Turnê de João Bosco & Coral Sanepar tem encerramento apoteótico em Guarapuava

Dividido em três partes, o show entregou ao público guarapuavano, no Teatro Municipal Marina Karam Primak, interpretações únicas, afinadas e esfuziantes de clássicos do cancioneiro popular, caso de “Água de beber”, “Maria, Maria”, “Bala com bala”, “Ronco da cuíca”, “Papel machê”, “Jade”, entre outras

Aldir Blanc, Tom Jobim, Capinan, Martinho da Vila, Dominguinhos, Vinicius de Moraes, Milton Nascimento… autores definitivos da música popular brasileira, como diria João Bosco (ele próprio um cara dessa constelação).

Durante cerca de duas horas, o público de Guarapuava viu e ouviu, sobre o palco do Teatro Municipal Marina Karam Primak, esse desfile de nomes da MPB por meio de composições imortais executadas no espetáculo “Bordando o Som”, na noite deste sábado (8).

A turnê com João Bosco & Coral Sanepar terminou sua passagem pelo Interior do Paraná com uma apresentação apoteótica na chamada Capital da Cevada e do Malte. Casa lotada, com ingressos (gratuitos e limitados a dois por CPF) que haviam se esgotado em seis horas no dia de abertura da distribuição.

Dividido em três partes, o show entregou ao público guarapuavano interpretações únicas, afinadas e esfuziantes de clássicos do cancioneiro popular, caso de “Água de beber”, “Maria, Maria”, “Bala com bala”, “Ronco da cuíca”, “Papel machê”, “Corsário”, “Jade”, entre outras. João Bosco comandou com sabedoria e feeling um coral que completa 40 anos de história em 2023. Aliás, a atração também comemorou os 60 anos da Companhia de Saneamento do Paraná.

Com cinco décadas de carreira, Bosco se mantém em forma, com voz poderosa, dedilhado inspirado ao violão e, claro, a interação com os mais de 300 espectadores no Teatro Municipal. Rolou homenagem ao grande parceiro musical, o carioca Aldir Blanc Mendes, vítima da Covid-19 em 2020, aos 73 anos de idade. Blanc é autor de vasta obra musical e literária, como “O Bêbado e a Equilibrista” e “Linha de passe”.

Momento solo de João Bosco (Foto: Redação/Correio)

Entre uma canção e outra, o mineiro de Ponte Nova contou histórias saborosas sobre a criação de certas composições. Uma das mais curiosas foi de uma parceria dele com Martinho da Vila. Só pra ficar com um gostinho de sabor, envolve uma noitada regada a “chá de camomila” e uma imagem delirante na Praça da Sé, em São Paulo.

Aliás, uma pessoa da plateia perguntou qual era a “água de beber” presente na taça do famoso compositor/cantor, ao longo de sua apresentação em Guarapuava. Arrancou gargalhadas. Antes, Bosco havia explicado sobre a origem de “Água de beber” (Tom Jobim/Vinicius de Moraes), um standart da MPB. Resumidamente, pode-se dizer que é a famosa “bebida que passarinho não bebe”, se é que você está me entendendo…

Fechando a noite, o projeto tocou a aguardada “O Bêbado e a Equilibrista” (João Bosco/Aldir Blanc), momento memorável e emocionante. Muita gente ficou com os olhos marejados. Impossível não se lembrar da interpretação única de Elis Regina (1945-1982).

CORAL/BANDA
Acompanhando João Bosco, estavam o Coral Sanepar e uma super banda. Com quatro décadas de história, o projeto sanepariano brindou o público com muita técnica, apuro vocal e “sistema nervoso”. Afinal, sem mexer com os nervos não tem graça.

Esse coral “cheiroso”, como disse brincando uma das integrantes, teve seu momento solo em uma das partes da apresentação, arrancando aplausos, risos e assobios da plateia. É fruto do investimento da Sanepar e do trabalho de direção musical e maestrina.

E a banda era formada por instrumentistas de ponta, com guitarra, sopros (trompete, flauta, trombone), contrabaixo, piano, percussão e bateria. Tocaram principalmente com João Bosco e Coral, e no trecho isolado dos coralistas.

TURNÊ
Antes de Guarapuava, a turnê passou por Cascavel (Oeste), Pato Branco (Sudoeste), Maringá (Noroeste), Londrina (Norte) e Ponta Grossa (Campos Gerais). Tudo começou em apresentação especial no dia 23 de janeiro, em Curitiba, no Teatro Guaíra.

Além do bis na “terra do lobo bravo”, o público quer mais atrações como essa para ter mais diversão e arte (e não apenas comida). Principalmente no Teatro Municipal Marina Karam Primak, um equipamento público fundamental para a região Centro-Sul.

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