Para presidente do Iprade, partidos vão precisar se reinventar

Com o fim das coligações para as eleições proporcionais – para deputados e vereadores -, Ana Carolina de Camargo Clève acredita que é preciso planejamento para desenvolver novos quadros e projetos coletivos

As eleições de 2020 serão marcadas por uma importante mudança na legislação que rege o pleito: não serão mais permitidas coligações nas proporcionais.

Essa medida será aplicada pela primeira vez neste ano, e impede que os partidos se coliguem na disputa das vagas para deputados e vereadores.

Via de regra, isso deve impedir que um candidato com larga votação emplaque outros nomes das legendas aliadas – um dos casos mais emblemáticos foi a eleição do deputado federal Tiririca em 2014, que somou mais de 1 milhão de votos.

Na última quinta-feira (13), a presidente do Instituto Paranaense de Direito Eleitoral (Iprade), Ana Carolina de Camargo Clève, palestrou sobre a importância da participação feminina no processo eleitoral, e concedeu entrevista ao CORREIO.

Na sua avaliação, as mudanças na legislação impactarão de forma significativa o jogo democrático, fazendo com que partidos tenham que efetivamente compreender sua função constitucional.

Vão precisar se reinventar, citando a necessidade de planejamento a longo prazo para desenvolver bons quadros e lançar projetos coletivos.

Inclusive, isso está diretamente ligado à participação da mulher, já que além da cota de gênero, com percentual mínimo de 30% da chapa, este pleito também terá igual valor na distribuição dos recursos do Fundo Eleitoral.

A Justiça Eleitoral não vai mais tolerar candidaturas laranjas. Então, os partidos que fraudarem essa questão da cota de gênero, serão punidos e a chapa toda cai. Todos os eleitos caem depois de comprovada a fraude, explica Ana Carolina.

NÚMEROS

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as eleitas em 2018 chegaram a 290, correspondendo a 16,20% das 1.790 vagas disponíveis a nível estadual e federal. Na Câmara dos Deputados, foram eleitas 77 parlamentares.

Isso evidencia a desproporção, uma vez que no Brasil as mulheres representam 52,5% do total de 147,5 milhões de eleitores – e, apenas 9.204 (31,6%) concorreram a cargos eletivos.

FAKE NEWS

Presente em larga escala na última eleição presidencial, ainda não é possível mensurar o tamanho do impacto das notícias falsas na decisão das urnas.

Através de redes sociais e aplicativos para celulares, difamações e informações inverídicas foram distribuídas em todo o Brasil.

Passados dois anos, a presidente do Iprade garante que a Justiça Eleitoral está com os radares ligados e já firmou convênios com órgãos de inteligência para identificar os responsáveis.

É uma preocupação não só nossa, mas mundial, listando os pleitos nos EUA e Índia, que foram marcados pela proliferação de fake news.