Pesquisa revela que partidos têm baixa renovação de suas lideranças

Estudo encomendado pelo Movimento Transparência Partidária revela que a rotatividade das lideranças de Diretórios e Executivas em todo o país fica na média de 24%

Há pelo menos 30 anos, os eleitores paranaenses acompanham a alternância de poder na política estadual a partir dos mesmos sobrenomes. Com raras exceções, parece que as mesmas famílias e lideranças partidárias trocam de posição na sucessão de cargos, tanto no executivo quanto no legislativo.

E o fenômeno não é exclusivo do Paraná, vide a polaridade entre PT e PSDB nos governos municipal e estadual em São Paulo.

Talvez uma das explicações para essa situação esteja no próprio cerne das legendas partidárias, que sofrem com a falta de renovação de suas lideranças.

Estudo encomendado pelo Movimento Transparência Partidária (MTP) mapeou a composição das Executivas Nacionais e dos Diretórios Nacionais de todos os partidos políticos brasileiros já registrados, em um período de dez anos (2007-2017).

Entre os resultados, a pesquisa Oxigenação dos Partidos Políticos: Executivas e Diretórios Nacionais descobriu que a rotatividade das lideranças de Diretórios e Executivas fica na média de 24%.

Em resumo, as cúpulas dos partidos políticos penam com a falta de oxigenação, ficando refém dos mesmos nomes.

Das oito principais legendas analisadas (PMDB, PT, PSDB, PP, PR, PSD, PSB e DEM), o destaque negativo foi o PP, que apresenta 0% de renovação tanto na Executiva quanto no Diretório Nacional, durante o período examinado.

A falta de eleições no PP nos últimos nove anos, segundo dados do próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), explica sua má colocação nos rankings de oxigenação partidária. Já o PSDB surpreende negativamente com 31% de renovação na Executiva Nacional e 29% no Diretório Nacional, mesmo tendo realizado nove eleições de cúpula, nos últimos dez anos, diz o MTP, via nota à imprensa.

No fim da lista, como as agremiações com menos alternância de poder nos Diretórios Nacionais estão: PTC (7%), PSDC (5%) e PCB (3%), entre 35 agremiações analisadas.

Partidos têm baixa renovação no país (Arquivo/Correio)

ROTATIVIDADE

Na outra ponta, as agremiações que mais renovaram suas Executivas foram PT (68%), PROS (67%) e PTN (56%).

As elevadas taxas de rotatividade nos quadros de comando petistas – 68% de renovação na Executiva Nacional e 59% no Diretório Nacional -, quando comparadas a dos outros partidos, podem ser explicadas pelos desgastes sofridos por antigas lideranças do PT com os processos do Mensalão e da Lava-Jato, explica o MTP.

Com relação ao PMDB, sua posição próxima à liderança do ranking, com 56% de oxigenação na Executiva e 49% no Diretório, se dá em função do aumento de assentos nas instâncias de comando do partido, que quase dobrou na última década, passando de 23 para 45 membros, na Executiva Nacional, e de 160 para 208 assentos no Executiva Nacional.

ELEIÇÕES

Partidos como PCO, PP e PRP apresentam 0% de rotatividade em suas executivas na última década, uma vez que não realizaram eleições internas no período.

METODOLOGIA

A pesquisa encomendada pelo Movimento Transparência Partidária foi realizada pela Consultoria Política Pulso Público e analisou a composição da Executiva Nacional e do Diretório Nacional de todos os partidos políticos brasileiros já registrados, em um período de dez anos (2007-2017) com o objetivo de averiguar a permeabilidade de suas cúpulas à filiados e à própria sociedade.

MOVIMENTO

O Movimento Transparência Partidária (MTP) é uma organização sem fins lucrativos, financiada por pessoas da sociedade civil, que nasceu em 2016 com propostas claras que visam garantir a transparência na prestação de contas dos partidos políticos brasileiros.

Para mais informações, acesse o site do MTP.