‘Guarapuava Educadora’ realiza palestras sobre protagonismo juvenil

O evento, ministrado pelo professor Nécio Turra Neto, da Unesp, aconteceu na Unicentro, em Guarapuava, e trouxe como discussão a juventude educando-se na/com a cidade

No final do mês de julho, o projeto Guarapuava Educadora reuniu aproximadamente 200 jovens de seis escolas públicas da região Centro do Paraná – Colégios Estaduais Professora Dulce Maschio, Antônio Tupy Pinheiro, Cristo Rei, Padre Chagas, Maria de Jesus Pacheco Guimarães e do Campo da Palmeirinha.

O evento, ministrado pelo professor Nécio Turra Neto, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), aconteceu na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava, e trouxe como discussão a juventude educando-se na/com a cidade.

O aluno do segundo ano do Ensino Médio Alex Eduardo Santos conta da importância de debates como esse, pois auxiliam muitos estudantes no âmbito escolar. A cada ano, os alunos se envolvem mais através da Educação e com isso buscam melhorias para cada um.

Essa atividade é parte de ações previstas no projeto Guarapuava Educadora, com coordenação de professora Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes, financiado pelo programa Universidade Sem Fronteiras (USF), com recursos obtidos por meio de edital da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, a Seti/PR.

A docente explica que, nessa primeira fase do projeto, o objetivo é trabalhar diretamente com o jovem sobre os conceitos de juventude e, principalmente, o seu papel na sociedade atual. Vivemos um tempo onde a individualização é o centro. Estamos perdendo o senso de coletividade. Então, chamar a juventude para um protagonismo, para elas entenderem a importância do coletivo, do respeito ao outro, tudo é importante, explica Marquiana.

DOCUMENTÁRIOS

Durante a conversa, pequenos documentários com jovens protagonistas foram exibidos para ilustrar exemplos de machismo, homofobia e desigualdades sociais.

Cintia, Caroline e Kauane são alunas da Escola de Campo da Palmeirinha e contam que já passaram por muitas situações no seu cotidiano; por isso esse momento foi importante para aprender e discutir essas temáticas. A gente aprendeu que, quando sofre um tipo de assédio, seja na escola ou na rua, a gente não tem que ficar calada, tem que contar para um adulto ou falar com a família, explica Carolina ,que entende que não ficar calada é uma forma de incentivar outras pessoas a terem essa iniciativa também. A gente está tendo a oportunidade de mostrar o que a gente quer fazer, as nossas próprias escolhas. Não é todo mundo igual, existem diferenças. A gente aprende com isso a aceitar todo mundo do jeito que é, completa Cintia.

Nécio Turra Neto (André Justus/Mídia e Memória Sem Fronteiras)

DISCUSSÃO

O palestrante explica que é sempre difícil medir ou dizer o quão impactante aquele momento de discussão foi para cada aluno, mas acredita que conseguiu mexer de alguma forma com os adolescentes. Eu trouxe uma fala com o intuito de provocar eles, afinal, não podem achar que a nossa sociedade é assim mesmo, que as coisas nunca vão mudar, pois essa postura a gente já está cheio.

Nécio ainda explica que esse protagonismo tem que ser dos próprios jovens e que sua fala tem a função de despertar algo em cada um. Eles vão acabar percebendo que as questões que afligem o cotidiano deles, não são questões individuais, mas sim da nossa sociedade e, portanto, coletivas, finaliza.

APRENDIZADO

Para o aluno Alex Eduardo Santos, oportunidades como essa funcionam como o Mito da Caverna e trazem aprendizado para todos. Antigamente, os homens pensavam que estavam na escuridão mas, quando viram a luz, libertaram-se das correntes e foram até ela. O diálogo que tivemos aqui foi como a luz para muitas pessoas, mostrou que não estamos sozinhos.

PROFESSORES

O debate não ficou apenas aos alunos do Ensino Médio. No período da noite, os professores das seis escolas participantes foram convidados a discutir o tema a partir da perspectiva do papel do educador. A conversa, igualmente liderada por Nécio Turra Neto, reforçou a função dos docentes, que é escutar o que a juventude tem a dizer. É preciso repensar a escola, repensar as práticas e as matérias a partir da escuta. O diálogo se inicia agora, o professor participa disso com os estudantes, mas não como protagonista, como como alguém que tem o poder de reorganizar o espaço educativo.

A ação teve apoio também do Núcleo Regional de Educação – Guarapuava, bem como a Prefeitura Municipal de Guarapuava, por meio das Secretarias de Educação e Cultura, Esportes e Recreação, Agricultura e Turismo, e Meio Ambiente.

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