Covid-19: há razão para temer ou escolher a vacina?

Biomédico fala sobre a importância e a urgência da imunização no Brasil. Paraná vacinou cerca de 69% da população com pelo menos uma dose

O Paraná ultrapassou a marca de 8 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 aplicadas no Estado. A expectativa da Secretaria Estadual de Saúde é vacinar 100% do público-alvo até setembro com a primeira dose ou dose única. Até o início de agosto, 69,5% da população paranaense adulta já tinha iniciado a imunização e 26,5% tinham completado o esquema vacinal.

No Brasil, o total de doses distribuídas superou 130 milhões. Em números absolutos, o país ocupa a quarta posição. Proporcionalmente, era o 66º colocado no ranking global no final de julho, segundo o Our World in Data, uma plataforma alimentada por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

De acordo com especialistas, para que a circulação do vírus seja considerada sob controle no país, é necessário que cerca de 70% dos brasileiros tenham completado o ciclo vacinal.

Além das questões políticas envolvendo a compra das vacinas e do atraso no início da imunização, as fakenews contribuíram para tornar o ritmo da vacinação ainda mais lento. Com dúvidas sobre a eficácia, a segurança e as reações adversas dos imunizantes, muita gente reluta em procurar o serviço de saúde ou desistiu de tomar a segunda dose. Mas, afinal, há razão para temer as vacinas?

Professor do curso de Biomedicina do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações educacionais de ensino superior do país –, o especialista em imunologia Thiago Massuda diz que as vacinas são totalmente confiáveis, seguras e validadas por estudos sérios de instituições de prestígio reconhecidas internacionalmente. “Além disso, para serem autorizadas no Brasil, passaram pela aprovação de órgãos competentes como a Anvisa”.

COMPROMETIMENTO DA POPULAÇÃO
Agora que as vacinas estão chegando mais rapidamente aos estados, é hora do engajamento da população. Na avaliação do biomédico, as questões políticas devem ser deixadas de lado. “Para vencer a pandemia, precisamos do comprometimento de todos. É importante que as pessoas confiem no trabalho dos pesquisadores e estejam tranquilas para tomar a vacina.”.

Thiago Massuda explica que, com mais de 4 bilhões de doses de imunizantes contra a Covid-19 aplicadas em todo o mundo, não há motivo para que os brasileiros tenham medo das reações adversas. “Não temos registros de efeitos adversos graves e todas as vacinas que tomamos ao longo da vida podem causar algum efeito colateral ou incômodo leve, mas ainda assim seu benefício é imenso”.

SEGURANÇA COMPROVADA

O professor explica que as vacinas “ensinam” o sistema imunológico a produzir anticorpos, ampliando a defesa do organismo contra as doenças. No caso dos imunizantes contra a Covid-19, a maioria utiliza tecnologias conhecidas, com vírus inativados (mortos) ou adenovírus (vírus inofensivo). Mesmo as mais inovadoras, que utilizam a molécula RNA, foram amplamente testadas e tiveram sua segurança e eficácia comprovadas.

“Nenhum imunizante foi feito às pressas sem os devidos testes e acompanhamentos. Muita gente desconfiou da agilidade com que essas doses chegaram ao mercado, mas a ciência evolui. Quando sequenciamos o genoma humano pela primeira vez, levamos dez anos. Hoje, fazemos isso em poucas horas”, compara.

Com a produção das vacinas contra a Covid-19, continua o especialista, a lógica foi a mesma: pesquisadores utilizaram o conhecimento que já tinham e o mundo inteiro somou esforços para acelerar os resultados diante de uma pandemia.

“Foi assim que conseguimos vacinas prontas tão rapidamente, com todos os estudos e cuidados necessários. Não há motivos para ter medo ou para escolher entre um ou outro fabricante. O fundamental é se vacinar e completar o protocolo, tomando a segunda dose quando indicado”, finaliza Thiago.

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