Arquivos Culturais: recordando a série sessentista do Batman na TV

Em cartaz com novo filme, Batman voltou numa versão sombria. Mas o personagem já foi mais alegre e menos amargurado, como mostra a série de TV que foi ao ar em 1966/68. Naquela época, coube a Adam West vestir a máscara de um Homem-Morcego mais “solar” e engraçado, sob a estética “camp”

Robert Pattinson (sempre lembrado como o vampiro emo de “Crepúsculo”) é o novo Batman, na versão de Matt Reeves, em cartaz em todo o Brasil.

Mas outros intérpretes já passaram pelo posto em dezenas de adaptações, principalmente para a telona: Ben Affleck, Christian Bale, George Clooney, Val Kilmer, Michael Keaton, entre outros.

No entanto, o mais emblemático é Adam West (1928-2017), protagonista de uma série de TV dos anos de 1960 que se tornou cult. Ele não fez um Batman vitaminado e cheio de nuances. Pelo contrário. Era um Homem-Morcego ingênuo e fora de forma, em uma versão colorida ao melhor estilo “camp” (estética exagerada e com humor).

Em outras palavras, West (Batman/Bruce Wayne) e Burt Ward (no papel do Robin/Dick Grayson, parceiro-mirim do herói) estrelaram um programa televisivo de aventura que foi ao ar de 1966 a 1968, totalizando 120 episódios. A série “Batman” apresentava um Cavaleiro das Trevas mais solar, sem o lado sombrio do personagem. Afinal, o foco era no “cavaleiro”, em tramas de investigação e movimentadas cenas de ação (limitadas pelo orçamento da época); mas sem sangue e violência explícita.

Não por sinal, a principal característica desse seriado de TV da ABC (emissora original) era o humor e a diversão anárquica, com onomatopeias (típicas dos quadrinhos) explodindo na telinha toda vez que a dupla Batman e Robin se envolvia em cenas de briga. Verdadeiro deleite visual.

Por falar nisso, a galeria de vilões era um prodígio, como diria o menino Robin (“Santa Confusão!”): o Pinguim de Burgess Meredith (ator que ficaria famoso na pele do treinador Mickey na franquia “Rocky”); o Coringa de Cesar Romero, que pendia mais para o palhaço; o Charada de Frank Gorshin; e a Mulher-Gato, vivida pelas atrizes Julie Newmar e Eartha Kitt (uma das únicas atrizes negras da época a ter destaque na TV norte-americana).

Mas o programa também tinha o elenco do “bem”, com Alan Napier no papel de Alfred, mordomo à serviço de Bruce Wayne; Neil Hamilton como Comissário Gordon; Yvonne Craig na pele de Barbara Gordon/Batgirl, companheira de Batman e Robin na luta contra o crime.

“Adam West e seu Batman viraram um típico fenômeno da TV da época”, avalia Luiz Carlos Merten, em texto publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 12 de junho de 1997, por ocasião da morte de West aos 88 anos de idade. E o crítico ainda acrescenta que os heróis viviam suas aventuras num visual influenciado pela pop art.

Robin (à dir.) sempre soltava um ‘Santa alguma coisa’ (Foto: Reprodução)

CINEMAS
Dirigido por Leslie H. Martinson em 1966, o episódio piloto da série foi lançado nos cinemas da época batizado de “Batman – O Homem-Morcego”.

Os roteiristas decidiram pôr Batman e Robin para enfrentar os quatro principais vilões do programa: Pinguim (Meredith), Mulher-Gato (Lee Meriwether), Charada (Gorshin) e Coringa (Romero). A dupla dinâmica lança mão de toda uma parafernália, como um Batcóptero e um bat-repelente. Os utensílios acabaram sendo incorporados aos episódios do seriado que foram gravados em seguida.

HQ
Publicado pela DC Comics, Batman é um super-herói dos quadrinhos criado por Bob Kane (desenhos) e Bill Finger (roteiros). O personagem apareceu pela primeira vez na revista “Detective Comics” #27 (maio de 1939).

A identidade secreta de Batman é Bruce Wayne, um bilionário americano, playboy, magnata de negócios e filantropo. Depois de testemunhar o assassinato dos seus pais enquanto criança, Wayne jurou vingança contra os criminosos.

Curiosamente, as HQs do Batman passaram por uma fase infantil nos anos de 1950, especialmente após a perseguição aos quadrinhos empreendida pelo psiquiatra Fredric Wertham que lançou o livro “A Sedução do Inocente” em 1954.

As histórias abandonaram quase totalmente o apelo policial e se voltaram para a ficção científica.

Na década seguinte, a DC passou a apostar em HQs mais sérias. Mas, por causa do sucesso da série de TV, foi obrigada a adotar novamente o estilo infantil.

PUBLICAÇÕES
Lançado pela editora Opera Graphica em 2006, “Sock! Pow! Crash! – 40 anos da série Batman da TV” é um livro produzido e escrito no Brasil pelo expert Jorge Ventura, que traça a trajetória de Batman no Brasil desde sua estreia em meados de 1966 revelando curiosidades e segredos dos bastidores da produção e da dublagem nacional.

E a editora Panini Comics lançou no Brasil, em 2014, a série de encadernados “Batman’ 66”, de Jeff Parker (roteiro), Jonathan Case (arte) e Wes Hastman (cores). Os autores tentaram capturar a essência do seriado e seus vilões em novas aventuras da dupla dinâmica.

********Texto: Cristiano Martinez, especial para correiodocidadao.com.br

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