Editora Brasa lança campanha de financiamento coletivo para a adaptação em quadrinhos de ‘Barrela’ (Plínio Marcos)

Após publicar “Brega Story”, de Gidalti Jr., e “Lovistori”, de S. Lobo e Alcimar Frazão, a Brasa dá início à coleção Plinião em Quadrinhos, que pretende publicar toda a obra do dramaturgo Plínio Marcos em quadrinhos. “Barrela” terá o traço de João Pinheiro

Pela primeira vez, a obra “Barrela”, estreia do dramaturgo Plínio Marcos, é adaptada para o universo dos quadrinhos. Nesta sexta-feira (11 mar 2022), a editora Brasa lançou a campanha de financiamento coletivo do livro no Catarse (https://www.catarse.me/barrela).

Após publicar “Brega Story”, de Gidalti Jr., e “Lovistori”, de S. Lobo e Alcimar Frazão, a Brasa dá início à coleção Plinião em Quadrinhos, que pretende publicar toda a obra do dramaturgo Plínio Marcos em quadrinhos.

“Barrela”, o primeiro texto escrito por Plínio, será também o primeiro romance gráfico da coleção, no traço de João Pinheiro. “O preto e branco duro e expressivo, o olhar social e a linguagem periférica beat de João Pinheiro deram vida aos encarcerados Portuga, Bereco, Bahia, Tirica, Fumaça, Louco e Garoto”, diz a campanha.

Filho do dramaturgo, Kiko Barros diz que sempre se atraiu pela ideia de publicar o teatro de Plínio Marcos em quadrinhos. “Entendo que minha função enquanto representante legal e filho do Plínio é disponibilizar a obra e, fazendo dessa forma que estamos propondo, dando espaço para o quadrinista se expressar de acordo com os seus sentimentos e percepções, teve um resultado muito bom”.

“A adaptação para os quadrinhos não é uma simples transmissão de uma linguagem para outra”, afirma João Pinheiro, “ela não se dá automaticamente, porque os meios do teatro e da literatura são específicos, diferentes dos quadrinhos. O maior desafio foi criar uma obra nova a partir da obra do Plínio, mas claro, respeitando todo o texto, pois decidimos colocar ele completo, sem edição. Cortar um trecho seria como cortar um membro de um ser vivo, porque eu acho que é um texto perfeito”.

Ainda atual, “Barrela” é uma denúncia do descaso e da violência do sistema carcerário nacional.

O próprio Plínio conta o que o moveu para escrever a peça, em 1958. “Houve um caso, em Santos, que me chocou profundamente: um garoto foi preso por uma besteira e, na cadeia, foi currado. Quando saiu, matou quatro dos caras que estavam com ele na cela. Fiquei tão chocado com esse negócio todo que escrevi a Barrela”.

Esta publicação está sendo realizada com apoio do ProAC Quadrinhos nº 22/2020 da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

(Foto: Divulgação)

FORMATO
A versão em quadrinhos de “Barrela” terá formato 155 x 230 mm, 128 páginas, capa brochura, preto e branco.

TEXTO
O texto de “Barrela” completou 60 anos em 2019, contando desde a primeira apresentação, em novembro de 1959. Ficou censurado por mais de vinte anos e só pode ser montado novamente em meados de 1980, quando a obra de Plínio Marcos foi liberada. Entretanto, desde 1979 era clandestinamente apresentada pelo grupo O Bando, em sessões à meia-noite, no porão do Teatro Brasileiro de Comédia, espaço cedido pelo ator e diretor Antônio Abujamra.

PLÍNIO MARCOS
Autor de grandes clássicos da dramaturgia brasileira, como “Abajur Lilás”, “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, “Navalha na Carne”, entre outros. Perseguido pela ditadura e posteriormente ignorado pela mídia, Plínio Marcos (1935-1999) foi um dos escritores mais censurados do Brasil e devido às temáticas sociais do seu repertório e aos diálogos naturalistas, ganhou, da classe média, a alcunha de escritor maldito, já que tratava de dar voz aos excluídos da sociedade, que regularmente não são representados na dramaturgia burguesa brasileira.

JOÃO PINHEIRO
João Pinheiro é artista visual e um dos quadrinistas mais interessantes da atualidade. Seus quadrinhos já foram publicados na Turquia e na França. Autor dos romances gráficos “Kerouac”, Devir, 2011; “Burroughs”, Veneta, 2015; coautor de incensado “Carolina”, em parceria com Sirlene Barbosa, Veneta, 2016.

EDITORA
A Brasa Editora (www.brasaeditora.com.br) é um selo de quadrinhos brasileiros, que publica histórias sobre o Brasil para leitores brasileiros. Do Oiapoque ao Chuí. Da periferia ao centro. Do mar ao sertão. E vice-versa.

Os primeiros títulos da editora, lançados juntos em novembro de 2019, foram “Brega Story”, de Gidalti Jr., e “Lovistori”, de S. Lobo e Alcimar Frazão. Ambos foram aclamados com entusiasmo por público e crítica. Lobo, com passagem nas editoras Desiderata e Barba Negra, assume a cadeira de editor da Brasa.

Deixe um comentário