Vereadores rejeitam PL que proibia uso de veículos de tração animal em Guarapuava

Por 11 votos a 8, a proposta do vereador Dognei (PDT) foi derrubada; defensores dos direitos dos animais e carroceiros compareceram à sessão

Em sessão na noite desta segunda-feira (18 fevereiro), os vereadores rejeitaram o projeto que proibia o uso de veículos de tração animal na área urbana de Guarapuava. Proposto pelo parlamentar Dognei (PDT), o texto não teve a adesão necessária e recebeu apenas oito votos favoráveis.

Na plateia, o carroceiro Oliver Ferreira (56 anos) acompanhou atento a argumentação dos edis, e criticou veementemente a proposta. Trabalho nisso tem 30 anos. Criei meus filhos, dei estudo, formei, tudo com carrocinha. Agora, por que ele vai proibir uma coisa que é nossa, da nossa liberdade?, questionou Oliver, apontando ainda que não têm condições de trabalhar em outra área devido a problemas de saúde. Como vou me manter, se o meu serviço é esse?, perguntou.

Dono da Toscana, a égua que o acompanha no dia a dia, o carroceiro afirma que é contra os maus-tratos, e que quem não cuida bem do seu animal, precisa ser punido. Tem que ‘por uma investigação’ em quem judia dos animais. Tem muito animal que é judiado mesmo, e tem que processar quem faz isso, diz Oliver, que é morador do bairro Jardim das Américas.

Do outro lado, Laura Prado, que faz parte da Organização não Governamental (ONG) Patas com Patas, relatou que já resgatou cavalos abandonados no município, e acredita que seria positivo se o projeto fosse aprovado. Quem gasta gasolina, perde sábado e domingo resgatando os animais somos nós. É bem difícil um animal desses sobreviver, pontua, acrescentando que é voluntária há sete anos.

Se tem pessoas que trabalham usando ‘gaiotas’, por que eles não podem também?, questiona Laura, ressaltando que o trabalho da ONG também visa o bem-estar do proprietário do animal. Têm casas que a gente chega e a pessoa não tem nem o que comer. Já arrecadamos cestas-básicas para essas famílias, conta.

Proposto pelo parlamentar Dognei (PDT), o texto não teve a adesão necessária e recebeu apenas oito votos favoráveis (Foto: Douglas Kuspiosz/Correio)

DERROTADO

Antes do início da sessão, Dognei disse que o projeto poderia ter até oito votos favoráveis, e acrescentou que viu resistência à proposta na Casa de Leis.

Tem que se fazer alguma coisa. Enquanto ficar desse jeito, tanto o animal quanto o dono sofrem, porque ele não tem condições de cuidar do animal. Se a gente fizer hoje uma proibição, eu acredito que hoje ou amanhã o próprio carroceiro vai achar uma alternativa, como a Prefeitura também, pontuou o vereador.

A falta de uma alternativa ao uso da tração animal foi a principal crítica dos parlamentares durante a discussão. A vereadora Maria José (PSDB) chegou a sugerir que a proposição fosse retirada da pauta e readequada, trazendo uma solução em conjunto com o prefeito Cesar Silvestri Filho. Se ele for para a votação, será derrubado. E foi.

Na plateia, o carroceiro Oliver Ferreira (56 anos) acompanhou atento a argumentação dos edis,
e criticou veementemente a proposta (Foto: Douglas Kuspiosz/Correio)

PLACAR

Votaram a favor do projeto os vereadores Dognei (PDT), Professor Serjão (PT), Germano Toledo Alves (PR), Márcio Carneiro (PPS), Maria José (PSDB), João Napoleão (Pros), Guto Klosowski (PHS) e Rodrigo Crema (PPS).

Foram contrários à proposição os parlamentares Jabur do Motocross (PRB), Marcelinho (DEM), Valdemar Calixtro (PDT), Professora Terezinha (PT), Dedo (PSB), Élcio Melhem (PP), Samuca (PPS), Gilson da Ambulância (PSD), Celso Costa (PPS), Luiz Juraski (PRB) e Vardinho (DEM).

Pedro Moraes (PRB) e Danilo Dominico (PSD) não estavam presentes à sessão.