Nova edição de ‘Macunaíma’ reproduz projeto gráfico de 1937

Livro publicado originalmente em 1928 é um marco na história da literatura brasileira. Foram muitas as perspectivas utilizadas por Mário de Andrade na construção de uma linguagem singular

No ano em que a Semana de Arte Moderna de 1922 completa seu centenário, a editora Record apresenta um projeto editorial especial do livro “Macunaíma – o herói sem nenhum caráter” (1928).

Trata-se da reprodução do volume lançado pela antiga Livraria José Olympio Editora em 1937, quando da segunda edição da rapsódia produzida por Mário de Andrade, um dos fundadores do modernismo no Brasil e presença marcante na Semana de 22.

Programado para ser lançado no próximo dia 31 de janeiro, o novo livro reproduz o clássico projeto gráfico de 1937, com arte de Thomaz Santa Rosa, icônico artista visual responsável pelos livros da antiga José Olympio (hoje um selo da Record) nos anos de 1930 e 1940. E também mantém a característica escrita de Andrade.
⠀⠀
“Macunaíma” é um marco na história da literatura brasileira. Foram muitas as perspectivas utilizadas por Mário de Andrade na construção dessa linguagem singular, pois ele se valeu de sua ampla visão da cultura popular para criar o personagem-título – Macunaíma foi forjado a partir de lendas indígenas e populares, colagens de histórias, mitos e modos de vida que, nele somados, deram existência a um tipo brasileiro ideal. Um ser mágico, debochado e zombeteiro, que viaja pelo país – de Roraima a São Paulo, descendo o rio Araguaia, do Paraná aos pampas, até chegar ao Rio de Janeiro –, acompanhado de seus irmãos, Jiguê e Maanape, numa aventura para recuperar seu amuleto perdido: a muiraquitã.

A importância de Macunaíma para a cultura brasileira é imensurável. Em 1969, o filme homônimo dirigido por Joaquim Pedro de Andrade trouxe dois protagonistas: Grande Otelo, o Macunaíma negro; e Paulo José, o Macunaíma branco. No Carnaval de 1975, a Portela levou à avenida o samba-enredo “Macunaíma – herói de nossa gente”, puxado por Silvinho da Portela, Clara Nunes e Candeia.

Em 2019, “Macunaíma – uma rapsódia musical” foi uma das peças mais elogiadas da temporada de teatro.

Cena do filme de Joaquim Pedro de Andrade com Grande Otelo no papel principal (Foto: Reprodução)

AUTOR
Mário de Andrade (1893-1945) foi poeta, prosador, ensaísta, pesquisador e gestor cultural. Seu segundo livro de poemas, “Pauliceia desvairada” (1922), é reconhecido como um dos percursores do modernismo no Brasil. Foi também um dos organizadores da Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, em 1922.

Andrade tinha especial interesse pela cultura popular, principalmente pela música, motivo que o fez viajar por boa parte do país – dos limites da Amazônia peruana à Paraíba. Sua morte repentina, em 1945, e as disputas políticas da época colaboraram para que seu reconhecimento não tenha sido imediato.

A justa homenagem à vida desse grande pensador brasileiro chegou anos depois, em 1960, quando a Bibliotheca Municipal de São Paulo foi rebatizada para Biblioteca Mário de Andrade – instituição que reúne um dos acervos bibliográficos mais importantes da América Latina.

SERVIÇO
A edição especial de “Macunaíma” (127 páginas, José Olympio) está em fase de pré-venda em sites e livrarias online. Preço sugerido: R$ 44,9.

Deixe um comentário