Cientista político avalia o peso do horário eleitoral gratuito nas eleições no Paraná

Tiago Valenciano destacou em entrevista ao CORREIO que as campanhas devem mudar de cenários com o início das propagandas no rádio e na TV

A campanha eleitoral começou oficialmente no dia 16 de agosto e, apesar do eleitor acompanhar as publicações nas redes sociais, a transmissão das propagandas na televisão e no rádio só começa mesmo nesta sexta-feira (26).

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já realizou o plano de mídia desta eleição e está definido que os programas do horário eleitoral deverão conter recursos de acessibilidade, como legendas em texto, janela com intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e audiodescrição, sob a responsabilidade dos partidos, federações e coligações.

No primeiro turno do pleito, o horário eleitoral gratuito será exibido de 26 de agosto a 29 de setembro. Em caso de segundo turno, a transmissão ocorrerá de 7 a 28 de outubro.

Para entender melhor o que representa os minutos ou segundos de propaganda de cada candidato, o CORREIO conversou com o cientista político Tiago Valenciano sobre o peso dessas inserções na campanha pelo governo do Paraná. Ele acredita que apesar de não influenciar no resultado da eleição, a propaganda pode ditar o desenvolvimento da campanha pelo Palácio Iguaçu.

“Os candidatos normalmente balizam o início da eleição a partir do dia 26 de agosto, ou seja, exatamente quando a gente começa a campanha no rádio e na TV. Alguns ainda apostam muito nessa força do rádio e da TV como sendo preponderantes para o resultado da campanha eleitoral, para o desenvolvimento da campanha eleitoral, do ânimo da campanha eleitoral de cada candidato. Portanto, é bom a gente ficar de olho a partir do dia 26 de agosto, que a campanha ela vai tomar um novo rumo, ela vai ter um novo cenário e principalmente nas populações mais carentes, nas cidades em que o acesso à TV aberta e ao rádio é muito forte, essa campanha deve impactar bastante”, afirmou.

Segundo Valenciano, a própria formação de coligações mostra que o tempo de propaganda é muito disputado (Foto: Arquivo Pessoal/Tiago Valenciano)

E se o eleitor espera uma guerra de acusações logo de início na propaganda gratuita no estado, deve esperar um pouco. Na visão de Valenciano, o começo da campanha na TV e rádio é mais branda, com um foco direcionado para a apresentação do candidato, da trajetória e de suas propostas. “Quando a coisa vai aquecendo, com debates, com alfinetadas na internet, aí sim eles começam a mudar a trajetória dos programas porque normalmente o eleitor assiste aos primeiros programas eleitorais para ele sentir o peso de cada campanha, por isso eles são importantes, aí ele passa um tempo desinteressado da eleição e ele vai se interessar lá no final”, destaca.

Na opinião dele, a própria formação de coligações mostra que o tempo de propaganda é muito disputado. “A gente já tinha uma coligação muito bem estruturada com o Ratinho [Carlos Massa Ratinho Junior, candidato à reeleição], há uma coalizão de partidos muito fortes e essa coligação, principalmente para os arranjos do governo do estado, elas servem mais para organizar esses aspectos de TV e organizar também a distribuição de recursos de fundo eleitoral”.

Em 2018, na última eleição geral, as redes sociais demonstraram pela primeira vez um protagonismo na campanha, seja sendo utilizado pelos candidatos ou pelos apoiadores. Segundo o cientista, elas devem novamente se destacar enquanto ferramenta de campanha no mundo digital, mas junto a elas, aponta um terceiro elemento. “As redes sociais são muito fortes sim. Elas serão importantes para gerar aquilo que eu chamo de ‘fofoca do bem’, ou seja, a rede social ela serve para dar uma força a mais para a eleição, então a rede social vai ser relevante para essa eleição, mas em contrapartida a gente vai ter um papel muito forte do rádio e da TV e de um outro fator que as pessoas não estavam contando tanto para a política na eleição passada, que são os portais e jornais, portais locais com credibilidade. Não estou falando dos blogueiros porque a era dos blogueiros a gente já passou. Mas sim dos formadores de opinião, com portais locais bem estruturados”. No Paraná, ele vê Rádio e TV e internet sendo muito priorizados pelos candidatos. “Eu acredito que em relação às mídias sociais o Instagram deve ter um papel mais importante nessa eleição do que ele teve na eleição passada, mas ainda vai ser uma eleição muito forte no Facebook”.

TEMPOS
Conforme a Justiça Eleitoral, a distribuição de tempo ficou definida da seguinte forma no Paraná:

Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) – Coligação A mudança não para. Para frente Paraná – 09’07
Requião (PT) – Federação Brasil da Esperança – FE BRASIL (PT/PC do B/PV) – 02’48
Gomyde (PDT) – Partido Democrático Trabalhista – 01’19
Professora Angela (PSOL) – Federação PSOL REDE (PSOL/REDE) – 00’44

Os demais candidatos terão o tempo mínimo de 00 ’21 cada. Na ordem de veiculação, a propaganda eleitoral gratuita começará com a candidata Professora Angela, seguida do candidato Gomyde e na sequência Carlos Massa Ratinho Junior e por fim, Requião.

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