagina, dez anos se passaram e uma pessoa lembra da minha música”, destacando que a letra de “Vira Lata” é uma parceria com Felipe G. Maia, que na época era estudante de Letras e hoje professor. “Eu fico sem palavras. Isso dá gás para continuar e entender que também faço arte”, diz o jornalista.

Nessa década desde o lançamento, o músico continua orbitando em torno de seu primeiro EP autoral. Por exemplo, gravou dois clipes das faixas “Gosto de rum” e “Vira Lata” em parceria com a Controvento Produções, da Chris Vianna, editora da Atrito Arte e poeta/musicista de Londrina; e o cineasta Carlos Fofaun Fortes, hoje em Portugal.

Inclusive, são parcerias feitas na base da amizade, que ajudaram a financiar a arte de Miotti. “Porque dinheiro é dificílimo nessa esfera de arte, no underground”, dizendo que sempre trabalhou assim. Até mesmo em seus shows com repertório cover. “Acho que as pessoas merecem o novo. Gosto do novo, gosto do underground. Daquilo que está por baixo, no subterrâneo. É uma cultura beatnik que assimilo muito”.

CARREIRA
Além de músico autoral e de bares, Miotti é jornalista, tendo atuado em jornais como “Hoje Centro-Sul” (de Irati), portais de notícias em Umuarama, assessoria de políticos, “frilas” diversos e comunicação em projetos (MST e na Paraíba). Sem contar também a participação em Chris Vianna e Os Benditos Energúmenos.

SERVIÇO

Kaio Miotti, com repertório de Bob Dylan, Stones, Blues

Sexta-feira (8), às 20h

Couvert: R$ 8

Bar Zucca (rua Quintino Bocaiúva, 1.101, Centro)

Guarapuava

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