No centenário da Semana de 22, mercado editorial é aquecido com pacotão de livros sobre o Modernismo

A Agenda Tarsila, por exemplo, indica livros para estudar e conhecer mais sobre o movimento cultural que mudou o país. Mais detalhes na edição de hoje da coluna NOTAS TROPICAIS, que tem ainda: projeto Quadrinistas do Brasil e HQ de Pedro Mauro e Gianfranco Manfredi

Em 2022, a Semana de Arte Moderna de 1922, ocorrida em São Paulo e que foi ponta de lança das ideias modernistas no alvorecer do século 20, completa 100 anos. É natural, portanto, que o mercado editorial aproveite a efeméride para lançar livros sobre o movimento, ora criticando, ora ressaltando sua importância. A Agenda Tarsila, por exemplo, indica livros para estudar e conhecer mais sobre o movimento cultural que mudou o país.

A seguir:

Minas Gerais
O premiado romancista Luiz Ruffato lança “A Revista Verde, de Cataguases: Contribuição à História do Modernismo” (Autêntica Editora) e apresenta uma importante contribuição para a compreensão do desenvolvimento e consolidação das ideias modernistas no Brasil, por meio de uma abordagem sobre o movimento vanguardista ocorrido em Cataguases (MG). A revista Verde, lançada em 1927, reuniu em suas páginas o que de melhor e mais ousado havia em termos de produção literária naquele momento, com explícito incentivo, moral e financeiro de nomes como Mário de Andrade, Alcântara Machado, Prudente de Morais Neto e Oswald de Andrade, entre outros.

Macunaíma
A editora José Olympio relança em fevereiro uma obra fundamental: a edição de “Macunaíma” revisada por Mário de Andrade, com capa original de Thomaz Santa Rosa. “Macunaíma – O Herói sem Nenhum Caráter” é um marco na história da literatura brasileira. Publicado pela primeira vez em 1928 e custeado pelo autor, o livro teve sua segunda edição lançada pela Livraria José Olympio Editora, em 1937. É esse texto que os leitores têm agora em mãos, com atualização ortográfica, estilo da prosa preservado e projeto editorial que reproduz a arte gráfica original de Thomaz Santa Rosa, icônico artista visual responsável pelos livros da editora nos anos 1930 e 1940.

Detalhe da capa da nova edição, com arte de Santa Rosa (Foto: Reprodução)

GR
A editora Record vai publicar o livro “O Antimodernista: Graciliano e 1922”, reunião dos textos que Graciliano Ramos escreveu trazendo a herança do modernismo de um ponto de vista crítico. O livro, organizado pelos pesquisadores Thiago Mio Salla e Ieda Lebensztein, mostra que Graciliano, reconhecendo a importância do movimento, não cai na idolatria e na idealização de muitos de seus contemporâneos. O leitor encontrará a consciência crítica e autocrítica de um escritor na contracorrente do triunfalismo vanguardista, simbolizado pela Semana de 1922. Não se trata de uma defesa do tradicionalismo nem de reacionarismo, mas os textos mostram um autor incomodado com os descaminhos da civilização ocidental, e que manifesta sua postura desconfiada e vigilante de modo contínuo. ‘Antimodernista moderno’, Graciliano defendia a clareza da escrita e uma técnica ficcional feita de circunspecção, introspecção e respeito às palavras e aos seres, capaz de articular a representação crítica e a expressão subjetiva de impasses sociais e morais.

Mário
A editora Autêntica lança “Inda Bebo no Copo dos Outros”, coletânea de Mário de Andrade. Organizada por Yussef Campos, ela traz obras dispersas do modernista reunidas pela primeira vez. São textos originalmente publicados em revistas, jornais, periódicos e livros que se inserem no contexto da Semana de Arte Moderna e seus antecedentes. E, como o próprio polímata disse: “Bem poderíamos em 2022 celebrar o 1º Centenário de nossa independência literária”. Trata-se, principalmente, de debates e reflexões de Mário de Andrade sobre a estética artística denominada “modernista”.

Vanguarda
A editora José Olympio relança em fevereiro uma obra fundamental: “Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro”, agora ampliada pelo próprio autor, Gilberto Mendonça Teles. Obra de referência já consagrada reúne poemas, conferências e manifestos vanguardistas estrangeiros e nacionais publicados entre 1857 e 1972. A edição vem acrescida de novo prefácio do próprio autor. O evento é considerado o marco inaugural do modernismo no Brasil. Grande parte dos intelectuais e artistas que estiveram à frente desse movimento tinha vivido na Europa após a Primeira Guerra Mundial e enfim trazia ideias e técnicas que lá se desenhavam desde as últimas décadas do século 19.

Quadrinhos
O projeto Quadrinistas do Brasil (www.quadrinistasdobrasil.com.br/) está em campanha no Catarse para a modalidade de “assinatura”, ou seja, de contribuição recorrente para manter suas atividades. Trata-se de um site em que serão centralizadas fotos, biografias e trabalhos não só de desenhistas, mas também de todos os profissionais ligados ao mercado de quadrinhos.

Quadrinhos 2
Esta é para os fãs de western. O artista gráfico Pedro Mauro (da trilogia “Gatilho”) já desenhou 120 páginas de “The Solicitor”, quadrinho de faroeste escrito por Gianfranco Manfredi (da Sergio Bonelli Editore). O novo material será lançado no segundo semestre de 2022, em primeira mão, pela editora brasileira Pipoca e Nanquim. Segundo o desenhista, ainda faltam 60 páginas para fechar a história. “Curtindo muito. Trabalhar com o Gianfranco é muito bom. Trabalhar num western com ele, melhor ainda”, diz, em vídeo nas redes sociais.

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