Preço de trigo em bolsas reflete atual conjuntura geopolítica
Apesar de já ter sido contabilizadas altas no mercado internacional em fevereiro, o balanço do mês foi de preços domésticos em estabilidade no Paraná, maior produtor nacional
Os preços médios mensais de trigo para os contratos negociados nas bolsas de cereais de Buenos Aires e no Kansas apresentaram uma alta de 4,24% e de em 5,13%, respectivamente quando comparado com janeiro de 2022.
A situação reflete o cenário de incertezas causado com a atual situação geopolítica mundial, que acende um alerta sobre uma possível menor oferta global do grão. Apesar de já ter sido contabilizadas altas no mercado internacional em fevereiro, o balanço do mês foi de preços domésticos em estabilidade no Paraná, maior produtor nacional, como mostra a análise mensal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada na sexta-feira (18).
O motivo para isso foi a queda do valor médio do dólar no período. Entretanto, para o mês de março, o produto já apresenta alta de 10% em relação aos preços médios de fevereiro. A tendência de preços elevados para o trigo pode estimular um aumento na área cultivada.
“Ao se analisar o histórico dos valores de mercado e a área destinada para a cultura, há um indicativo de que os produtores respondem quando os preços estão elevados”, pondera o superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Companhia, Allan Silveira. “No entanto, os custos de produção em alta podem limitar o aumento esperado” alerta.
MIHO
As cotações do milho também seguem em alta acompanhando o movimento no mercado internacional, conforme aponta a análise publicada. A quebra da primeira safra do cereal reduziu a disponibilidade do produto no mercado interno, resultando em uma queda nas exportações em torno de 7% quando comparada com o último ano. Ainda assim, é esperada uma elevação de 67% das exportações em 2022, o que retrata a expectativa de aumento da produção de milho de segunda safra.
A expectativa atual da Companhia para a produção de segunda safra de milho é de 86 milhões de toneladas, um acréscimo de 41,8%. “Os indicativos das condições hídricas de solo em importantes estados sustentam o resultado esperado. Em Mato Grosso, por exemplo, há uma boa reserva de água no plantio, na floração e no enchimento do grão, fases em que a planta exige maior disponibilidade hídrica. Já na maturação e colheita as lavouras devem registrar estiagem, o que também é positivo”, explica o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen.
“Em Goiás a situação se difere um pouco no momento de enchimento dos grãos. Mas como há uma boa quantidade de água no solo durante o plantio e a floração a produtividade tende a ser boa, porém não excelente. A maior preocupação está no Paraná. Apesar das chuvas registradas, as estiagens ocorridas deixaram o solo bastante seco, o que pode dificultar a pega da planta bem como o período de floração”, reforça.
SOJA
Para a soja, o cenário também é de preços elevados, movidos pela quebra de safra na América do Sul e pela atual situação geopolítica mundial. Além disso, os prêmios de porto no Brasil devem continuar altos mantendo preços internos da oleaginosa elevados. Segundo Silveira, “essa conjuntura continua pressionando os custos de produção dos produtores de carnes, o que acaba, em algum momento, refletindo em pressões de aumento de preços para esses produtos”.