Banda CVZ retrata o bom e o mau do ser humano em suas letras

Em julho de 2023, o quarteto de músicos se apresentou no festival Rock Celebration, realizado na Discoteca Beer, novo point em Guarapuava de estilos populares e do velho e bom rock and roll

“O inimigo sou eu/O inimigo é você/Lutando juntos até o fim/E, no final, cada um por si”. Compondo e catando versos como estes, a banda paranaense CVZ (de Ponta Grossa) põe o dedo na ferida, com sua leitura ácida e filosófica do mundo.

Aliás, esse refrão da faixa “Inimigo”, um bônus track do EP “Por trás da máscara” (2020), tem como base o célebre pensamento de Thomas Hobbes, “o homem é o lobo do homem”. Segundo o vocalista e guitarrista Kinder Kloss, é uma letra que tematiza sobre um lado complicado do ser humano: enquanto houver interesse mútuo, segue junto; mas depois, cada um se mata e vida que segue.

Ou seja, o homem é contraditório e complexo, tendo o lado bom e mau na mesma pessoa. O que muda é a intenção de cada um, pendendo para a maldade ou a bondade. “E a gente quer mexer com essas coisas”, diz Kloss, em entrevista ao CORREIO.

O “Inimigo” é uma canção composta à época em que o CVZ ainda atendia pelo nome de Coveranza, um projeto famoso no Estado (e fora dele) de tributo ao Matanza, que fazia uma mistura de hardcore punk, country e heavy metal, formando assim o gênero que a mídia intitulou de “countrycore”.

Inicialmente, essa banda tributo nasceu em Caçador (SC). No entanto, no ano de 2012 Kloss se mudou para Ponta Grossa, sendo obrigado a mudar a formação da banda.

Com a pandemia de Covid-19 em 2020, houve necessidade de priorizar a produção de material autoral para, quando tudo retornasse à normalidade, fosse apresentado um trabalho diferente ao público.

“Só que a coisa começou a funcionar tão bem, cara, que acabou se tornando mesmo na CVZ”, contando que a banda gravou um EP em 2020, “Por trás da máscara”, com cinco composições, mais um bônus track (“Inimigo”).

De cara, uma banda com letras em português que tocam na ferida. “É importante a gente falar na nossa própria língua para que seja entendido”, citando que o foco agora é em heróis nacionais, caso dos índios, do dia a dia, das neuroses do ser humano.

“A proposta em si era fazer um hardcore, que tem essa característica de ser uma coisa urbana, de botar o dedão lá [crítica social], de ser um punk mais agressivo”, acrescentando que a CVZ percebeu que não estava focada no hardcore. Por exemplo, uma das influências da banda é o Black Sabbath, Metallica, Sex Pistols, punk rock. O guitarrista e o baixista curtem mais metal, estilo thrash dos anos de 1980.

Foto: Redação/Correio

NOVAS
Inclusive, as novas músicas autorais pendem mais para o thrash oitentista; ou seja, deixando o hardcore, mas mantendo a temática urbana: fazer uma crítica social forte, metáforas e visão filosófica.

Assim, as próximas composições vão tratar de assuntos violentos, que não deveriam, mas fazem parte do cotidiano. “A nossa ideia é essa: retratar o bom e o mau do ser humano em nossas músicas”, destaca o vocalista.

O material deve compor futuramente o primeiro álbum da CVZ. Mas a viabilização do projeto dependerá de aprovação em lei municipal de incentivo à cultura em Ponta Grossa para obter recursos. “Não temos condições de tirar do bolso para bancar”.

Segundo Kloss, os shows só cobrem o custo de viagens, não sobrando dinheiro para a banda.

COMPOSIÇÃO
O núcleo de composição da CVZ é formado por Kinder Kloss e Diego de Luca. Na avaliação do vocalista, o guitarrista é uma verdadeira “máquina de riffs”, que podem se estruturados em novas composições a cargo de Kloss e suas letras.

“Depois que eu montei esse quebra-cabeça todo com ele [Diego], mando de volta. Aí, ele grava tudo em linha, põe linear pra mim, e manda de volta. Eu componho a letra”, explica Kloss.

Em seguida, o material chega para o baixista e baterista, que podem criar as partes deles. É um processo aprendido durante a pandemia, quando não podia se juntar e aglomerar.

E a banda tem focado somente no som autoral. Mas claro, alguns covers são tocados em shows porque a galera pede.

Em julho deste ano, a CVZ se apresentou na Discoteca Beer, durante o Rok Celebration, em Guarapuava. Pela primeira vez na chamada Capital da Cevada e do Malte.

Fernando Ferreira (baixo e backing vocals) e André Schiavetto (bateria) foram a cozinha da CVZ (Foto: Redação/Correio)

FORMAÇÃO
A formação atual da CVZ é Kinder Kloss (vocal e guitarra), Diego de Luca (guitarra e backing vocals), Fernando Ferreira (baixo e backing vocals) e André Schiavetto (bateria).

SERVIÇO
Para conhecer mais sobre o trabalho da banda, siga nas redes sociais: @cvz_hcbr (Instagram) e CVZ Hardcore (YouTube). As músicas, incluindo o EP “Por trás da máscara”, estão disponíveis nas plataformas digitais de áudio (Spotify, Deezer e Soundcloud, por exemplo).

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