Uma década depois, episódio da neve está vivo na memória dos guarapuavanos

O dia 22 de julho ficou marcado na memória dos moradores que aproveitaram para registrar o momento histórico; neste ano, o Simepar destaca que as chances do fenômeno ocorrer são muito baixas devido a influência do El Niño

Após quase 10 anos, a se completar em 22 de julho, o último episódio de neve em Guarapuava volta à memória dos guarapuavanos que foram surpreendidos em 2013 pelo fenômeno pouco comum.

Os registros do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), solicitado pelo CORREIO, mostram que a temperatura mínima registrada no dia foi de -0,8, no início da madrugada. Os meteorologistas do órgão também explicaram o que precisa ocorrer para que a neve ocorra. “Para que esse fenômeno seja registrado, é necessário que haja a incursão de uma intensa massa de ar frio, associada a passagem de uma frente fria. Neve é um tipo de precipitação e para que ela toque a superfície, a camada atmosférica precisa apresentar temperatura igual ou inferior a zero, desde a saída do floco de neve da nuvem até a superfície”.

Para quem espera presenciar pela primeira vez ou curtir a neve novamente em 2023, o Simepar destaca que as chances são baixíssimas. “As condições atmosféricas são desfavoráveis a incursões de ar frio intenso, visto que estamos sob influência do El Nino”.

Até esta segunda-feira (17), as três menores temperaturas registradas em Guarapuava pelo Simepar foram em 18 de junho (0,7ºC), 14 de julho (3,2 ºC) e 15 de julho (4,6ºC).

MEMÓRIAS
A funcionária pública estadual Elizabete Ribas Lustoza, que trabalha com atividades culturais na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), lembra que estava em casa quando começou a nevar. “Eu não saí de casa [no momento]. Fui até a garagem de casa e percebi a neve, pensei que duraria uns 15 minutos, porém, se prolongou. Entusiasmada em fotografar, a calçada lisa, levei um tombo daqueles”, recorda.

No outro dia ela percebeu que tudo estava branco, desde muros, jardins, calçadas até os telhados das casas. “Uma das vizinhas me convidou para descer até o Parque do Lago para ver o cenário. Que maravilha. Todos, adultos, crianças, famílias vestidos com muitos casacos, cachecóis, gorros, botas, luvas, brincando de fazer bonecos e tirando muitas fotos”, conta.

Segundo ela, o dia foi de muita emoção e por isso quis registrar. “Fenômeno lindo. Claro que para as plantas nem tanto. Mas depois elas se recuperaram. Muita emoção mesmo”, disse ao CORREIO.

Já o técnico administrativo Robert Matheus Lemos recorda que estava na sala de casa, quando o pai percebeu que havia começado a nevar. “Todos nós saímos para ver e aproveitar o momento, mas ficamos pouco tempo, pois estava meio que chovendo ainda e estava muito frio”, destaca.

Para ele, o momento foi único na vida do guarapuavano. “Sempre sonhávamos com a neve e um dia ela apareceu, gostaria de ver novamente e fazer outro boneco de neve”.

REPERCUSSÃO
A neve em Guarapuava foi tema de jornais de TV, impressos e sites por vários dias. Com muitas fotos, vídeos e relatos, o assunto foi muito explorado pela imprensa. Uma das fotos mais famosas do dia 22 de julho de 2013 foi da fotógrafa Kally Ágatha, que registrou uma vista parcial do Parque do Lago e teve a imagem publicada por diversos veículos de comunicação.

“É uma honra ter uma fotografia histórica da cidade onde nasci, cresci e vivo. Agora completando uma década, passa um filme na minha cabeça de tudo que aconteceu por trás dela e de toda minha jornada até aqui”, afirmou.

A fotógrafa conta que foi por esta foto que ela recebeu o bem mais precioso na vida profissional: o reconhecimento.

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