Taxas de mortalidade e de casos por Aids têm redução no Paraná
A série histórica que registra os números da doença no Estado apresenta redução em avaliação feita entre os anos de 2015 e 2019. A análise é da Divisão de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis em alusão aos 40 anos de descoberta dos primeiros casos no mundo
A taxa de detecção dos casos de Aids por 100 mil habitantes apresentou redução de 36,7% no Paraná entre os anos de 2015 e 2019 (de 15,3 para 9,7), e a de mortalidade, também por 100 mil habitantes, teve queda de 22,6% no mesmo período, de 5,4 para 4,2. A taxa de detecção e casos de HIV por 200 mil habitantes caiu 0,9% (de 22,6 para 22,4).
A análise é da Divisão de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde e faz alusão aos 40 anos da descoberta dos primeiros casos de Aids no mundo. Os cálculos foram baseados nas taxas de detecção e não no número de casos, o que leva em consideração o aumento populacional entre 2015 e 2019.
“Os dados avaliados pela Sesa são importantes e confirmam o trabalho realizado pelo Governo do Estado na promoção e prevenção da saúde junto às populações mais vulneráveis. Neste processo estão envolvidas ações para a redução da mortalidade de pessoas vivendo com HIV e com coinfecção de tuberculose e HIV, redução da transmissão vertical do HIV e ampliação do acesso aos diagnósticos e tratamentos ofertados”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Várias ações são desencadeadas de forma contínua pela Secretaria para a prevenção e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis, mesmo em meio à pandemia. “Fizemos muitas adaptações para que pudéssemos manter os serviços ativos com todos os cuidados de segurança para as equipes profissionais, para os pacientes e para quem procura pelo diagnóstico de uma doença sexualmente transmissível”, disse a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde, Maria Goretti David Lopes.
Segundo ela, entre as ações que foram adaptadas estão a entrega de medicamentos da terapia antirretroviral, que era feita para 30 dias e passou para 90 e até 120 dias, dependendo dos remédios, a distribuição para todos os municípios de autotestes, permitindo o acesso do diagnóstico pela população sem a necessidade de deslocamento até o serviço de saúde, a intensificação das capacitações online aos profissionais de saúde que atuam na área e o monitoramento contínuo das pessoas que estão em tratamento.
Além disso, desde 2019, a Sesa vem capacitando profissionais junto aos municípios para adesão à Profilaxia Pré-Exposição de risco à Infecção pelo HIV (PrEP), ferramenta utilizada mundialmente com eficácia comprovada, que consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais. Esta profilaxia só acontece com orientação médica e é indicada para populações em situação de maior vulnerabilidade. A capacitação é ofertada a todos os municípios e, até o momento, 104 aderiram à PrEP.
“Ainda assim, os desafios para a saúde pública são grandes e precisamos sempre falar em prevenção e informar a população que o HIV ainda não tem cura, reforçar a educação sexual e reprodutiva, especialmente ao público jovem, que por não ter vivido o auge dos registros de morte por Aids muitas vezes não se dá conta da importância da prevenção”, afirmou a chefe da Divisão de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Sesa, Mara Franzoloso.
MUDANÇAS
Há pouco mais de 40 anos, no dia 5 de junho de 1981, os primeiros casos de Aids foram divulgados no mundo com a publicação de relatórios que descreviam uma doença pulmonar como causa da morte de cinco jovens. Hoje, a Aids representa o estágio mais avançado da infecção pelo vírus do HIV e já provocou a morte de mais de 35 milhões de pessoas no mundo.
Segundo Mara, no início dos anos 80 receber um diagnóstico de HIV/Aids era considerado “uma sentença”. “O quadro começou a mudar no final dos anos 80 e início dos anos 90. Em 1987 foi aprovado um medicamento antirretroviral, conhecido como AZT (Zidovudina), e em 1996 teve início a Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (HAART), mudando a história de um diagnóstico fatal para uma solução controlável e o termo ‘viver com HIV’ foi se tornando possível”, explicou.
A epidemia da Aids, acrescenta, hoje denominada “epidemia concentrada” no mundo, assim como no Brasil, apresentou mudanças significativas. Isto se deve não apenas às terapias antirretrovirais que tiveram um impacto muito grande na contenção da progressão acelerada da doença, mas também às medidas profiláticas para evitar a transmissão vertical, controle rigoroso em bancos de sangue, informações sobre o HIV, além da distribuição gratuita dos medicamentos e insumos de prevenção como preservativos e testes rápidos para a detecção.