Pedra que rola não cria limo: 60 anos do primeiro show dos Rolling Stones

Em 12 de julho de 1962, uma formação embrionária subiu ao palco do Marquee Club, em Londres, Inglaterra, utilizando o nome Rollin’ Stone (com apóstrofe e no singular). Mas lá estava a célula-mãe da banda: Mick Jagger (vocal), Brian Jones (guitarra) e Keith Richards (guitarra)

Mick, Keith, Brian, Dick, Ian e Ivory. Seis jovens que se apresentaram juntos, na noite de 12 de julho de 1962 no Marquee Club, em Londres, Inglaterra. Há exatos 60 anos. Era o primeiro show da Rollin’ Stone (com apóstrofe e no singular, tal como o blues de Muddy Waters), banda que depois ficaria mundialmente conhecida como The Rolling Stones.

Ainda não era a formação clássica, mas estava lá a célula-mãe do projeto: Mick Jagger (vocal), Brian Jones (guitarra) e Keith Richards (guitarra). Já Dick Taylor (contrabaixo), Ian Stewart (teclados) e Mick Yvory (bateria) dariam lugar ao baixista Bill Wyman e ao batera Charlie Watts.

Justiça seja feita, Stewart tocou piano, órgão e percussão nos álbuns stonianos entre 1964 e 1985. Não aparecia publicamente com a banda “pois seu rosto não se encaixava”, segundo o empresário dos Stones. Por isso, não era considerado membro oficial, mas apenas um gerente de palco e músico de estúdio.

Para efeitos de história, a estrutura embrionária dos Stones completa seis décadas de vida em 2022, pois esse show no Marquee Club é o atestado de nascimento do grupo. O álbum de estreia seria lançado somente em 1964, intitulado simplesmente como “The Rolling Stones” e recheado de covers de artistas negros norte-americanos, com apenas uma composição da dupla Jagger/Richards, “Tell Me”.

Aliás, a música negra americana fez a cabeça dos integrantes da banda durante a juventude. Nomes como Muddy Waters, Chuck Berry, Bo Diddley, Howlin’ Wolf, Elmore James tiveram influência.

ANOS 60
Em 1965, o disco “Out of Our Heads” apresenta o grande single autoral: “(I can’t get no) Satisfaction”, que ganha o primeiro lugar nas paradas americanas. Richards encontra um pedal de fuzz para dar forma ao timbre de um dos riffs mais conhecidos da história do rock.

Mas, em 1969, o disco “Let it Bleed”, já com Mick Taylor na outra guitarra, marcou a guinada para um rock mais cru, primeiro passo para o som setentista. Hits: “Gimme Shelter” e “Love in Vain”.

É também o ano em que Jones é encontrado morto na piscina de sua casa, poucos dias depois de sua saída da banda.

ANOS 70
Em 1971, o álbum “Sticky Fingers” consolida a sonoridade stoniana nos anos 70. Hits: “Wild Horses” e “Brown Sugar”.

No ano seguinte, a banda lança o único álbum duplo de sua carreira: “Exile on Main Street”, uma mistura bem azeitada de rock, folk, country, blues e até rockabilly. É considerado por muitos como um dos melhores discos do grupo. Hits: “Rocks Off” e “Tumbling Dice”.

Em 1974, “It’s only rock’n’roll” marca a saída de Taylor e a entrada de Ronnie Wood (ex-Faces), que está até hoje na banda.

ANOS 80
Nos anos de 1980, os Stones gravam outro clássico: “Tattoo You” (1981). Vem desse disco o hit “Start me Up”. É um LP realizado com sobras de estúdio e canções não aproveitadas nos anos 70. Foram gravados novos vocais e overdubs para seu lançamento. Outro sucesso nas rádios é “Waiting on a Friend”.

Em 1986, “Dirty Work” é lançado entre brigas e uma quase separação. A regravação de “Harlem Shuffle” é o destaque. Disco dedicado a Ian Stewart, que morreu em 1985. Hit: “One hit (To the Body)”.

Formação mais longeva, com Charlie, Mick, Keith e Ronnie (Foto: Peter Morgan/Reuters)

BILL
Em 1992, Bill Wyman sai da banda com o intuito de explorar outros projetos. Mick Jagger não engoliu muito bem essa história. Dois anos depois, os Stones lançam “Voodoo Lounge”, primeiro sem o baixista, mas que recupera a velha e boa forma. Hit: “Love is Strong”. Curiosamente, a faixa “Thru and Thru” (na voz de Richards) seria redescoberta graças à inclusão na série de TV “Sopranos” (1999-2007).

Em 1995, os Stones lançam seu acústico, mas sem a grife da MTV. Trata-se de “Stripped”, com versões de clássicos do repertório e a regravação de “Like A Rolling Stone”, de Bob Dylan. O vídeo desta canção tocou à exaustão, numa época em que as pessoas se ligavam na programação da TV para conferir um vídeo.

“Bridges to Babylon”, de 1997, é um disco modesto. Mas mostra um esforço da banda em seguir em frente. Hits: “Saint of Me” e “Out of Control”.

HIATO
Os Stones teriam hiato com material de estúdio até 2005, quando lançaram o inédito “A Bigger Bang”. Depois, outro longo período de secura até o bluseiro “Blue & Lonesome”, em 2016, último álbum com Charlie Watts nas baquetas. Ele morreu em 2021, aos 80 anos de idade.

Saldo de 60 anos: 28 músicos fizeram parte dos Rolling Stones, 14 oficialmente e outros 14 de apoio. A banda vendeu mais de 300 milhões de álbuns e ainda fatura um incalculável número de milhões de dólares. Só de álbuns de estúdio, foram 27 trabalhos, conforme as contas do jornal O Estado de S.Paulo.

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