Cinemateca de Curitiba recebe estreia de ‘O Dirigível’ 83 anos depois da visita do Hindenburg ao Paraná

O lançamento conta com apoio da Fundação Cultural e da Prefeitura de Curitiba. Após a exibição, haverá bate-papo com seus realizadores. Em 1º de dezembro de 1936, o Hindenburg sobrevoou as colônias alemãs do Paraná e de Santa Catarina

Oitenta e três anos depois de cruzar o céu de Curitiba, a aeronave alemã Hindenburg está de volta ao Paraná como estrela do documentário O Dirigível. Média metragem de Alessandro Vieira, Carlos Alexandre Martins e Saulo Adami, o documentário da Griô Filmes, de Santa Catarina, fará sua estreia na Cinemateca de Curitiba dia 1º de dezembro de 2019, às 16 horas, em única sessão e com entrada franca. O lançamento conta com apoio da Fundação Cultural e da Prefeitura de Curitiba. Após a exibição, haverá bate-papo com seus realizadores.

Coronel do Exército, o historiador e escritor paranaense Cristiano Rocha Affonso Costa pesquisou a passagem dos dirigíveis Graf Zeppelin e Hindenburg pelo Brasil. É ele quem conta no documentário as origens, a construção e o fim das viagens transatlânticas destas aeronaves. Em 1º de dezembro de 1936, o Hindenburg – com 245 metros de comprimento e 41 metros de altura – sobrevoou as colônias alemãs do Paraná e de Santa Catarina.

Em Curitiba, foi avistado pelo vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, professor e historiador Ernani Costa Straube, e pela costureira Nemézia Azamor Monteiro, a dona Zeza, que estão entre os entrevistados. De lá, eles jogavam umas caixinhas de fósforo com estampa dos lugares por onde o Hindenburg havia passado, lembrou Straube. Ele deu uma volta na praça, depois seguiu. Longe a gente ainda via ele, contou dona Zeza.

A viagem do Hindenburg para Paraná e Santa Catarina foi recebida com muito entusiasmo por toda a colônia alemã, destacou Cristiano Costa. A tradutora Ursula Rombach, filha do arquiteto alemão Eugen Rombach, assistiu aos três anos de idade a passagem do Hindenburg sobre Brusque. Eu fui pra frente da casa com meus pais e a gente viu o dirigível passar: enorme, silencioso, majestoso, descreveu.

O mesmo episódio foi testemunhado pelo gerente de vendas Walter Orthmann, recordista do Guinness Book (trabalha há 81 anos na mesma empresa), pelo industrial e piloto de aeronaves Henning Jönk, e pelo tintureiro e chapeleiro Miguel Germano Franco. Franco contou que algumas pessoas entraram em pânico por acreditar que se tratava do fim do mundo. Foi uma coisa inacreditável, eu nunca tinha visto nem avião, disse Walter Orthmann, que aos 14 anos de idade estava a caminho da escola. Em São Paulo, foi avistado pelo advogado Bernardo Guimarães da Silva.

A entrevista de Walter Orthmann foi filmada em sua sala de trabalho, na RenauxView, erm Brusque, da qual é funcionário desde a década de 1930 (Foto: Saulo Adami)

PRODUÇÃO

O Dirigível tem roteiro de Saulo Adami, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, que criou o projeto em 2016. Produzido com recursos próprios, reúne fotografias e cenas de documentários alemães, norte-americanos e brasileiros, incluindo registros de Agostinho Leão (Graf Zeppelin, 1934) e João Baptista Grof (Hindenburg, 1936).

Até hoje, o Graf Zeppelin, o Hindenburg e o Graf Zeppelin II são os maiores objetos que voaram, na história da humanidade, segundo Cristiano Costa. Não houve nada mais grandioso cruzando os céus. Então isso significa que a grande era romântica das viagens aéreas é apenas um eco do passado.

SERVIÇO

Lançamento do documentário O Dirigível. Domingo, 1º de dezembro de 2019, às 16 horas, na Cinemateca de Curitiba (rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1.174 – São Francisco, Curitiba). Entrada franca. Classificação indicativa: livre.

O dirigível Hindenburg entre as torres da catedral de Curitiba, 01-12-1936 (Foto: Assessoria)

FICHA TÉCNICA

O Dirigível (Griô Filmes, 2019). Direção: Alessandro Vieira, Carlos Alexandre Martins e Saulo Adami. Roteiro: Saulo Adami. Com: Cristiano Rocha Affonso Costa, Ursula Rombach, Henning Jönk, Ernani Costa Straube, Bernardo Guimarães da Silva, Nemézia Azamor Monteiro, Miguel Germano Franco, e Walter Orthmann. Entrevistas: Alessandro Vieira, Carlos Alexandre Martins, Jeanine Wandratsch Adami e Saulo Adami. Câmeras: Alessandro Vieira, Carlos Alexandre Martins e Ozzy Soranso. Montagem: Brendha Amorim. Edição e finalização: José Lucas da Luz. Arte gráfica: Leandro Cogo Bolsan. Desenho do título: Luís Brusque. Narração: Vanderley Ferraz.