Com 80 anos de história, editora Bonelli vem ganhando mais espaço no Brasil

Nos últimos anos, o mercado editorial brasileiro assiste à chegada de novas publicações bonellianas em português (edições independentes ou por grandes casas), rompendo com o senso comum de que só se lê/conhece Tex Willer no país

A Sergio Bonelli Editore completa 80 anos de história em 2020. Famosa pela publicação das aventuras do ranger Tex Willer, essa casa italiana tem um catálogo diversificado de personagens que vai além das fronteiras do Velho Oeste.

Mas somente nos últimos anos é que o leitor brasileiro vem tendo oportunidade de conhecer edições em português desse material eclético.

Por isso, engana-se quem acha que os fumetti da Bonelli são apenas para “tiozinho”. As clássicas revistinhas mensais editadas pela Mythos continuam inundando as bancas de jornal do Brasil, com predomínio de títulos protagonizados por Tex e seus pards. Geralmente, são revistas impressas no famoso “formatinho” (capa mole e tamanho menor), em preto/branco e arcos de história.

No entanto, nos últimos três anos apareceram novas editoras e publicações mais diversificadas, abrindo espaço para outros personagens bonellianos. Claro que isso não é de hoje, pois no passado ocorreram ações pontuais, mas que não vingaram. Agora, parece que é um momento consolidado, com maior oferta e procura do público. Talvez seja a melhor época para se conhecer Bonelli em terras tupiniquins.

Até mesmo a Mythos experimentou novos tipos de edição, lançando graphic novel e mais títulos. Inclusive, com direito à volta de Dylan Dog, o Detetive do Pesadelo, personagem muito popular na Itália que conta hoje com publicação regular no Brasil.

De tudo isso, o que chama atenção mesmo é a profusão de editoras independentes, ao melhor estilo de “fã para fã”, que apostaram com sucesso em edições especiais e séries menos conhecidas da Bonelli.

Uma das primeiras casas é a gaúcha Lorentz (www.facebook.com/editoralorentz), empreendimento familiar, que deu o pontapé em 2017 com uma trilogia de terror estrelada por Dylan Dog, personagem até então fora do mercado brasileiro. Eram volumes com 100 páginas cada um e histórias completas. Material de qualidade.

Coincidentemente, após a circulação desse material a Mythos (www.lojamythos.com.br) anunciou o retorno de uma série regular desse personagem.

Aliás, a Mythos é um prato cheio para quem gosta de Bonelli, entre publicações atuais e catálogo: Dragonero (fantasia), J. Kendall (mistério), Mágico Vento (western místico), Martin Mistère, Nathan Never, Nick Raider, Zagor e as dezenas de títulos do Tex.

85
Criada por Leonardo Campos, a editora 85 (https://www.editora85.com.br/) tem hoje uma oferta bonelliana bem interessante ao leitor.

O editor começou com a série vampiresca “Dampyr” (em volumes de 1 a 5), mas hoje conta com o aventureiro “Mister No” (cinco edições) e a ficção científica “Morgan Lost” (um número). Geralmente, Campos lança os materiais em campanhas de financiamento coletivo (via Catarse), para depois distribuir em sites de vendas.

Sediada em São José dos Campos (SP), a 85 é o projeto pessoal de um colecionador de quadrinhos, engenheiro e, de uns anos para cá, também editor. Além dos fumetti da Bonelli, Campos também publica o italiano “Diabolik”, em um verdadeiro trabalho de resgate editorial.

FC
Já a Graphite (www.facebook.com/editoragraphite/) centrou suas atenções em ficção científica ao estilo Bonelli, casos de “Nathan Never Gigante Vol.1 – Futuro Duplo”, que foi financiado no Catarse; e “Brad Barron Vol.1”, à venda na Amazon.

Atualmente, a editora está em campanhas de financiamento coletivo para o bonelliano “UT Vol.1”, inédito no Brasil e produzido pela dupla Corrado Roi e Paola Barbato (https://www.catarse.me/ut1).

Nesse segmento, outro destaque é a Red Dragon (www.reddragonpublisher.com/), que vem publicando a série “Lilith”, uma cronoagente (viajante do tempo) criada por Luca Enoch.

LE STORIE
Editora recém-surgida, a Trem Fantasma (https://editoratremfantasma.com.br/) anunciou para dezembro o lançamento no Brasil de duas aventuras da série bonelliana “Le Storie” (série especial com histórias fechadas): o clima de espionagem “Mugiko”, de Gianfranco Manfredi e o brasileiro Pedro Mauro; e a mistura de Tolstói/Lovecraft em “Sangue e Gelo”, por Tito Faraci e Pasquale Frisenda.

E não apenas as pequenas editoras que têm diversificado a publicação de Bonelli no país. A Panini (loja.panini.com.br/) publicou uma trilogia em formato de álbum de luxo capa dura, com a proposta de reimaginar o personagem Mister No: “Revolução”, “Revolução – Califórnia” e “Revolução – Amazônia”.

Essa multinacional italiana ainda lançou uma trinca que se passa num Velho Oeste sujo e racista: “Deadwood Dick”, “Deadwood Dick: Entre o Texas e o Inferno” e “Deadwood Dick – Black Hat Jack”. Sem contar também a experiência sensorial “Monolith” e “Chanbara – O Caminho do Samurai”.

ECLETISMO
Como se pode ver, Bonelli, que é a maior editora da Europa, não é apenas Tex e o Velho Oeste. A recente enxurrada de fumetti (como são chamados os quadrinhos na Itália) no Brasil revela uma bela diversidade italiana, com altas doses de violência, espionagem, ficção científica, terror, mistério, vampiros, samurais e violência.

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