Monitor de Secas registra agravamento do fenômeno nos três estados do Sul em janeiro

Em termos de áreas com seca, Paraná e Rio Grande do Sul permanecem respectivamente com 98% e 100% de seus territórios com o registro do fenômeno. Santa Catarina teve um aumento de 85% para 92% do estado com a presença de seca

A última atualização do Monitor de Secas, referente a janeiro, aponta o agravamento da seca nos três estados do Sul, devido às chuvas abaixo da média. Acompanhe a seguir a situação do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

No Paraná, entre dezembro e janeiro, a área com seca se manteve estável no patamar de 98% do estado, percentual que segue desde agosto de 2021. Em termos de severidade, a área com seca grave avançou significativamente de 74% para 91% do território, sobretudo no oeste paranaense, em função das chuvas abaixo da normalidade. Essa é a condição mais severa do fenômeno no Paraná desde dezembro de 2020, quando 5% do estado passaram por seca extrema. Por outro lado, o estado foi o único do Sul que não registrou seca extrema em janeiro.

O Rio Grande do Sul, entre dezembro e janeiro, se manteve com 100% de seu território com seca, condição que permanece consecutivamente há 1 ano e 4 meses: desde outubro de 2020. Essa sequência é a segunda maior do Brasil, apenas inferior a 1 ano e 7 meses de seca em Mato Grosso do Sul. Devido às chuvas abaixo da normalidade, o fenômeno se intensificou com o avanço da seca extrema de 1% para 9% do estado e com o forte aumento da área com seca grave, que saltou de 28% para 57% do território gaúcho, respectivamente no norte e no sudoeste do estado. Essa é a condição mais severa do RS desde sua entrada no Mapa do Monitor em agosto de 2020. Com uma área com seca de 281 mil km², o Rio Grande do Sul só fica atrás de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul nesse aspecto.

Já em Santa Catarina, a seca grave avançou de 15% para 31% do estado especialmente no centro de SC, o que representa a segunda maior severidade desde a entrada do estado no Mapa do Monitor em agosto de 2020. A situação de janeiro, que também teve a manutenção de 12,98% de seca extrema, só foi menos severa que a registrada em dezembro de 2020, quando 13,39% do território catarinense registrou seca extrema, a segunda mais severa na escala do Monitor. Tal severidade também foi a maior do Sul em janeiro. A área total com seca em Santa Catarina também se expandiu de 85% para 92% do estado, sendo o maior percentual desde setembro de 2021, quando 100% passaram por seca. Por outro lado, o estado foi o que teve o menor percentual de área com o fenômeno no Sul no último mês.

(Arte: ANA)

Considerando o recorte por região, o Sul registrou o maior percentual de área com seca: 98%. No Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste houve um recuo do fenômeno respectivamente de 68% para 60%, de 43% para 34% e de 64% para 54%. Com isso, o Nordeste foi a região com menor percentual de território com seca em janeiro.

Entre dezembro e janeiro, em termos de severidade da seca, dez estados tiveram um abrandamento do fenômeno no último mês segundo o Monitor de Secas: Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, São Paulo e Tocantins. Tanto no Espírito Santo quanto no Maranhão o fenômeno deixou de ser registrado, situação do Distrito Federal desde dezembro. No sentido oposto, os três estados da região Sul – Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – tiveram uma intensificação da seca juntamente com Mato Grosso do Sul. Em outros quatro estados, a severidade do fenômeno se manteve estável: Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe.

Considerando as quatro regiões integralmente acompanhadas pelo Monitor de Secas, a maior severidade observada em janeiro aconteceu no Sudeste, que registrou 6% de seca excepcional, a mais severa da escala do Monitor, apesar da melhora das condições em comparação a dezembro. O Centro-Oeste teve a segunda maior severidade de janeiro com 1% de seca excepcional e 10% de seca extrema. No Sul houve um agravamento do quadro, mas ainda registra uma severidade menor que o Sudeste e o Centro-Oeste com 7% de seca extrema. Já o Nordeste teve a menor severidade do último mês e foi a única região a não ter registro de seca extrema ou excepcional no período.

Entre dezembro e janeiro, o único estado que registrou aumento da área com seca foi Santa Catarina. Por outro lado, a área com o fenômeno diminuiu em 12 estados: Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Nos casos do Espírito Santo e Maranhão o fenômeno desapareceu. Nas outras oito unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor, não houve variação do território com seca: Alagoas, Distrito Federal (que permaneceu livre do fenômeno), Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

Cinco estados registraram seca em 100% do território no último mês: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Três unidades da Federação ficaram livres do fenômeno em janeiro: Distrito Federal, Espírito Santo e Maranhão. Os demais 13 estados acompanhados pelo Monitor apresentam entre 17,3% e 97,9% de suas áreas com o fenômeno, sendo que para percentuais acima de 99% considera-se a totalidade dos territórios com seca.

Com base no território de cada unidade da Federação acompanhada, Mato Grosso lidera a área total com seca, seguida por Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás. No total a área com o fenômeno foi de 2,6 milhões de quilômetros quadrados e se fosse um país seria o 10º maior do mundo, superando os 2,3 milhões de km² da Argélia.

(Arte: ANA)

O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.

Com uma presença cada vez mais nacional, o Monitor abrange as cinco regiões do Brasil, o que inclui os nove estados do Nordeste, os três do Sul, os quatro do Sudeste, os três do Centro-Oeste mais o Distrito Federal, além de Tocantins. O processo de expansão continuará até alcançar todas as 27 unidades da Federação.

ENTENDA

O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. As instituições que atuam no Monitor de Secas em seus respectivos estados são as seguintes:

  • PARANÁ: Instituto Água e Terra (IAT) e o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (SIMEPAR);
  • RIO GRANDE DO SUL: Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA);
  • SANTA CATARINA: Secretaria Executiva do Meio Ambiente (SEMA) da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE).

A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica a ausência do fenômeno ou uma seca relativa, significando que as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região.

*********Reportagem: Assessoria Especial de Comunicação Social (Ascom)/Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)

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