Dia do Quadrinho Nacional: conheça gibis da temporada 2023

De carona com a data, que é comemorada nesta segunda-feira (30), a reportagem selecionou lançamentos de autores brasileiros para o ano. A variedade engloba desde relançamentos do mestre Flavio Colin, passando por Lourenço Mutarelli, até material inédito

Flávio Colin, Lourenço Mutarelli, Bianca Pinheiro… o ano de 2023 promete muitas páginas de gibis desenhadas por autores e autoras do Brasil. Nesta segunda-feira (30), comemora-se o Dia do Quadrinho Nacional e a reportagem selecionou as HQs produzidas por quadrinistas da terra brasilis para o ano.

Falecido em 2002, o carioca Flavio Colin deixou um legado que continua reverberando entre os leitores. Maior prova disso é que duas de suas obras serão relançadas em edições especiais em 2023.

Uma delas já é realidade. Em campanha no Catarse, a HQ “O Boi das Aspas de Ouro” bateu a meta e tem previsão de chegar às mãos dos apoiadores em março, graças ao trabalho da Skript Editora, que relança o material 26 anos após a publicação original. É uma adaptação da famosa lenda gaúcha de um boi que trazia a felicidade para quem fosse seu dono, em uma história apaixonante, com pitadas de sensualidade e uma importante lição de moral.

Colin narra a vida de um velho estancieiro, rico e viúvo, que decide perseguir o lendário boi com chifres de ouro. O homem é inteligente e aprisiona o animal dentro de um rincão – que logo se torna um povoamento. O problema logo se torna manter o boi como sua propriedade, pois perder ele significa abrir mão da própria felicidade.

Outro relançamento é “Fawcett”, graphic novel escrita por André Diniz e desenhada por Colin. A nova edição da Comix Zone terá o acréscimo de HQ inédita com roteiro e traço de Diniz. Ainda sem previsão de chegar ao mercado, o gibi conta a saga do coronel britânico Percy Harrison Fawcett, que se embrenhou nas selvas brasileiras em 1925, numa missão sem volta. O explorador buscava uma cidade perdida e seus tesouros.

A partir do final dos anos de 1950, Colin passou a produzir HQs para as principais editoras do país, da aventura ao terror, com um traço marcante que o distinguia rapidamente. Além de conquistar o respeito e admiração de público e crítica, foi um dos artistas mais premiados no Troféu HQMix.

“O Boi das Aspas de Ouro” será lançado pela Skript Editora (Crédito: Reprodução)

GRAPHIC MSP
Com mais de dez anos de produção, o selo Graphic MSP valoriza o trabalho autoral de artistas brasileiros convidados para reimaginar personagens do universo criado por Mauricio de Sousa, o pai da Turma da Mônica.

Os volumes futuros serão Mônica 3, por Bianca Pinheiro; Jeremias 3, por Rafael Calça e Jefferson Costa; Magali, por Carol Rossetti; Xaveco, por Guilherme de Sousa; e Do Contra, por Yoshi Itice – os títulos e capas ainda não foram divulgados. A maioria deve sair já em 2023.

O detalhe é a volta da quadrinista criada em Curitiba (PR), Bianca Pinheiro. Ela vai fechar a trilogia da personagem mais popular do universo de Mauricio de Sousa. “Eu tô gostando tanto, mas tanto de fazer esse terceiro volume… não vejo a hora de ter ele em mãos e de saber o que vocês acharam! Estou trabalhando duro para terminar o quadrinho sem atrasar e sem dar ataques cardíacos para o meu querido editor”, disse a artista, em post.

Junto com Greg Stella, Pinheiro vinha produzindo a série “Expedição 43” no Instagram. Mas, por conta do trabalho na Graphic MSP, teve de suspendê-la.

MUTARELLI
Desenhista, romancista e ator, Lourenço Mutarelli é um dos principais nomes do quadrinho nacional. Em 2023, a promessa é de republicação de “Sequelas” pela Comix Zone.

É um gibi lançado originalmente em 1998, comemorando à época dez anos de carreira do autor de “Diomedes”. As primeiras histórias dessa coletânea são de quando ele começou a publicar HQs, ainda em fanzines.

Para a nova edição, que era pra ter saído em 2022, ainda não se sabe como será o formato.

BEYRUTH
Por falar em republicações, a Comix Zone também prometeu, durante live para o canal Fora do Plástico, relançar “São Jorge”, de Danilo Beyruth, autor de “Bando de dois” e o sucesso “Astronauta”, do selo Graphic MSP.

Publicado pela primeira vez em 2014, por meio da Panini Comics, é uma HQ que se passa ao final do século 3, quando o Império Romano apresentava fortes sinais de decadência. Levantes de regiões que buscam a independência explodem em toda parte. Neste cenário, o tribuno Jorge se destaca entre os soldados romanos. Em combate, ele lidera vitórias e é celebrado como excelente guerreiro.

MAIS

– A editora Quadriculando vai relançar a obra “AfroHQ – História e cultura afro-brasileira e africana em quadrinhos”, que tem pesquisa e roteiro do sociólogo Amaro Braga, e desenhos aquarelados de Danielle Jaimes e Roberta Cirne. O anúncio oficial da nova edição ocorreu em live do canal Fora do Plástico, em que saiu a data da campanha: 2 de abril no Catarse. A obra saiu originalmente em 2010. Quem narra a trama são os próprios orixás, para contar a história, sobre escravidão, a construção do Brasil, seu povoamento e as contribuições culturais que os africanos trouxeram;

Crédito: Reprodução

No primeiro semestre de 2023, o quadrinista paranaense André Caliman vai se dedicar à produção de “Era uma vez no Contestado”, uma HQ sobre a Guerra do Contestado, um conflito ocorrido na fronteira dos estados do Paraná e Santa Catarina, entre os anos de 1912 e 1914, envolvendo a disputa de terras naquela região rica em erva-mate e por onde seria construída a estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul. O gibi de Caliman está em produção utilizando a técnica da aquarela nas páginas e terá formato de livro. O processo de criação é compartilhado periodicamente pelo autor no Instagram (@andre.caliman);

O premiado “Castanha do Pará”, de Gidalti Jr, tem previsão de voltar em 2023 com nova edição pela editora Brasa. Trata-se de um quadrinho que ganhou o 59º Prêmio Jabuti na categoria História em Quadrinhos, ao contar, em forma de fábula, uma situação cada vez mais comum nos dias de hoje: Castanha é um menino-urubu que vive suas aventuras pelos cenários do tradicional mercado público Ver-o-Peso, em Belém. Mora sob o céu aberto e sobrevive dos furtos e das migalhas de atenção que sobram do mundo ao seu redor;

Cena da premiada HQ produzida por Gidalti Jr. (Crédito: Reprodução)

“Vicente Lua Cheia”, de Pablo Marquinho (roteiro) e Álvaro Maia (desenhos/cores). Depois de publicado em formato digital (projeto contemplado pelo Prêmio Palmas de Emergência Cultural Pref. de Palmas), em 2022, a HQ deve sair em edição impressa pela Brasa, em 2023. A narrativa aborda o universo mítico, em clima de “Tim Tim”, da região de Palmas (TO);

E a Brasa dá continuidade à coleção “Plinião em quadrinhos”, com adaptações de obras do dramaturgo Plínio Marcos. Depois de “Barrela” (2022), virão novos títulos em breve. Outro projeto de transposição dessa editora é “Música Popular em Quadrinhos (MPQ) – Grandes sucessos”, que reúne oito HQs inspiradas em letras de música do cancioneiro nacional, como é o caso, por exemplo, de “Trenzinho caipira” e “Evidências”.

DATA
Comemorado anualmente em 30 de janeiro, o Dia do Quadrinho Nacional foi criado em 1984 pela Associação dos Quadrinistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP). A escolha da data se deu porque, em 30 de janeiro de 1869, Ângelo Agostini publicou na revista Vida Fluminense (1868-1875) aquela que é considerada como a primeira história em quadrinhos no Brasil: “As aventuras de Nhô Quim ou Impressões de uma viagem à Corte”.

*****Texto/Pesquisa: Cristiano Martinez, especial para correiodocidadao.com.br

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