Gibizão reúne antologia dedicada ao X-Man Wolverine

Lançado no Brasil pela Panini em 2021, o volume “Wolverine: preto, branco e sangue” apresenta 12 histórias curtas escritas e desenhadas por nomes da velha guarda dos quadrinhos, casos de Chris Claremont e Chris Bachalos, ao lado de John Ridley, Steven S. DeKnight e do brasileiro Paulo Siqueira

Agente secreto, samurai, soldado, viajante (no tempo/espaço) e até mesmo família (mas do jeito dele, claro). Das florestas nevadas do Canadá aos becos de Madripoor. Tudo isso sem filtro, cores. Ou melhor, com muito vermelho.

As várias facetas do mutante mais famoso da Marvel Comics estão em “Wolverine: preto, branco e sangue” (tradução de Rodrigo Oliveira), antologia de HQs curtas lançada no Brasil pela Panini em novembro de 2021.

Ao todo, são 12 histórias, cada uma com dez páginas em volume que totaliza 136 (de “Wolverine: Black, White & Blood” 1-4). Elas são escritas e desenhadas por nomes da velha guarda dos quadrinhos, caso do roteirista Chris Claremont e do desenhista Chris Bachalos, ao lado de John Ridley (vencedor do Oscar pelo filme “12 anos de escravidão”) e Steven S. DeKnight (escritor das séries de TV “Spartacus” e “Demolidor”). Tem até o traço de um brasileiro.

Como o nome entrega, é uma edição especial com HQs desenhadas no preto e branco, manchadas por uma única cor: vermelho. Além de marcar o sangue, o que é meio óbvio de se dizer, essa tonalidade pontua alguns personagens, certa ambientação e, claro, dá luz à áurea de instinto e violência do personagem principal em sua natureza bestial.

Caso você não saiba, Wolverine – uma criação de Roy Thomas, Len Wein, John Romita Sr. e Herb Trimpe, cuja primeira aparição ocorreu nas páginas de “Incredible Hulk” #180 (1974) – é um mutante com alto fator de cura (ele se regenera após sofrer algum tipo de dano físico), garras de adamantium (um metal inquebrável) e bom de briga. Ele é conhecido por “ser melhor naquilo que faz”, ou seja, o cara é convocado para enfrentar os piores inimigos, geralmente em cenas violentas com muito sangue (de ambos os lados).

Em ação, esse X-Man (do grupo criado por Stan Lee e Jack Kirby em 1963) é um verdadeiro prato cheio para os desenhistas, que podem explorar visualmente os movimentos do protagonista em páginas impactantes, abusando de splash pages e closes.

Capa da edição brasileira (Foto: Reprodução)

Aliás, o grande diferencial da edição da Panini é a dimensão do produto: 23.4×33 cm, muito maior do que o chamado “tamanho americano” (que costuma ter “apenas” 17×26 cm) no Brasil. Ou seja, é um verdadeiro gibizão, o que possibilita que a ação “salte” aos olhos do leitor, destacando o grafismo da narrativa, com toda a ferocidade de personagens como o Dentes de Sabre ou mesmo Wolverine.

Nesse sentido, destaque na antologia para os artistas Adam Kubert (HQ “A fera que há dentro de nós”), Declan Shalvey (“Febre na cabana”), Salvador Larroca (“Vamos morrer hoje?”), Khary Randolph (“A arte da pedra”) e o brazuca Paulo Siqueira (“Paus e pedras”). Todos eles produzem uma arte espetacular, com páginas explosivas e impactantes que são amplificadas pela dimensão maior do gibi. É como se um guitarrista virtuoso utilizasse um amplificador Fender ou Marshall no talo!

Se fosse um material publicado naquele velho formatinho da editora Abril (ou “formato pato”, de 13 x 21 cm), dos anos de 1980/90, é batata que se perderia em muito com essa proposta gráfica da Panini para “Wolverine: preto, branco e sangue”. Nada contra o tamanho das antigas revistinhas da casa fundada por Victor Civita, que cumpriam seu papel social em tentar baratear o preço dos gibis naquela época; mas esse formatão dá outro “tcham”.

Na verdade, a Panini apenas seguiu o projeto original norte-americano, publicado pela Marvel, que é um pouquinho maior (‎24 x 33.66 cm).

ENTENDA
Segundo informações editoriais, “Wolverine: Black, White and Blood” inaugurou uma sequência de minisséries antológicas em que autores do momento, acompanhados por veteranos e estrelas convidadas, prestam homenagem a alguns dos personagens mais cativantes da Marvel.

BRASILEIRO
A antologia da Panini fecha com uma história escrita por Steven S. DeKnight e desenhada pelo brasileiro Paulo Siqueira. Chama-se “Paus e pedras” e se passa na Terra Selvagem, espaço presente no Universo Marvel que é povoado de seres pré-históricos e fantasia.

É um confronto entre Wolverine e Sauron, um monstro que mistura homem e o dinossauro pterodáctilo. A principal característica dessa HQ é o toque de ação com certo humor.

Em relação ao desenhista, não é de hoje que os artistas brasileiros têm se destacado com trabalhos no mercado norte-americano. Figuras como Roger Cruz e Mike Deodato Jr. trilham esse caminho há muito tempo.

É o mesmo caso de Siqueira, ativo desde 2003 com colaborações a várias editoras dos EUA. Entre suas obras para a Marvel, destacam-se “Amazing Spider Man” (título do Homem-Aranha), “Marvel Comics Presents”, “A-Force” e “Morbius”. Segundo a Panini, o brasileiro está entre os autores escolhidos por Todd McFarlane para o seu próximo “Spawn Universe”.

Pinceladas do vermelho por Guru-eFX em página de Joshua Cassara (Foto: Reprodução)

SERVIÇO
A edição especial “Wolverine: preto, branco e sangue” está à venda na loja virtual da Panini (CLIQUE AQUI), a R$ 99,90.

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