Os 45 anos do hit ‘The Passenger’: conheça algumas versões

Composto por Iggy Pop e Ricky Gardiner, o hit “The Passenger” completa 45 anos de seu lançamento. É uma canção famosa pelo refrão ao sabor de vários “La la la la la la la la, la la”. Fez tanto sucesso que ganhou versões e releituras ao redor do mundo, incluindo o Brasil com quatro regravações do Capital Inicial

Se os Beatles são os “Reis do Iê, Iê, Iê”, o roqueiro Iggy Pop pode ser considerado o mestre do “La la la la la la la la, la la”.

Ele eternizou este recurso vocal em “The Passenger”, uma composição dele com Ricky Gardiner para o álbum “Lust for Life” (1977, RCA Records), segundo disco de estúdio da carreira solo de Iggy. Ou seja, há 45 anos.

Em resumo, a letra trata de um sujeito, o tal “passageiro”, que sai andando pelas ruas da cidade, vendo estrelas, céu…, enfim, a noite em seu estado puro. Claro que a canção trabalha com metáforas, criando uma ambientação tipicamente urbana e boêmia. Sem contar o riff de introdução que se tornou um clássico do rock.

Como é habitual numa música pop, o ponto alto é o refrão, quando Iggy diz com sua voz singular o famoso “Singin’ la la la la la la la la” (“Cantando la la la la la la la la”, em português).

“The Passenger” é uma das faixas mais conhecidas do repertório desse cantor/compositor que se tornou famoso primeiramente à frente do The Stooges, uma banda de proto-punk formada em 1967. Aliás, Iggy é um nome seminal do estilo.

Segundo O Estado de S.Paulo, de 14 de junho de 2017, essa canção nasceu na fase em que o astro morou em Berlim (Alemanha) com seu amigo David Bowie, ao final dos anos de 1970. Segundo o engenheiro de som Eduard Meyer, em 1976 o Jim Newell Osterberg Jr. (nome verdadeiro de Iggy) se deitava num canto do estúdio e escrevia num caderninho as letras de canções que seriam aproveitadas em “Lust for Life”, no ano seguinte. “Ali nasceu uma de suas músicas ‘The Passenger’, inspirada pelas viagens de Iggy pelos metrôs e trens de Berlim”, diz o texto da reportagem.

O estilo envolvente dessa canção do “La la la la la la la la, la la” provocou o surgimento de covers e releituras mundo afora. Em bom português, o Capital Inicial a regravou em 1991 para o disco “Eletricidade” (BMG-Ariola). A versão feita por Dinho Ouro Preto (vocalista da banda) e Bozzo Barretti (então tecladista e arranjador) ganhou o nome de “O Passageiro” e fez muito sucesso nesse quinto álbum de estúdio do grupo brasiliense.

À época, o Capital estrelou um clipe da canção com estética de “sujeira” e belicosidade, tematizando uma noite urbana e cheia de significados. Já o áudio tem uma pegada mais pop, em ritmo crescente. Repare no riff de abertura, com um timbre de guitarra típico da época.

Em 1996, com Murilo Lima no lugar de Dinho, a banda gravou “O Passageiro” numa versão mais pesada, no registro independente “Capital Inicial: Ao Vivo”.

Com a volta do Dinho, curiosamente o Capital recriou “O Passageiro” para o Acústico MTV (Abril Music) do ano de 2000. Desta vez, a canção ganhou um andamento mais lento dentro de uma atmosfera etérea. O Capital conseguiu fazer uma gravação original, que ficou melhor do que o material de 1991. Inclusive, o “La la la la la la la la, la la” ficou mais “pausado”. Ponto para a banda de Brasília.

E, agora em 2022, os atuais integrantes (Dinho, Yves Passarell, Flávio Lemos e Fê Lemos) fizeram mais uma versão em português do clássico de Iggy Pop. Mas com a roqueira Pitty dividindo os vocais do single dentro do projeto “Capital Inicial 4.0”. No canal oficial do Capital no YouTube, são mais de 236 mil views (até dia 1ª/set).

SEM ‘LA LA LA’
Rompendo o padrão “iggypopiano”, duas versões na música internacional não têm o refrão com “La la la la la la la la, la la”.

Claro, uma delas é instrumental, feita pela The Bach & Roll Orchestra para o álbum “The Ultimate Orchestral Rock Anthems” (2012, San Juan Music). Na verdade, é um cover orquestral, com a presença marcante das guitarras. O disco todo é repleto de versões de hits do pop/rock, como é o caso de “Back in Black” e “Dreams”.

Porém, o “The Passenger” mais original é a faixa presente no álbum “Hôtel Costes 15” (2011, Wagram Music), do DJ, músico, compositor e produtor musical francês Stéphane Pompougnac. Ele é famoso por ter feito a coleção Lounge chamada “Hôtel Costes”, remisturando músicas diversas. Ou seja, no volume 15 da série tem a sua versão para Iggy, mas sem a onipresente “La la la la la la la la, la la”; é um remix ao piano e ritmo cadenciado, em faixa do DJ e remixer Kid Loco.

MAIS
Mas já imaginou “The Passenger” jazzístico? Pois é, Dinah Eastwood fez isso no volume 2 da coletânea “Jazz Sexiest Ladies” (2019, MIS).

Por sua vez, as garotas da banda Lunachicks enveredaram para o rock pesado e acelerado em sua releitura punker, que está no disco duplo “The Iggy Pop Tribute: We Will Fall” dos anos 90 (Royality Record), ou seja, reunião de vários intérpretes para dar sua cara ao repertório do homenageado.

E, claro, não poderia deixar de fora o trabalho da Siouxsie and The Banshees, banda inglesa pioneira do pós-punk. Eles fizeram “The Passenger” de um jeito muito especial, com guitarras distorcidas e adição de arranjos de metais tocados por Pete Thoms e Luke Tunney. Está no disco “Through the Looking Glass” (1987, Polydor), oitavo álbum de estúdio repleto de covers.

Dizem que Iggy Pop gostou do modo como Siouxsie Sioux interpreta a música. “Ela canta bem e ela jogou uma pequena nota quando ela canta, que eu gostaria de ter pensado”, teria dito o astro.

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