Fê Lemos consolida projeto ‘Hotel Básico’ com 2º disco

No universo do rock, Antônio Felipe Villar de Lemos entrou pra história da cena brasileira simplesmente como Fê. Ao longo de mais de três décadas, ele está no comando das batidas nervosas e compassadas do Capital Inicial. Ao lado de seu irmão Flávio (baixo), o baterista dá o tom percussivo à cozinha sonora da banda brasiliense.

Mas, na última década, Fê Lemos tem se tornado conhecido através de outra alcunha: Hotel Básico. Nesse caso, saímos do campo do rock tradicional para entrar em um mundo mais solúvel e menos convencional, que é o da música eletrônica. Digamos, um universo da pós-modernidade, com suas fronteiras diluídas e seus ritmos amalgamados.

Desde os anos de 1990, o baterista Fê deu início à sua busca pela batida eletrônica, com suas texturas de beats que rompem com o pop/rock comercial. Do encontro das guitarras e sintetizadores com letras em que uma visão crítica e sem meios­tons da sociedade se une a um humor ferino, Fê Lemos e seu projeto Hotel Básico mostram que a inquietude artística aliada às novas tecnologias pode criar uma música nova, surpreendente e cativante.

Em 2005, veio à luz o primeiro fruto: o disco solo Hotel Básico, cujo título depois daria nome à face pós-moderna do baterista do Capital Inicial.

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Aliás, o projeto eletrônico é levado de maneira paralela aos compromissos com a banda de rock. No próximo sábado (18), o Capital retorna a Guarapuava com a turnê do disco Acústico NYC, gravado ao vivo no ano passado. Segundo a assessoria de imprensa do Fê, o projeto Hotel Básico não tem show agendado para o terceiro planalto; mas, às vezes, o músico é convidado como DJ set para alguma balada. Portanto, surpresas podem aparecer.

Curioso é que, em 2015, o baterista se envolveu com o novo DVD do Capital e, de quebra, gravou o segundo CD de seu projeto musical eletrônico: Amor Vagabundo (selo independente Qualé Cumpadi).

AMOR VAGABUNDO
O trabalho mais recente incorpora o termo Hotel Básico como nome artístico de Fê na carreira solo. Na comparação com o primeiro disco, a fase é de amadurecimento na busca por criar uma música pop brasileira com o sabor do século 21.

Composto de 13 faixas, Amor Vagabundo tem as participações da cantora Bianca Jhordão e do guitarrista Rodrigo O’Reilly Brandão (banda Leela); além de Carol Mendes (vocais) e Kiko Zambianchi (violão). À exceção de duas vinhetas (que abrem e fecham o repertório), o disco tem o trabalho nos vocais em cima das letras em português (excluindo Butterfly Girl); inclusive, com a participação efetiva de Fê no papel de vocalista ou backing vocal, o que não se vê com tanta facilidade no Capital.

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Isso revela uma proposta sonora antenada com as pistas de dança, mas sem cair na tentação de um radicalismo musical. A experimentação de Fê (vulgo Hotel Básico) é mais na seara da programação eletrônica, com a escolha de beats temáticos e a manutenção de uma base rítmica identificável.

FUNK
Mas a grande surpresa de todo o disco talvez seja a faixa O Funk do Bafômetro, que gerou um divertidíssimo videoclipe em que o baterista encarna um homem da lei em uma fictícia batida policial.

Em clima despretensioso, o single emula algumas características típicas do batidão do funk: a letra repetitiva, o ritmo de replay, o conteúdo malicioso e a voz extremamente aguda da cantora (claro que feito de maneira proposital).

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GUARAPUAVA
O baterista do Capital Inicial iniciou oficialmente seu projeto de música eletrônica com o disco Hotel Básico, em 2005. É um projeto independente no qual não tenho banda e componho apenas no computador. Sou só eu. O Capital não é mais um veículo para expor minhas ideias, disse Fê, em entrevista ao jornal Diário de Guarapuava, em 2013.

Aliás, há quase três anos ele veio à terra do lobo bravo com o Capital Inicial e aproveitou para lançar seu primeiro livro Levadas e Quebradas (2012), durante uma concorrida tarde de autógrafos na Livraria do Chain, no campus Santa Cruz da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).

Na verdade, a obra é uma coletânea de textos publicados em seu blog durante os anos de 2006 e 2011. O tema principal é a rotina de shows e viagens do Capital pelo Brasil, com lembranças dos tempos de Brasília e reflexões sobre lugares e vivências.

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NOITE CBHB
Mensalmente, Fê Lemos organiza a Noite CBHB em São Paulo. É um evento em tributo ao lendário CBGB, casa noturna de Nova York que foi o berço da efervescência musical do rock nos anos de 1970.

A CBHB recebe convidados para jam sessions como o baterista PA Pagni (RPM), Ciro Pessoa (ex-Titãs e Cabine C), autor da letra Jardim das Gueixas, faixa do primeiro álbum solo Hotel Básico, entre outros músicos amigos da CBHB.

Lançada em novembro de 2015, a Noite CBHB será para aqueles que quiserem descobrir o que está sendo feito de novo na música brasileira. A próxima edição será no dia 6 de julho, na Sensorial Discos.

ONDE ENCONTRAR
O CD Amor Vagabundo está disponível para audição em plataformas de streaming (caso do Spotify), na internet; e também para compra, no site da Briquet de Lemos Livros. Em Guarapuava, é provável que o disco esteja à venda junto com os produtos do Capital, no show de sábado (18).

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Algumas faixas dos dois discos – Hotel Básico e Amor Vagabundo – podem ser ouvidas no Number One Music; o clipe de O Funk do Bafômetro está disponível no canal de vídeos YouTube.

Para mais informações sobre o projeto Hotel Básico, acesse sua página no Facebook.

HISTÓRIA
Fê Lemos sempre esteve na vanguarda dos movimentos musicais mais importantes das últimas décadas. Nos final dos anos 70 formou o Aborto Elétrico, grupo seminal de punk rock de Brasília, ao lado de seu grande amigo Renato Russo.

Nos anos 80 contribuiu com a explosão do rock brasileiro formando a hoje consagrada banda Capital Inicial. Como letrista de várias canções clássicas da banda, tais como Independência, Leve Desespero, Autoridades, Prova, Kamikaze, entre outras, deixou sua marca no repertório da banda.

Nos anos 90 mergulhou fundo no universo da música eletrônica. Vários anos de pesquisa e composição levaram à produção de seu primeiro disco solo, Hotel Básico, lançado em 2005.

Texto: Cristiano Martinez, com informações de assessoria
Fotos: Divulgação