Instalação indevida de ‘eliminadores de ar’ pode trazer riscos à saúde, diz Sanepar
Em nota encaminhada ao CORREIO, a concessionária afirmou que esses dispositivos podem criar vulnerabilidade no sistema de abastecimento, provocando riscos à saúde; legislação estadual já regulamenta o uso dos equipamentos
Um projeto de lei em tramitação na Câmara de Vereadores de Guarapuava busca regulamentar a instalação de eliminadores de ar nos hidrômetros do município. A discussão da proposição, atualmente, está adiada, mas deve voltar à pauta no mês de agosto.
Ao CORREIO, o vereador Prof. Serjão (PT), autor do texto ao lado de Dognei (PDT), afirma que a medida visa beneficiar as regiões mais periféricas da terra do lobo bravo, como os bairros Alto Cascavel, Jardim Aeroporto e Colibri, onde ocorre falta de água com mais frequência.
Em sua argumentação, o petista afirma que quando o abastecimento nesses pontos mais altos da cidade é normalizado, a água retorna com uma grande quantidade de ar, que acaba sendo contabilizado pelo hidrômetro.
Entretanto, em uma nota encaminhada à reportagem, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) ressalta que a empresa instala ventosas na rede de distribuição em pontos onde a intermitência ou a interrupção no abastecimento é maior. A função desse dispositivo é justamente eliminar o ar antes que ele chega à casa dos clientes.
Em testes realizados, tanto laboratoriais quanto em situações reais, a quantidade de ar que passou pelo hidrômetro foi tão pequena que não chegou a representar diferenças significativas para o consumo, aponta o texto.
Além disso, a concessionária alerta que a instalação indevida dos eliminadores de ar pode causar riscos à saúde, já que deixa o sistema de abastecimento vulnerável.
Além de infringir a legislação, pode causar grave risco à saúde pública, prejudicando a qualidade da água ao oportunizar a contaminação pelo manuseio inapropriado das instalações, diz na nota.
Em contrapartida, Serjão afirma que, baseado em registros de outros municípios, a economia pode chegar a 30% nas regiões mais afetadas. Em uma casa que consome R$ 100 por mês, pela média estaria pagando R$ 30 de ar, observa, ressaltando que o custo do ar também pode incidir sobre a taxa de esgoto e lixo, onerando a população.
LEI ESTADUAL
A nível estadual, a instalação desses equipamentos é abordada na lei estadual 13.962/2002, que foi regulamentada pelo decreto estadual 953/2007.
Dessa forma, a legislação aponta que somente a concessionária pode realizar a instalação dos dispositivos, que deve ocorrer sempre na distribuição global, ficando vedada qualquer instalação deste aparelho na ligação e na instalação predial de água, formadas pelo ramal predial, cavalete, hidrômetro e demais conexões e tubulações localizadas no imóvel dos usuários.
Acompanhando essas determinações, a empresa garantiu em nota que já atende à legislação existente sobre o assunto, instalando dentro de critérios e normas técnicas as ventosas nas redes de distribuição global de água.