Encadernado reúne fase dos X-Men escrita por Chris Claremont

Editora Panini publicou “X-Men: Guerras Asgardianas” (tradução de Mario Luiz C. Barroso, com adaptação de Rodrigo Oliveira), uma edição capa dura com 248 páginas que reúne a minissérie “Guerras Asgardianas” feita por Claremont (roteiros) e Paul Smith (arte). Além de duas outras histórias complementares com desenhos de Arthur Adams

O escritor Chris Claremont gostava de criar tramas recheadas de dramas familiares. Era um verdadeiro novelão. Mas não era para ser exibido no horário nobre da televisão.

Claremont ficou famoso por desenvolver roteiros de HQs, principalmente para a Marvel Comics nos anos de 1970/80. Por incrível que pareça, eram histórias regadas de “casos de família” no subgênero de super-heróis. E de muito sucesso.

Ao longo de 16 anos (1976-1991), ele escreveu tramas que marcaram os X-Men, grupo de mutantes que todo marvete conhece. Seu estilo de narrativa virou referência e estabeleceu a mitologia dos heróis orientados pelo professor Charles Xavier.

No Brasil, parte desse trabalho foi publicado nas revistas de linha e em especiais, nos anos 80 e 90, da editora Abril. Não faz muito tempo, a Panini publicou “X-Men: Guerras Asgardianas” (tradução de Mario Luiz C. Barroso, com adaptação de Rodrigo Oliveira), uma edição capa dura com 248 páginas que reúne a minissérie “Guerras Asgardianas” feita por Claremont (roteiros) e Paul Smith (arte). Além de duas outras histórias complementares com desenhos de Arthur Adams.

Originalmente, esse material saiu em “X-Men and Alpha Flight” 1-2, “New Mutants Special Edition” 1 e “Uncanny X-Men Annual (1970)” 9. São aventuras lançadas no mercado norte-americano entre dezembro de 1985 e janeiro de 1986.

Ou seja, o especial da Panini abarca o trabalho desenvolvido por Claremont nos mutantes da Marvel – a fase áurea seria ao lado do desenhista John Byrne, anos antes. O roteirista explora questões familiares (paternidade, relacionamentos amorosos), ação e as maquinações de Loki, o Deus da Trapaça. Como o nome diz, “Guerras Asgardianas”, é um arco que se passa ora em Asgard, terra de Thor, ora sob a influência dos deuses.

Reprodução da capa da edição original norte-americana com parte das HQs (Arte: Arthur Adams e Terry Austin)

TRAMA
No Círculo Polar Ártico, os X-Men e a Tropa Alfa encontram um poder capaz de salvar o mundo… ao custo de destruir algo muito importante. Mas tal custo deixa de ser importante quando o poder se revela como sendo um presente de Loki, que não gosta nem um pouco quando suas dádivas são devolvidas.

E quando o Deus das Trapaças perde algo que lhe é caro, ele decide que um erro justifica o outro e direciona sua magia contra os X-Men, mas acaba topando com os Novos Mutantes, que se envolvem em uma enrascada asgardiana. Os Filhos do Átomo correm para o resgate.

PACTO
Na primeira metade do volume publicado pela Panini, os X-Men – formados por Wolverine, Ciclope, Vampira, Lince Negra, Colossus, Noturno e Rachel – precisam lidar com um local encantado, localizado no Canadá, onde os desejos se realizam. É como se fosse a “Ilha da Fantasia”.

Mas tudo não passa de um estratagema de Loki, que propõe um pacto faustiano aos personagens. Ao custo de perderem a capacidade de criar e imaginar, o lado especial do ser humano, eles (mais a Tropa Alfa e alguns coadjuvantes) podem eliminar seus pontos fracos e ganhar poderes. Tornam-se entidades quase divinas.

“Quem é transformado pela fonte ganha poderes jamais sonhados… mas, no processo, perde a capacidade de sonhar… esses aspecto transcendental.. que nos torna humanos”, diz Talismã, no momento de maior tensão da narrativa.

Paralelamente, Claremont põe aquele tempero especial, que é o drama familiar. Por exemplo, Rachel Summers, que veio do futuro em outra linha cronológica, quer se acertar com seu pai Scott Summers, o Ciclope. Mas ele não sabe dessa paternidade.

Aliás, durante a aventura Scott descobre que será pai de um menino, fruto do relacionamento com Madelyne. Isto torna ainda mais dramática a situação de Rachel, pois ela seria a filha deles no futuro. Mas o casal terá um menino.

Bom, esse é só um gostinho dos “casos de família” que tanto Claremont gostava de explorar nas HQs dos X-Men e que fizeram sucesso entre os leitores.

GÊNESE
Na “Introdução” do volume da Panini, Chris Claremont, em texto de 1988, conta sobre a gênese do material, relembrando da época em que começou a ler os quadrinhos da Marvel produzidos por Stan Lee e Jack Kirby, nos anos de 1960. Um dos personagens marcantes era Thor, o Deus do Trovão, e a terra de Asgard.

“E, à medida que Stan e Jack desenvolviam os mitos Asgardianos – nas próprias histórias de Thor e na ocasional “Tales of Asgard” -, ficava cada vez mais fascinante para mim como leitor e, mais tarde, escritor”, diz o roteirista, que anos depois começou a escrever as histórias dos X-Men. Ele destaca que sempre foi guiado pela diversão em contar essas aventuras.

Já as HQs de “Guerras Asgardianas” surgiram de uma ideia da Marvel em juntar novamente John Byrne e Claremont. Mas o desenhista não pôde participar do projeto, entrando em seu lugar Paul Smith e, depois, Art Adams.

O escritor se recorda que foi um processo trabalhoso na produção do material, principalmente na segunda parte. “Então, nos propusemos a trabalhar; um par de histórias realmente bacanas sendo desenhadas por dois dos melhores do ramo hoje. X-Men, Tropa Alfa, Loki, deuses antigos, deuses novos, feitiços antigos, maldições mais antigas ainda, poderes conquistados, amor, morte, política, desonra, trolls, elfos negros, feitiçaria, angústia, apoteose, tragédia e triunfo”.

Foto: Reprodução

SERVIÇO
O volume “X-Men: Guerras Asgardianas” pode ser adquirido na Loja da Panini, a R$ 89,90.

Deixe um comentário