‘Arte no Liquidificador’ misturou diferentes linguagens na edição de 2023

Em edição homenageando o movimento da Tropicália, o “Arte no Liquidificador” ocorreu no último fim de semana, dias 19 e 20 de agosto, em Guarapuava, no Magnum – Bar e Café. Como é de praxe, o festival pôs no mesmo cardápio cultural as atrações em música, dança, performances, desenho, fotografia, artesanato e teatro

Misturando linguagens culturais como música, dança, performances, desenho, fotografia, artesanato e teatro, a edição 2023 – Tropicália do “Arte no Liquidificador” resultou em um produto diversificado e saboroso para Guarapuava.

Aliás, o festival preenche há três anos uma lacuna na cidade por atrações com esse perfil. No último fim de semana, dias 19 e 20 de agosto, o Arte ocorreu no Magnum – Bar e Café, iniciando à tarde e indo até o período noturno.

“A proposta do Arte sempre foi realmente você colocar todas as linguagens no liquidificador e ver o que que dá”, diz uma das organizadoras do festival, a professora e artista Bruna Cybulski, em entrevista ao CORREIO, no primeiro dia do evento. “A gente sempre pensou em fazer algo que trouxesse as artes visuais, trouxesse a música, trouxesse a corporeidade… e isso, pra gente, é muito importante, é muito gratificante”.

A edição Tropicália sucede as realizações de 2021 e 2022, sempre em um bar diferente. A estreia ocorreu no Esconderijo e mobilizou público em torno de 300 pessoas. “Foi uma grande surpresa pra gente”, recorda Cybulski, acrescentando que durou apenas um dia, iniciando no período da tarde; mas sempre com a proposta de conjugar várias áreas artísticas.

A diferença é que a gastronomia foi inclusa em 2022, pois o tema era festas juninas, no Vênus Bar, com média de 300 pessoas; e, em 2023, as comidinhas entrarem de vez no cardápio. Mais do que isso, o festival ampliou para dois dias, com bancas de expositores e palco para os shows e performances, tudo ao vivo.

Público presente ao evento, conferindo as bancas de expositores (Foto: Cristiano Martinez)

TEMA
Bruna Cybulski explica que, em 2023, a organização do festival quis fazer uma temática voltada mais para as artes, homenageando a Tropicália. “Por ser um movimento artístico brasileiro. Eu acho que a gente tem de valorizar os artistas marginais, aqueles artistas que fizeram muito pela arte brasileira e nem sempre eles estão presentes”.

Segundo ela, a inspiração principal foi no pintor, escultor, artista plástico e performático Hélio Oiticica (1937-1980) e sua obra “Tropicália”, que serviu de base para o movimento homônimo que veio posteriormente. “Acho que ele [Oiticica] atravessa a gente nas nossas obras, tanto coletivas quanto sozinhas”.

Um detalhe é que várias instalações artísticas foram espalhadas pelo Magnum, inspiradas em Oiticica e nos artistas da Tropicália.

CURADORIA
Membro da comissão organizadora e também performática, Andressa Santos Oliveira explica que a escolha das atrações do “Arte no Liquidificador” de 2023 foi democrática, com prazo de inscrições aberto para que os artistas participassem do evento. “É uma forma de democratizar a arte em Guarapuava”, frisando que a procura foi grande.

“A gente procura abrigar vários artistas no mesmo rolê. E a gente, com essa parceria com a diversidade, é óbvio que vai ter bastante estilo musical e vários estilos de arte visual, e não só de música”, complementa Eduarda Roth, a terceira integrante da organização e também professora e artista. “É necessário que haja esse espaço para que a gente possa dar oportunidade para vários artistas, fora de uma bolha”.

Segundo Roth, as vendas de obras artísticas nas banquinhas costumam ser positivas, levando em conta as edições de 2021 e 2022 (a de 2023 ainda teria de passar por um balanço final).

Clayton Silva, vocalista da banda Nas Canelas de Josué (Foto: Cristiano Martinez)

BANDA
No set up musical de 2023, predominou o ecletismo sonoro, com punk/rock, som autoral, MPB, pop/rock, baião, xote, reggae etc.

Uma das bandas que se apresentou no sábado (19) foi a Hastes Flexíveis, formada há apenas dois meses em Guarapuava e em seu sexto show. “É sempre muito bom tocar no meio do pessoal que faz arte. Não é só a gente tocando, é o pessoal expondo, tatuando. É muito bom fazer parte desse movimento, dessa cena”, disse o vocalista e guitarrista canhoto Pedro, em conversa com a reportagem após a apresentação. No palco, rolou até a quebra de uma corda de sua guitar; mas nada que impedisse a continuação do som.

Além dele, o grupo tem o baterista/baixista Doug, a baixista/baterista Maria e o guitarrista solo Marcos. Segundo o vocalista, a proposta do Hastes Flexíveis é tocar uma forma diferente de rock, que seja mais dançante, mais alternativo e pop. “É fazer a galera se divertir, dança”, acrescentando que, em breve, o projeto pretende fazer som autoral, com canções próprias.

PRÓXIMA
Para a próxima edição do “Arte no Liquidificador”, as três organizadoras estudam a possibilidade de alugar um espaço maior, tendo em vista a proporção tomada pelo festival, tanto em público quanto diversidade de atrações.

Inclusive, pode pintar um artista convidado de fora. “Mas tudo isso a gente vai mudando, as ideias vão fluindo e a gente vai fazendo como a gente consegue e pode”, diz Eduarda Roth, explicando que a próxima edição do evento tem chance de ocorrer ainda em 2023, mas tudo dependerá da agenda.

Acompanha o evento em seu perfil no Instagram (AQUI).

PARCERIAS
Sem patrocinadores, mas com parcerias, o “Arte no Liquidificador” 2023 ganhou o palco do Departamento de Arte (Deart) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro); e, da Diretoria de Cultura (Dirc)/Unicentro, a cessão dos expositores.

Deixe um comentário