Os caminhos de Bruna Thimoteo

A artista guarapuavana, que vem trabalhando suas canções autorais desde 2019, se prepara para novos lançamentos em 2022 e a produção de seu primeiro álbum; ao CORREIO, ela fala sobre influências, processo de criação e o futuro

A bença mãe/ Que eu vou pro rio/ Pra ver se um dia/ Encontro o mar

Os primeiros versos de “Bênção da Travessia” dão o tom do momento artístico da cantora guarapuavana Bruna Thimoteo Freitas. Lançada em 10 de agosto de 2020, essa foi sua segunda música autoral – antes, em 2019, “A Grande Mãe” veio à tona.

O processo de descoberta musical, no entanto, levou algum tempo. Bruna conta que sua relação com a música começou quando ainda era criança, aos oito ou nove anos, quando sua voz foi revelada.

Seu canto passou a acontecer em festivais de igrejas, na escola e nos corais da cidade. Mais tarde, já adulta, fez aulas de piano e técnica vocal na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), com as professoras Sônia Cebulski e Eliana Neto Fialho, respectivamente.

“Depois disso, em paralelo eu tocava em alguns barzinhos da cidade, com várias pessoas e com repertório diverso. Desde pop internacional até MPB. Foi quando eu comecei a olhar de forma espiritual”, explica.

Bruna Thimoteo começou a praticar meditação aos 20 anos. Nessas vivências, seu canto começou a tocar as pessoas e ela percebeu que a música poderia ser um caminho profissional.

“Só que eu tinha muita vergonha, eu era uma pessoa muito tímida”, contando que tomou consciência da sua voz aos 24 anos e passou a olhá-la sob uma perspectiva diferente.

“Foi um processo de autoconhecimento bastante profundo para que eu pudesse tornar possível dentro da minha cabeça, primeiro, que seria possível trabalhar com isso. E também seguir esse chamado do meu coração. O que eu mais gosto de fazer é cantar. A composição é como eu retiro essas coisas que estão dentro de mim e trago para o mundo”, afirma.

https://youtu.be/RleLZ-EY7zo

CAMINHOS
De 2019 para 2020, há diferenças nos dois lançamentos da cantora; o primeiro dialoga com a música de reza, é um “abre caminhos” e chegou num momento de grande conexão com a terra, segundo a artista. Já “Bênção da Travessia” tem suas raízes na Música Popular Brasileira (MPB) e nos ritmos afrobrasileiros.

Esse é um caminho que Bruna Thimoteo parece acompanhar há bastante tempo, já que tem suas principais influências calcadas na música brasileira: Chico Buarque, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Ney Matogrosso – sobretudo num sentido de coragem e atrevimento. Além disso, ela cita o indie e as músicas afro-brasileiras.

“Tem influência na música do Brasil. Os ritmos brasileiros, o samba, o choro, o funk, o axé, vem dos ritmos de terreiro. Então, como brasileira, é claro que vou ter influência desses ritmos em mim e na minha música”, citando ainda sua pesquisa na música latina.

Já em relação à sua composição, ela diz que não possui uma rotina e que é fiel ao seu ciclo, à sua lunação. “Tem uma fase do meu ciclo que eu estou muito mais criativa e tem outra que não adianta que não sai nada. E eu respeito esses momentos, eu tenho respeitado muito minha ciclicidade na hora da criação”, conta a artista.

Citando um processo de “tentativa e erro”, Bruna diz que possui uma composição intuitiva e que trabalha muito com Preto Martins, que é seu produtor musical. “Mas é um processo bem orgânico, não dá para fazer muita formalidade, porque eu acho que aí não flui”.

APRESENTAÇÃO
O primeiro show da cantora ocorreu no final de 2021, em parceria com a escola de teatro curitibana Pé no Palco. Bruna conta que esse foi um momento artístico singular.

“As pessoas me receberam de braços abertos, corações abertos para receber essa música que estou ofertando”, diz. “Também, minha avó tinha falecido uma semana antes, então foi um momento bem intenso. No show eu estava entregue”.

CRIAÇÃO
O foco no autoral deve se refletir em novos lançamentos da guarapuavana nos próximos meses. Ainda no primeiro semestre, Bruna deve produzir um single junto com Érica Silva, produtora musical e baixista da banda Mulamba. Também, vai fazer uma participação numa música do artista Siul. “E vou lançar um single, que vai estar no álbum e se chama ‘Eu vou me assumir’, que provavelmente vai ter clipe”, explica Bruna.

O lançamento dessas produções, que irão culminar em seu primeiro álbum, terá um financiamento coletivo e uma “lojinha” para venda de produtos feitos por Bruna e por pessoas da sua convivência.

“Isso para que eu consiga financiar esses lançamentos, porque a produção de uma música, desde a criação até botar no mercado, existe bastante recurso”, acrescentando que a produção será feita pelo Preto Martins, que está presente em seus outros trabalhos.

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