Bloqueio de orçamento afeta campus da UTFPR de Guarapuava

Em entrevista ao CORREIO, o diretor geral Marcelo Henrique Granza mostrou os números e explicou onde a falta do repasse vai impactar dentro da universidade

O Governo Federal, através do Ministério da Educação, anunciou no dia 27 de maio um bloqueio de 14,5% nas verbas das universidades e institutos federais para despesas de custeio e investimento. A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) foi uma das atingidas, incluindo o campus de Guarapuava. Na terça-feira (6 de jun 2022), uma parte do recurso foi liberada.

Em nota, a reitoria da UTFPR afirmou – antes do desbloqueio do dia 6 – que esse represamento era equivalente à indisponibilidade de R$ 19.225.888,00 do orçamento “de despesas discricionárias, incluindo custeio, investimento e assistência estudantil”. A universidade conta com 13 campi distribuídos pelo Estado.

O CORREIO conversou com o diretor geral do campus de Guarapuava, Marcelo Henrique Granza, para entender como a falta destes recursos afeta a instituição e os alunos. Segundo ele, a manutenção da estrutura está mantida. “As despesas fixas como água, energia elétrica, manutenção, a gente tem tudo garantido, funcionando perfeitamente até fevereiro do ano que vem, quando normalmente a gente recebe outro orçamento para o ano de 2023. O que impactou principalmente foi no repasse às coordenações de cursos”.

De acordo com o diretor, o orçamento para este ano previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) para custeio era de R$ 1.919,659,26 e para investimento de R$ 773.542,27. No entanto, foram bloqueados R$ 279.118,46 e R$ 112.473,48 desses valores, respectivamente. Ou seja, a universidade deixou de ter à disposição cerca de R$ 390 mil. Conforme Marcelo, o custo da manutenção é de aproximadamente R$ 1.400.000,00 e o restante do valor de custeio é destinado para outros projetos, como bolsas de extensão, de iniciação científica, auxílio pesquisador e para o custeio das coordenações de curso, onde são comparados os materiais utilizado pelos alunos nas aulas práticas como cimento no curso de engenharia civil.

“Quando a gente recebeu esse bloqueio, nosso orçamento de custeio caiu para R$ 1.640,000 esse ano. Sobrou mais ou menos 240 [mil] para conseguir fazer tudo, então ficou bem apertado. Impactou principalmente neste repasse para as coordenações, então num primeiro momento a gente teve que tirar tudo para conseguir atender essa demanda de bloqueio. Então a gente reorganizou e fez um repasse menor às coordenações e diretorias de área”, explicou.

Algumas obras no campus que haviam o planejamento de serem finalizadas neste ano também terão que esperar. “São algumas calçadas no campus, algumas escadas de acesso aos blocos que a gente queria finalizar, mas não vai ser possível”, pontuou Marcelo Granza.

Os repasses de auxílio estudantil também foram afetados, porém, a reitoria da Universidade manteve o valor de R$ 3,50 para os estudantes no Restaurante Universitário.

Diretor geral Marcelo Henrique Granza (Foto: Redação/Correio)

DESBLOQUEIO
Na terça-feira (7), o Ministério da Educação acabou desbloqueando 7,2% dos valores, após um movimento feito pelas instituições através da Andif.

“Daqueles R$ 280 mil bloqueados para custeio, já foi sinalizado um desbloqueio de R$ 137 mil. Ficou R$ 142 mil ainda bloqueados. E do investimento, de 112 mil foi desbloqueado R$ 60.368 mil. Então nosso orçamento para custear a universidade é hoje, em torno de um milhão e setecentos. Condição perfeita? Não. A gente tem muito ainda para trabalhar, poderia intensificar os valores para as coordenações de curso, para a pesquisa, bolsas, mas todas as despesas a gente tem garantia delas”, destacou. Em relação a investimentos, o campus tem em torno de R$ 700 mil para compra de equipamentos, mobiliários, computadores, etc. Conforme o diretor, no ano passado não houve repasse para isso.

NOVOS CURSOS
A UTFPR Guarapuava vem há algum tempo trabalhando para a criação de três novos cursos: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Elétrica e Engenharia de Produção; mas, segundo o diretor, o bloqueio não influencia diretamente nesta questão.

“A questão de trazer os cursos claro que vai impactar futuramente em orçamento, mas o orçamento não está ligado a vinda de novos cursos. O principal que a gente precisa é de vagas para professores e também novos técnicos administrativos. A gente tem feito as tratativas e vem trabalhando para mostrar para o legislativo federal a necessidade de trazer novos cursos”.

Segundo Marcelo, a universidade já conseguiu apoio da Câmara de Vereadores, do Fórum de Inovação de Guarapuava, o Sebrae, OAB e o Crea-PR. “Nós pretendemos protocolar ainda no mês de junho ou julho um ofício com o pedido desses novos cursos e a possibilidade dessas vagas”.

O diretor aponta que cada curso deve precisar de cerca de 20 professores, totalizando 60; e, para atender toda essa demanda, aproximadamente 40 técnicos administrativos. “Hoje nós temos mais ou menos 1000 estudantes. Com esses três novos cursos a perspectiva é que suba, em um universo de cinco anos, mais ou menos para 2000 estudantes. A gente está falando em dobrar o número de estudantes na UTFPR em Guarapuava”.

Deixe um comentário