Leite das Crianças completa 18 anos no combate à desnutrição infantil

De 2003 a 2020, a média diária de crianças atendidas pelo programa foi de 127.896. Durante esse período, foram doados 785,5 milhões de litros de leite, com investimento estadual de mais de R$ 1,2 bilhão.

Uma das ações do Governo do Estado mais importantes para garantir a segurança alimentar e nutricional de crianças na primeira infância, o Programa Leite das Crianças (PLC), completa 18 anos de existência nesta sexta-feira (14). Criado em 2003 e com presença em todo o território paranaense, é também um dos mais longevos em execução pelo Poder Executivo Estadual.

O programa foi estruturado como auxiliar no combate à desnutrição infantil, por meio da distribuição gratuita e diária de um litro de leite a crianças de seis a 36 meses, pertencentes a famílias cuja renda por pessoa não ultrapasse meio salário mínimo regional. De outro lado, é um incentivador da produção e garantia de compra de leite, particularmente de produtores familiares.

“O Leite das Crianças é uma política pública preventiva, pois o consumo de leite de qualidade nessa idade possibilita mais saúde e melhor desenvolvimento da criança”, diz o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “Além disso, tornou-se fundamental para garantir renda a produtores de leite e a manutenção de empregos no campo”.

De 2003 a 2020, a média diária de crianças atendidas pelo programa foi de 127.896. Durante esse período, foram doados 785,5 milhões de litros de leite. O Estado investiu mais de R$ 1,2 bilhão na compra do produto. Atualmente, 5,2 mil produtores e 40 usinas estão cadastrados para fornecer leite. Há 1.309 pontos de distribuição nos 399 municípios paranaenses.

“Se fôssemos analisar apenas os números já teríamos bastante para comemorar nestes 18 anos, mas os benefícios são muito maiores”, destaca a chefe do Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan), Márcia Stolarski. “A oferta regular do leite pasteurizado enriquecido com vitaminas e sais minerais garante nutrientes essenciais ao crescimento da criança, ajuda a manter o peso e a altura ideais para a idade, melhora a imunidade, previne a desnutrição e a anemia”.

BOA QUALIDADE 

Entre as beneficiadas no bairro Guarituba, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, está Clema Maria de Souza, que pega leite para a filha e o neto. “Está sendo uma bênção para mim porque não trabalho fora, só faço bico, e espero que continue a ser entregue porque tem ajudado muita gente”, diz.

Aurora de Matos, moradora do bairro Itaqui, no mesmo município, exalta os benefícios para o filho de oito meses. “Ele está com bom desenvolvimento”, afirma. As qualidades do produto são reconhecidas também por Amélia Vidal Gonçalves, da Vila Nova. “O leite tem vitamina e não tem conservante”, diz.

Satisfação semelhante é demonstrada por Sandra Regina Xavier Duarte, também de Piraquara, que três vezes por semana busca o leite para o filho de dois anos. “Estou muito satisfeita porque consigo colocar outros tipos de alimento junto, como as frutas. O leite é importante pelos nutrientes, desenvolve os ossos, tem os minerais, as proteínas, ajuda no crescimento e no desenvolvimento físico”, destaca.

A merendeira da Escola Heinrich de Souza, Silvia Moreira de Lima, auxilia na entrega dos pacotes de leite às famílias desde o começo do programa. “São crianças carentes e é uma ajuda inestimável. Tem muitas crianças que realmente precisam muito, às vezes é o único sustento”, ressalta.

Segundo a diretora da escola, Ana Carolina Veiga, ali são atendidas em média 180 famílias com o Programa Leite das Crianças. O produto é entregue às segundas, quartas e sextas-feiras. “Nossa comunidade tem muita vulnerabilidade social”, diz. “A procura é muito grande e são pessoas que precisam, ainda mais nesta condição que estamos vivendo pela pandemia, que deixou as famílias em situação ainda mais delicada”.

No Colégio Estadual Ivanete Martins de Souza, a responsabilidade pelas entregas é de Vasolete Fátima Santos da Silva. “Dificilmente falta alguma mãe para pegar o leite”, diz. “Geralmente as mães pedem mais, pois têm crianças pequenas em casa que já não pegam mais, mas gostam e tomam o leite, e têm também idosos que passam aqui perguntando se não tem leite para doar”.

SATISFAÇÃO 

O Laticínios Rubhan, também de Piraquara, está entre os participantes do programa desde o início. “É muito interessante para todos nós da cadeia leiteira. Reforça a compra de leite que fazemos dos produtores e, de outro lado, tem a venda garantida desse leite que é distribuído para as mães”, diz o proprietário.

Segundo ele, além da estabilidade no fornecimento, o preço é balizado mensalmente pelo Conseleite“Isso garante que o laticínio faça um pagamento justo para os produtores”, salienta. Para Bandeira, as exigências do programa em relação à qualidade do produto também são benéficas. “Os critérios rigorosos fazem a empresa se desenvolver e melhorar como um todo”.

Emir Jacom, produtor de leite em São José dos Pinhais, também está no programa desde o início. De sua propriedade saem entre 400 e 600 litros por dia, dependendo da época do ano, que são direcionados totalmente ao PLC. Os cuidados com o produto começam no plantel que flutua entre 50 e 60 cabeças.

O produtor não compra animais, apenas cria os que nascem na propriedade. Apesar de atuar em um espaço de três alqueires e meio, é ele mesmo, com o auxílio de um tio e da mãe, quem planta e cuida da aveia e do azevém que alimentam os animais. “Sempre fui cuidadoso com a qualidade, e com o Leite das Crianças reforçamos isso”, destaca.

Jacom não esconde a vocação de quem aprendeu desde criança esse trabalho. “Produzir leite é muito difícil, não dá para sair de casa. Tem de gostar desse trabalho. Eu tenho esse compromisso e tenho satisfação de dar alimento às crianças”, acentua.

PARCERIA 

Além da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, o programa envolve diretamente as secretarias da Saúde, da Educação e do Esporte, e da Justiça, Família e Trabalho. Para participar, o interessado deve procurar o órgão de assistência social do município (Cras ou Creas) mais próximo para ser inserido no Cadastro Único do governo federal, comprovar a renda máxima de meio salário mínimo regional, apresentar a documentação pessoal e da criança que será beneficiada, com idade entre seis e 36 meses.

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