Mais de 100 detentos da PEG UP trabalham em empresas parceiras da unidade

Ao CORREIO, o diretor Paulo Bilek contou sobre o funcionamento da Unidade e quais projetos estão sendo executados pelos internos

A Penitenciária Estadual de Guarapuava – Unidade de Progressão do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen) foi criada em 2018, deixando de ser semiaberta e passando a ser de regime fechado, onde há alguns requisitos para o ingresso de detentos, como o tipo de crime pelo qual foi preso.

Em entrevista ao CORREIO, o diretor da Deppen/PEG-UP, Paulo Bilek, explicou quais detentos podem ingressar na unidade. “Não pode crime hediondo, exceto aqueles sem violência, crime sexual não pode vir pra cá. E a quantidade de tempo de pena para ele progredir de regime não pode ser maior que cinco anos”, afirma. Outro ponto é o comportamento do indivíduo na unidade de origem. Quando há vagas, uma comissão avalia o perfil dos indicados nos dois critérios. “Temos a remição pelo trabalho, estudo e pela leitura de livros. É obrigatório trabalhar e estudar”, pontua Paulo.

Atualmente a unidade tem capacidade para 260 presos e abriga 257, no entanto, não há possibilidade de superlotação, já que para estar ali o detento precisa estar trabalhando e estudando, ou seja, se não há vagas, não há chegada de novas pessoas.

TRABALHO
A Unidade de Progressão tem trabalhado com empresas parceiras dentro e fora da penitenciária para oferecer oportunidade de emprego aos presos. Hoje, dez empresários de Guarapuava têm em seus quadros detentos, que ao final do expediente, retornam à penitenciária. Conforme Paulo, 50 trabalham em uma fábrica de botinas dentro da unidade e mais 108 trabalham fora da unidade. “Todos recebem um salário e a remição. A cada três dias trabalhados ele ganha um. E desse salário que ele ganha, 80% ele manda para a família”, destaca.

O diretor reforça como ocorre a distribuição do salário, sendo 25% para o Estado e os outros 75% do preso, e dentro deste percentual está o valor de 80% que pode ser encaminhado a familiares. “Esse 25% ajuda a cobrir as despesas do estado com ele. E ele consegue ajudar a família da mesma forma. Diariamente nós recebemos pedidos para trazer o detento para cá”.

Ainda segundo Paulo, muitos veem como uma oportunidade de se reintegrarem no mercado de trabalho quando progredirem para o semiaberto. O diretor revela que em 2021, de 119 presos que saíram com ou sem tornozeleira eletrônica, apenas cinco retornaram para o sistema prisional ao cometerem um novo crime. “O índice é baixíssimo, por quê? Porque aqui tem oportunidade, ele sai encaminhado”.

O diretor comenta que muito do resultado que a unidade vem alcançando, está no trabalho de toda a equipe. “A PEG só está neste patamar hoje porque eles gostam de trabalhar aqui, eles entenderam que o preso tem que trabalhar e estudar. Aqui o preso não anda algemado, o preso respeita muito o policial penal e há uma educação recíproca, o policial também trata o preso com educação”.

Diretor Paulo Bilek (à dir.) com o vice-diretor da Deppen/PEG UP (Foto: Redação)

EDUCAÇÃO
Além da atividade laboral, o preso precisa estudar, e para isso, a unidade conta com uma estrutura escolar. No local há um laboratório de informática, biblioteca e sala de aula. “Se ele é analfabeto, eu não posso colocar ele para trabalhar fora da unidade, ele tem que trabalhar dentro para nós alfabetizarmos ele. Nós temos o colégio Nova Visão aqui dentro, que é estadual, onde tem desde a alfabetização, ensino médio e o fundamental”, conta Paulo, destacando que há a oferta de cursos profissionalizantes no contraturno de trabalho.

Um dos incentivos é o projeto de leitura que possibilita a remição de quatro dias a cada livro lido. Após a leitura, o detento faz uma resenha da obra, que é conferida por uma professora que atende o projeto. Segundo Bilek, eles podem ler até três livros. “Hoje eu tenho 100 presos fazendo a remição pela leitura. Os externos ainda não conseguem, estou fazendo um planejamento para encaixar eles”, explica em relação aos que trabalham fora.

PROJETOS
Hoje a PEG-UP tem três projetos em andamento, um deles é a horta da unidade. O objetivo é usar a produção de verduras na penitenciária e atender também aos servidores e visitantes dos internos. “Eu ainda quero atender o SOS e o albergue. O albergue sempre acolhe internos nossos que são de outras cidades e que ao sair não tem como ir no mesmo dia para sua cidade”, explica.

Além da horta, há a costura consciente. “Nós temos um setor de costura aqui e na pandemia passamos a atender os hospitais, fazendo jalecos descartáveis. Fizemos mais de cinco mil jalecos. Máscara fizemos para todas as delegacias da região”. Ainda na área de costura, em parceria com a Agrária foram confeccionadas bolsas, nécessaire e capas de chuvas a partir de sacos de rações que seriam descartados.

A causa animal também tem ganhado com o trabalho dos internos. “Eu solicitei aos empresários de Guarapuava a doação de chapas de compensados e com a mão de obra de dois internos fizemos casinhas e entregamos para uma ONG fazer a destinação”. A ONG Brasil sem frestas também está contando com o auxílio dos detentos para costura de caixas de leite que servem para tapar os espaços entre as madeiras de casas.

Além da atividade laboral, o preso precisa estudar, e para isso, a unidade conta com uma estrutura escolar (Foto: Redação)
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